O Observatório do Futebol do Centro Internacional de Estudos de Esporte (CIES, sigla em inglês) ranqueou os times do Campeonato Brasileiro com mais trocas de atletas entre 2015 e 2019. O Bahia aparece na lista na segunda posição de mais rotatividade. Até o momento, 132 jogadores passaram pelo Tricolor nestes cinco anos. Quem lidera o ranking é o Goías, com 143 atletas. Na américa do Sul, quem tem o recorde de trocas é o Deportivo Pasto, da Colômbia, com 176 atletas neste período.
Os times sul-americanos encabeçam o ranking: são 14 entre os 20 primeiros - Bahia (132) e Avaí (131) também integram esse top-20.
"O relatório mostra, claramente, quem é quem no ecossistema de cada país e no futebol mundial", explica à Agência Brasil o professor da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE-USP), Ary Rocco Júnior. "Esses clubes que lideram a lista não são de grande poderio econômico, mas são menores do ponto de vista financeiro. A rotatividade nos elencos é alta porque são times que fornecem atletas a clubes mais ricos do próprio país, e até do resto do continente, no caso específico da Colômbia, ou para outros centros esportivos. Europa, de forma geral", descreve.
De fato, Palmeiras (91), Flamengo (92) e Corinthians (93) - justamente os campeões das últimas cinco edições do Brasileirão - são os clubes do país que menos jogadores diferentes utilizaram no período. "A gente vê que os times de maior rotatividade são os que não têm uma clara pretensão de ganhar campeonatos nacionais, então, sobrevivem da venda de atletas. Um atleta aparece e rapidamente é vendido. Isso justifica Palmeiras ou Flamengo terem uma variação menor. Reflete o posicionamento das agremiações", avalia Rocco Júnior, que também é diretor de Relações Institucionais da Associação Brasileira de Gestão do Esporte (Abragesp).
Cenário Mundial
Entre 87 ligas de primeira divisão do mundo, o Campeonato Brasileiro aparece como o terceiro em que os clubes mais utilizam jogadores diferentes numa mesma temporada. Segundo o levantamento, cada time que disputou a Série A nacional no último ano mandou a campo, em média, mais de 35 atletas (35,55). A rotatividade no Brasileirão só é superada pelas registradas nas ligas paraguaia (38,72) e jamaicana (36,40).
A rotatividade nas principais equipes brasileiras, porém, ainda é bem superior a de clubes grandes, ou mesmo medianos do futebol europeu, que estão na outra ponta do estudo. "O Brasil, hoje, é exportador de jogadores para a Europa, que é muito mais estruturada em gestão e que vê o futebol como negócio há bem mais tempo. Mesmo Flamengo ou Palmeiras ainda precisam vender atletas para recompor as finanças", analisa o professor. Ele destaca aindao Shangai SIPG (China) que apresentou menor alternância no elenco entre 2015 e 2019: 44 atletas, de acordo com o levantamento do CIES.
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