segunda-feira, 8 de maio de 2017

Lula Monstrinho… sucesso, bastidores e desencontros



O goleiro Lula sofreu pela indiferença daqueles que se escondem nos bastidores de seus gabinetes. São os mal falados “cartolas”, que abreviam ou mesmo liquidam com a trajetória de verdadeiros talentos do mundo da bola.
Lula foi dispensado da Seleção Brasileira em 1969, pouco depois das eliminatórias da Copa do México.
Em depoimento publicado na revista Placar, Lula disse que só ficou sabendo de sua dispensa da seleção através dos jornais e revistas da época.
Mas o descaso não parou na falta de consideração da CBD. Quando precisou deixar o Corinthians em 1970, Lula tomou uma verdadeira “canseira” dos dirigentes envolvidos naquela transação.
Sem alternativas, o goleiro precisou manter a forma física nos treinamentos enquanto aguardava por uma notícia concreta.

Lula na Seleção Brasileira. Crédito: revista Veja.
Luís dos Santos Costa, o goleiro Lula, nasceu na cidade de Maceió (AL), no dia 16 de janeiro de 1942.
No final dos anos cinqüenta, suas defesas milagrosas já eram conhecidas nas peladas de Maceió e depois pelo modesto time do Ourícuri.
Contratado pelo CSA (Centro Sportivo Alagoano) em 1960, Lula não permaneceu por muito tempo. No últimos meses de 1961 seu passe foi negociado com o Clube Náutico Capibaribe.
Lula era uma das estrelas do Náutico nos anos sessenta, quando o “Timbu” mandou no futebol pernambucano e foi hexacampeão estadual no período compreendido entre os anos de 1963 e 1968.
O time era tão bom que seus craques ficaram conhecidos como “Os intocáveis”. E não era para menos! Com com jogadores como Gernan, Salomão, Coronel, Bita, Nado e Rinaldo, o Náutico contou com uma das melhores safras da história do clube.

Lula, em destaque, começando sua carreira no CSA de Alagoas. Crédito: site do Milton Neves.

Lula no Náutico. Crédito: site do Milton Neves.
Como todo grande time começa por um grande goleiro, aquela fase de ouro do Náutico se deve muito ao desempenho de Lula, que ficou conhecido como “Lula Monstrinho”.
Além do domínio no cenário pernambucano, os rapazes do Náutico foram a grande sensação na Taça Brasil de 1967.
No transcorrer da Taça Brasil, Lula escreveu capítulos de fama quando praticamente segurou os dois grandes times de Minas Gerais.
Primeiro, o Náutico desclassificou o Atlético Mineiro nas quartas de final. Nas semifinais, o Cruzeiro, que tinha surpreendido o poderoso Santos em 1966, não contava com os milagres do jovem goleiro alagoano e também acabou eliminado.
Com grande campanha, o Náutico do técnico Duque chegou ao honroso vice-campeonato da Taça Brasil, quando fez o forte Palmeiras suar em sacrifício para levar o título para o Parque Antártica.

Lula em partida contra o Sport em 1964. Crédito: robertoblogdo.blogspot.com.br.

Jogando pelo Náutico, Lula segura o Palmeiras. Crédito: robertoblogdo.blogspot.com.br.
A performance do jovem guarda metas logo despertou o interesse das grandes equipes do eixo Rio São Paulo. Dessa forma, o Sport Club Corinthians Paulista pagou o preço e fechou o negócio em 1968.
Lula chegou ao Parque São Jorge com status de um dos melhores goleiros do Brasil, tanto que defendeu o escrete nas eliminatórias para o mundial de 1970.
Com o crescimento do gaúcho Diogo e a chegada do jovem catarinense Ado, Lula não conseguiu mais reencontrar o seu caminho no Corinthians.
No findar de 1969, dois clubes pernambucanos travaram uma verdadeira batalha burocrática pelo passe do goleiro do Corinthians e da Seleção Brasileira.

Lula e Valdir Joaquim de Moraes nesta capa da revista do Esporte número 412 – Janeiro de 1967.
Começou então uma verdadeira novela pelos direitos federativos do goleiro. Foram dias de espera e muita incerteza!
O Náutico alegava possuir um documento assinado por Idel Aronis, diretor de futebol do Corinthians, o qual oferecia Lula por empréstimo.
O Sport Recife também afirmava ter em mãos um papel assinado pelo mesmo diretor, que fixava o passe de Lula em 370.000 cruzeiros em troca do ponta de lança Duda.
O Corinthians, no entanto, não reconhecia nenhum dos documentos acima mencionados. Assim, Lula seguia treinando enquanto essa pendência jurídica não era resolvida.

Crédito: albumefigurinhas.no.comunidades.net.

Lula em partida contra o Botafogo no inacabado estádio do Morumbi em 1968. Crédito: revista do Esporte número 508.
Finalmente, em 1970, o goleiro deixou a cidade de São Paulo com o passe ainda preso ao Corinthians e foi defender o Sport Recife.
No Parque São Jorge, entre 1968 e 1970, Lula realizou grandes partidas e também tinha tudo para dar certo no futebol paulista. Mas, algumas contusões foram determinantes em sua caminhada.
Ao todo, foram 59 partidas disputadas e 60 gols sofridos. Os números foram publicados pelo reconhecido Almanaque do Corinthians, de autoria de Celso Dario Unzelte.
O acerto final na situação de Lula aconteceu em razão de manobras de bastidores do diretor do Sport Recife, Rubem Moreira, junto aos homens da federação pernambucana e da CBD.

Crédito: site do Milton Neves.

O Corinthians no Morumbi em 1969. Em pé: Ditão, Luís Carlos, Dirceu Alves, Pedro Rodrigues, Lidu e Lula. Agachados: Paulo Borges, Tales, Benê, Rivellino e Eduardo. Crédito: revista Placar.
Lula jogou pelo Sport Recife e depois retornou ao mesmo Náutico para disputar o campeonato estadual de 1972.
Com o agravamento dos problemas em sua coluna, Lula encerrou sua carreira após essa segunda passagem pelo Náutico.
Decepcionado com os rumos de sua carreira, Lula deixou o futebol profissional e raramente era visto em debaixo das traves, mesmo nos encontros entre amigos.
Luís dos Santos Costa faleceu no dia 26 de dezembro de 2014, aos 72 anos de idade, vítima de câncer na garganta.

Crédito: revista Placar – 26 de março de 1971.

Crédito: revista Placar – 26 de março de 1971.
Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (por Franklin Campos), revista do Esporte, revista Veja, site do Milton Neves, nauticonet.com.br, onordeste.com, robertoblogdo.blogspot.com.br, campeoesdofutebol.com.br, scratchcorinthiano.blogspot.com.br, albumefigurinhas.no.comunidades.net, Almanaque do Corinthians – Celso Dario Unzelte.

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