Ele não precisou mais do que sete segundos para balançar o barbante do Vasco da Gama e deixar o seu nome gravado para sempre na história do Palmeiras e do estádio do Maracanã.
Falamos hoje de Gildo Cunha do Nascimento, o “Gildo Bala”, nascido no dia 13 de novembro de 1939, em Ribeirão (PE).
Depois de perambular por um bom tempo em algumas equipes do futebol amador de Pernambuco e região, Gildo foi encaminhado para o Santa Cruz no findar de 1956.
Dotado de um arranque espetacular, fintas insinuantes e muita facilidade para chegar na linha de fundo, Gildo foi aproveitado no time de Aspirantes e logo em seguida chegou ao elenco de profissionais.
Em 1960 três grandes clubes do futebol brasileiro travaram uma disputa acirrada para contar com o futebol do ponta pernambucano: Palmeiras, Santos e Fluminense.
Com Santos e Palmeiras travando uma espécie de “briga regional” pelos direitos do atacante, o time carioca se aproveitou e saiu na frente acertando os detalhes com os diretores do Santa Cruz.
Entretanto, antes de embarcar para o Rio de Janeiro, Gildo finalmente tomou conhecimento que seu salário nas Laranjeiras seria exatamente 34.000 cruzeiros.
Isso representava menos do que recebia no Santa Cruz. Como achou o valor baixo demais para o trabalho de arrumar sua mudança e trocar de cidade, Gildo preferiu permanecer no Arruda.
Então, o Palmeiras retomou forte em suas negociações e ofereceu 3 milhões pelo passe e mais 60.000 cruzeiros de salário mensal, fora o pagamento de bichos e premiações.
Dessa forma, Gildo esqueceu os encantos do Rio de Janeiro e preparou suas malas para São Paulo. Jogando pelo quadro esmeraldino Gildo conseguiu seu primeiro título paulista em 1963.
Ao lado de Julinho Botelho, Servílio, Ademar Pantera, Tupãzinho, Rinaldo, Vavá e o jovem Ademir da Guia, Gildo formou grandes linhas ofensivas.
Em 7 de março de 1965, Gildo ficou conhecido como “Gildo Bala”. O ponteiro escreveu seu nome na galeria dos imortais do futebol quando marcou o gol mais rápido da história do Maracanã.
Diante de um público surpreso, Gildo balançou o barbante do Vasco da Gama logo aos sete segundos do primeiro tempo.
A jogada começou nos pés de Ademir da Guia, que entregou a bola para Djalma Santos que prontamente lançou em profundidade. Rápido, Gildo recebeu o couro e emendou contra a meta cruzmaltina.
Na época, os jornais publicaram tempos diferentes em suas edições. A súmula oficial do jogo não registra com quantos segundos o gol foi marcado, sobrando apenas confiar na interpretação dos profissionais que trabalharam naquela partida.
O jogo, válido pelo Torneio Rio-São Paulo, terminou com vitória do Palmeiras pela elástica contagem de 4×1.
7 de março de 1965 – Torneio Rio-São Paulo – Vasco da Gama 1×4 Palmeiras – Estádio do Maracanã – Árbitro: Armando Marques – Público: 35.235 – Gols: Gildo aos 7 segundos, Tupãzinho aos 42‘ e 52‘, Célio aos 70’ e Ademar Pantera aos 90‘.
Vasco da Gama: Lévis; Joel, Brito e Ari; Maranhão e Barbosinha; Luizinho, Lorico (Saulzinho), Célio, Oldair e Zezinho. Técnico: Zezé Moreira. Palmeiras: Valdir; Djalma Santos, Djalma Dias (Tarciso) e Geraldo Scotto; Dudu e Valdemar Carabina (Santo); Gildo, Servílio (Ademar Pantera), Tupãzinho, Ademir da Guia e Rinaldo. Técnico: Filpo Nuñez.
Gildo foi o primeiro “Bala” do Parque Antártica, antes mesmo da chegada do também ponteiro direito “Edu Bala”, que jogou pela Portuguesa de Desportos e depois pelo Palmeiras.
Gildo também participou das festividades de inauguração do estádio do Mineirão em 7 de setembro de 1965, quando o alviverde paulista representou o Brasil em uma partida contra o Uruguai, vencida pelos canarinhos pelo placar de 3×0.
Em 1966 Gildo participou do elenco campeão paulista e em seguida teve uma breve passagem pelo Clube de Regatas do Flamengo.
Foram somente 12 partidas pelo time da Gávea com 2 gols marcados. Os números foram publicados pelo reconhecido Almanaque do Flamengo, dos autores Roberto Assaf e Clóvis Martins.
Gildo retornou ao Palmeiras e algum tempo depois quase foi negociado em definitivo com o Santos. Chegou a realizar exames médicos na Vila Belmiro em 1967, mas o negócio não vingou por desacordos financeiros.
O atacante disputou ainda algumas partidas pelo Palmeiras em 1968. Em seguida, foi transferido para o Clube Atlético Paranaense, que na época também contou com Bellini e Djalma Santos em suas fileiras.
Conforme registros publicados pelo Almanaque do Palmeiras, de autoria de Celso Dario Unzelte e Mário Sérgio Venditti, Gildo atuou em 249 oportunidades, obtendo 133 vitórias, 55 empates, 61 derrotas e 40 gols marcados.
Permaneceu no Atlético Paranaense até o final de 1970. Em seguida manteve sua forma jogando em equipes do futebol amador e pelo time do Milionários, ao lado de grandes craques do passado.
Posteriormente, trabalhou durante um bom tempo como representante comercial de aço e ferro nas empresas de Márcio Papa, ex-diretor palmeirense.
Aposentado, Gildo voltou para Recife em 2012 e continuou seu trabalho como representante e também na revelação de talentos para o futebol.
Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar, revista do Esporte, revista Manchete Esportiva, revista Futebol e Outros Esportes, revista A Gazeta Esportiva Ilustrada, Jornal A Gazeta Esportiva, Jornal Diário da Noite, gazetaesportiva.net, site do Milton Neves, campeoesdofutebol.com.br, pautandomundo.wordpress.com, palestrinos.com.br, casadoaraujo.sopalmeiras.com, palmeiras.com.br, jogadoresdopalmeiras.blogspot.com.br, Almanaque do Palmeiras – Celso Dario Unzelte e Mário Sérgio Venditti, Almanaque do Flamengo – Roberto Assaf e Clóvis Martins, Livro: Flamengo – O vermelho e o Negro – Ruy Castro – Ediouro, albumefigurinhas.no.comunidades.net.
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