autor ; julio gomes
A Copa do Mundo é a Copa do Mundo. Mas hoje ela não é muito maior ou mais importante que a Champions League. Antigamente, a Copa era a única possibilidade de ver os grandes jogadores do mundo juntos em um mesmo torneio. Era a única possibilidade de vermos confrontos entre escolas. De tirarmos a teima. Hoje, isso tudo está empacotado dentro da Champions anualmente.
Agora, sem a mesma pompa, sem a mesma organização, sem os estádios e gramados lindos e modernos, restringindo o debate somente à parte técnica, eu digo: as eliminatórias sul-americanas para a Copa do Mundo são a única competição capaz de rivalizar com o principal torneio de clubes. Não a Libertadores, mas as eliminatórias.
Vejam a rodada desta quinta-feira: Brasil x Argentina (só isso). Colômbia x Chile. Uruguai x Equador. Até Paraguai x Peru tem lá seu charme. E aí Venezuela x Bolívia deixamos de lado.
Agora olhe para a tabela: Brasil (21) e Uruguai (20) deram uma disparada, mas até a chegada de Tite o Brasil estava derrapando. Aí são seis seleções separadas por seis pontos, sendo que duas delas vão pra Copa e uma para a repescagem. Somente os lanternas Venezuela e Bolívia cumprem tabela, e mesmo assim, são adversários chatos quando jogam em casa.
O equilíbrio é total e é muito difícil apontar favoritos nos jogos. A cada rodada, tudo pode acontecer em três ou quatro dos cinco jogos.
Coloquemos agora na receita alguns ingredientes que a Champions League não tem: estádios com ambientaços, torcidas que fervem, condições extra-campo adversas (altitude, frio, calor, rojões na madrugada, polícia escoltando ônibus, vestiários discutíveis, árbitros pressionadíssimos).
Ah, mas isso tudo tem na Libertadores.
Sim. Só que tem um pequeno detalhe que a Libertadores não tem: os grandes jogadores.
Neymar, Coutinho, Thiago Silva, Marcelo, Messi, Di María, Higuaín, Mascherano, Suárez, Cavani, James, Vidal, Sánchez, entre tantos outros… esses caras infelizmente não duram muito tempo jogando em seus países natais. Logo vão para clubes europeus. Mas voltam para defender suas seleções – e, acreditem, amam fazê-lo.
Quem tem assistido somente aos jogos da seleção brasileira está perdendo. As partidas das Sul-Americanas têm muito bom nível técnico e de competitividade, são bem jogadas, dinâmicas, táticas, não devem para o futebol jogado na Europa. Aliás, são bem melhores que as das eliminatórias europeias – essas sim, com algumas ótimas seleções, mas um número muito grande de seleções médias, fracas ou péssimas. Isso, aliado ao sistema de grupos, faz com 70% dos jogos sejam desinteressantes a cada rodada.
A Argentina enfrenta o Brasil no Mineirão contra a parede. Neste momento, estaria fora da Copa. E arrumou um técnico, Patón Bauza, que historicamente fracassa fora de casa. Se perder do Brasil de Tite, que está voando, a Argentina precisa rezar para o Uruguai bater o Equador e, de preferência, que Colômbia x Chile acabe empatado.
Como são as coisas. De um mega crise, o Brasil saiu para virtual classificado. E, de finalista seguidamente em Copa do Mundo e duas Copas Américas, a Argentina vira uma seleção contra a parede para ir à Rússia. Vai precisar de muito Messi nesta noite no Mineirão. Senão estará à beira do seu 7 a 1 particular.
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