Sem chutar uma bola na terça-feira, a seleção argentina caiu uma posição nas eliminatórias sul-americanas da Copa do Mundo e virá ao Brasil na próxima semana fora até da zona de repescagem. Depois de a Bolívia escalar o paraguaio naturalizado Nelson Cabrera sem que ele tivesse cumprido os cinco anos obrigatórios de residência no país, a seleção foi declarada perdedora por 3 a 0 dos jogos contra Peru e Chile.
Os chilenos, que haviam ficado no 0 a 0 com os bolivianos nos 90 minutos, ganharam dois pontos de presente e mais três gols de saldo, suficientes para tomar o quinto lugar da Argentina pelo critério de gols marcados (ou "marcados", no caso).
Além da preocupação com as dificuldades encontradas por Edgardo Bauza em suas primeiras partidas à frente da Albiceleste, os argentinos agora se preocupam também com o fato de um árbitro chileno, Julio Bascuñán, estar escalado para o jogo do dia 10, no Mineirão. A escala estava pronta antes da decisão que beneficiou o Chile, mas isso não impediu a polêmica nos meios argentinos. Vale lembrar que o brasileiro Wilson Luiz Seneme assumiu em agosto a presidência do comitê de arbitragem da Conmebol.
Bascuñán é o mesmo árbitro que beneficiou o Brasil na Copa América Centenário ao invalidar equivocadamente um gol do equatoriano Miller Bolaños - aquele da falha de Alisson - alegando saída da bola pela linha de fundo. Os veículos de imprensa também lembraram que foi o chileno quem expulsou Paulo Dybala no jogo da Argentina contra o Uruguai, em Mendoza, já nestas eliminatórias. O time de Bauza, que fazia sua estreia, venceu por 1 a 0, mas Bascuñán foi duramente criticado por Lionel Messi.
Bastidores
A AFA, que dirige o futebol argentino, atualmente é dirigida por uma comissão normalizadora, e há discussões no país sobre a perda de peso político. Há quem defenda que nos tempos da nefasta e falecida figura de Julio Grondona os interesses da Argentina eram defendidos nos bastidores. Há quem duvide que a punição à Bolívia, ainda que correta, aconteceria nos tempos de Grondona.
São argumentos que não aparecem apenas nas conversas de redes sociais. Estão na boca de gente como o presidente do Boca Juniors, Daniel Angelici.
"Certamente com Julio vivo isso não teria acontecido", afirmou Angelici à Fox Sports argentina. "Certamente com Julio o Brasil também não teria uma vaga a mais (que a Argentina) na Libertadores, e com Julio vivo o jogo do gás de pimenta (Boca Juniors x River Plate, pela Libertadores de 2015) teria terminado. São as coisas boas que tinha Julio: peso específico dentro da Conmebol e da Fifa".
O cartola xeneize afirmou que Armando Pérez, presidente da comissão normalizadora da AFA, "não tem representatividade", e defendeu que haja eleições o quanto antes para que haja "um presidente respaldado legitimamente pelos clubes para se posicionar na Conmebol e na Fifa".
"Historicamente, tínhamos na Conmebol a Secretaria Geral e um membro no Comitê Executivo. Hoje não temos mais. Perdemos muito poder. E para o Brasil", argumentou.
autor ; Leonardo Bertozzi
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