terça-feira, 25 de abril de 2017

Raio-X do treinador: Jair busca melhor desempenho em clássicos



LUCIANO FERREIRA

Bom aproveitamento do treinador cai quando analisado apenas os jogos contra principais rivais do Rio


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Há menos de um ano, Jair Ventura já caiu nas graças da torcida e conquistou a confiança dos botafoguenses. Transformou um time de poucas ambições na competição e o levou a uma incontestável quinta colocação e à disputa da Libertadores da América desse ano.
Em setembro, ainda como interino, dava o seu primeiro grande passo como técnico. Seu início não poderia ser mais positivo: vitória do Glorioso sobre o Grêmio, com direito a golaço de bicicleta de Camilo, pelo Campeonato Brasileiro. O treinador do Botafogo firmou-se como um dos principais técnicos da nova geração.
No entanto, estar a frente do Alvinegro não era novidade, ele já treinara o time em 2015, em três jogos do Carioca, além do confronto de volta das oitavas da Copa do Brasil, contra o Cruzeiro. 
Os números do treinador não deixam dúvidas sobre o seu sucesso: em jogos oficiais são 24 vitórias, sete empates e onze derrotas, um aproveitamento de 62,6% dos pontos. Após a consolidação no comando do alvinegro, o técnico encara mais uma decisão, dessa vez pelo Estadual.
O retrospecto em clássicos esse ano, no entanto, não é favorável ao treinador pelo Carioca, venceu apenas um jogo, empatou outro e perdeu três. Entretanto, vale destacar que em muitos desses confrontos optou por escalar times alternativos, dando prioridade à disputa da Libertadores da América.
Nesse novo duelo, tem a chance de melhorar seus números em clássicos, que ainda fica abaixo da média em outros confrontos. Contando apenas os jogos contra os rivais cariocas o aproveitamento do treinador cai para 38,09%. Contra o Vasco, Jair Ventura também não saiu vitorioso, conseguiu apenas um empate e uma derrota, ambas pelo estadual deste ano. Já contra o Fluminense, conquistou duas vitórias, pelo Brasileiro do ano passado e pela semifinal da Taça Rio deste ano, e perdeu outro confronto, esse válido ainda pela fase de grupos do returno do estadual.

No partida de domingo contra o Flamengo, Jair reencontrau o rubro-negro pela terceira vez a frente do Glorioso e perdeu por 2 x 1. Desse clássico, por sinal, o comandante alvinegro ainda não saiu como vencedor. Obteve um empate pelo Campeonato Brasileiro do ano passado, 0 x 0 no Maracanã e uma derrota com o time reserva, pelo primeiro turno do estadual desse ano.


SERGIO SANTANA

Jair Ventura não está nem há um ano à frente do Botafogo, – e como treinador de uma equipe profissional – mas já se mostrou ser bastante competente para isso. No ano passado, assumiu o Alvinegro em uma situação de fogo após Ricardo Gomes “abandonar” o projeto. Sem problemas. Com Jair, o Glorioso conseguiu ser o quarto melhor time do returno do Brasileirão de 2016, tendo a melhor defesa da história de um único turno da era dos pontos corridos – apenas 9 gols sofridos. O resultado todos sabem: do décimo sétimo lugar ao quinto, e uma vaga na Pré-Libertadores.
Apesar dessa arrancada surpreender muito, ela não é aquilo que chama mais a atenção sobre a carreira do técnico. No ano passado, o plantel alvinegro era muito abaixo tecnicamente – se comparado aos que ficaram no G-6 – e também escasso peças de reposição. Mesmo assim, Jair conseguia reinventar o time partida após partida e conseguia mostrar resultados, provando que o treinador era capacitado e tinha totais condições de almejar coisas maiores com o Alvinegro. É o famoso ditado “ele tirou leite de pedra”.
Nesse ano, o treinador passaria por uma situação nova em sua carreira como treinador: o Campeonato Carioca. Em contrapartida, as lesões, – que dessa vez aconteceram em uma maior intensidade –  o calendário apertado e a pressão por resultados são fatores que o acompanharam novamente e continuam a incomodar sua cabeça.
No primeiro Carioca de sua carreira, Jair Ventura teve que conciliar a Taça Guanabara com os confrontos entre Colo-Colo e Olimpia pela Pré-Libertadores. Sem sucesso. O time B do Botafogo, que jogou a maioria dos jogos por conta do calendário, não apresentava um bom futebol por uma (já esperada) falta de entrosamento e por falta de qualidade técnica de alguns jogadores, o que deixou a equipe fora das semifinais do turno. O jovem treinador não conseguira conciliar as duas competições, mas sem maiores problemas com a torcida, já que alcançaríamos o sucesso na competição continental.
Com a Taça Rio, veio um calendário mais tranquilo, o que permitiu mesclar mais o elenco. Além disso, o mesmo de tanto jogar e treinar junto, acabou criando um certo entrosamento, o que foi essencial para buscar a classificação à semifinal do turno e a do Campeonato Carioca.
Mesmo por muitas vezes com elenco reserva, o time não perdeu a “essência Jair Ventura”: muita marcação e luta no meio de campo e um contra-ataque rápido, que são as marcas do treinador. Ele conseguia extrair o melhor de cada jogador e mantendo o Botafogo na luta de forma competitiva.
A grande prova disso foram as partidas contra o Fluminense, que também estava com o time reserva, quando a equipe mostrou um futebol com muita intensidade e, com show de Sassá, a vitória por 3 a 1. Contra o Vasco titular, o Alvinegro conseguiu bater de frente na maior parte do jogo. Com a expulsão de Marcelo, porém, o treinador teve que amargar uma derrota na primeira final de sua carreira. Mas foi se de admirar a energia e a intensidade com que os jogadores do time reserva jogando, provando que há um padrão tático na equipe.

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