Por Gabriela Chabatura, em Rocha (Uruguai)
Jorge Sosa assiste a um vídeo no Youtube e se diverte ao rever a confusão entre os jogadores do Peñarol e Flamengo, na segunda semifinal da Copa Mercosul de 1999, no estádio Centenário. A pancadaria, para ele, faz parte da mística copera do Peñarol. “É assim que fazemos com os brasileiros. Assim que vamos fazer com o Palmeiras no Campeón del Siglo. Toma, Felipe Melo”, diz ele enquanto os atletas trocam socos. Sosa dá de ombros para o fato de o clube carioca ter sido campeão daquela edição. A lembrança dele é aquela cena de selvageria dentro de “cancha”.
Fanático pelo Peñarol, Sosa, mora na pequena cidade de Rocha, a 210 quilômetros de distância de Montevidéu, mas viaja com frequência à capital para alentar o clube do coração. Tem orgulho de exibir a coleção de ingressos, que inclui entradas de duas partidas da Seleção Uruguaia na Copa do Mundo de 2014, no Brasil, e decorar a sua pequena casa de preto e amarelo com bandeiras, flâmulas, adesivos e quadros espalhados por todas as paredes. Nos cabelos, cinco dreads que simbolizam as cinco conquistas da Copa Libertadores. É, sem dúvidas, um aficionado pelo Club Atlético Peñarol.
Essa relação de amor, no entanto, começou quando já era adolescente. Por viver no interior e levar uma vida simples, sem o recurso de um televisor, Jorge Sosa tinha apenas as ondas do rádio para acompanhar as partidas do Peñarol. Achava aquilo um máximo. Porém, a vontade de assistir ao time, ao vivo no estádio, só aumentava.
Aos 16 anos, Sosa conseguiu convencer os pais e participou de uma excursão para ver Rocha x Peñarol, na arquibancada da torcida adversária. Não se importou, pois – naquele dia – teve a certeza que não poderia deixar de ser um torcedor do Peñarol, nem deixar de viver como um. E, desde então, foi a diversos jogos e clássicos com o Nacional, incluindo, o da memorável galinha inflável que provocou os torcedores tricolores, no Campeonato Uruguaio de 2008.
“Ninguém esperava que no meio da arquibancada ergueria-se uma galinha inflável. Foi inusitado”, relembra. O Peñarol venceu aquele clássico por 4 a 2, no estádio Centenário, com gols de Antonio Pacheco, Ruben Olivera (2x) e Carlos Bueno. O primeiro, inclusive, é o ídolo de Sosa e está imortalizado em uma caricatura na parede da sala de estar dele. Assim como uma camisa da seleção celeste, autografada por Fernando Muslera, Diego Lugano, Cristian Rodriguez, Maximiliano Pereira, Walter Gargano e Luis Suárez. O valor dela, evidentemente, é inestimável.
O que mais surpreende, entretanto, é a escolha de Sosa quando está jogando PES, (Pro Evolution Soccer) no videogame. Para a posição de goleiro, sempre faz a mesma escolha: Rogério Ceni. Há uma idolatria enorme pelo brasileiro.
Depois de assistir aos jogos do São Paulo, por causa de Diego Lugano, se tornou um admirador do ex-goleiro do Tricolor. Adorava rever os gols de Ceni e usar as estatísticas para justificar o grande apreço pelo atual treinador. Afinal, foram 131 tentos anotados em 25 anos de carreira, sendo 62 deles de falta e 69 de pênaltis.
“Como ele batia falta, me chamava a atenção. Vi a Libertadores de 2005, quando o Rogério fez um bom papel. Ele passou a vida dele inteira no clube. Para mim, é um ídolo. Eu gostaria de ter alguém como o Rogério no Peñarol. Poucos clubes podem ter um jogador assim”, argumenta. Uma paixão carbonera que se curvou ao talento de Ceni.
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