Treinador recordou o primeiro contacto do FC Porto, em conversa no programa "Vamos falar de futebol", no Youtube.
Ficou sem clube depois do Penafiel e teve convite do Estrela da Amadora: "Terminei a época no Penafiel [2005/06]. Tenho um convite do Estrela da Amadora em que me é dito claramente assim: ou és tu ou o Daúto Faquirá. Fui lá abaixo falar com o presidente do Estrela e e passado uns dias de ter reunido disseram-me que o escolhido era o Daúto. Ok, na sequência da época que tinha tido, tinha perdido tantas vezes, perdi mais um jogo. Ok, siga. Fui para casa à espera. Quando não tens rede de contactos ficas à espera. Eu pensava que tudo o que tinha feito há um ano atrás de certeza que está tudo diluído".
Chamada de Antero Henrique [na altura dirigente do FC Porto] quando estava desempregado: "Um dia vou fazer umas compras ao supermercado e quando cheguei ao carro tinha duas chamadas no telemóvel de um número que eu não conhecia e eu cá para mim: 'Não ligo, não vou gastar dinheiro a devolver uma chamada a alguém que não conheço o número. Estou desempregado, vou lá eu devolver a chamada". O poupar superiorizou-se à curiosidade e ao desejo de ser um clube."
Insistência: "No dia seguinte o mesmo número a ligar. Atendo e do outro lado dizem 'Daqui fala Antero Henrique'. E disse eu 'O Antero Henrique?... Do... FC Porto?'. E ele sim, sim, do FC Porto. E eu pensei: 'Epá, o quê que se passa aqui?'. Comecei a fazer contas. Diz ele: "Gostaria de ter uma conversa consigo sobre futebol". E eu: 'ok, sim, sim, vamos falar'. Quando desliguei fiquei muito excitado. Eu sem nada, FC Porto... Só o nome... 'O que é que está a acontecer?' Começo a fazer as minhas contas, fazia contas por todo o lado: 'Co Adriaanse, Rui Barros a assistente, equipa técnica toda, não sendo para assistente, será para quê? Condutor? Autocarro? O que vai acontecer?'.
Problemas e reuniões canceladas: "Antero Henrique marcou uma data, houve um problema qualquer no estágio do Co Adriaanse, aquilo embrulhou-se e ficou assim. Morreu ali. Passado 15 dias, três semanas, outra vez o senhor Antero Henrique a ligar: "Desculpe, atrasou-se, problemas dentro do FC Porto. Vamos marcar nova data". Então lá vou eu para a reunião, falar de futebol. Ia em cima da Arrábida recebo um telefonema: "não pode ser hoje". Isto já era setembro, já o campeonato a andar. Voltei para trás, para Águeda, vivia lá na altura e a minha esposa dava lá aulas e é a nossa casa principal".
Finalmente, as reuniões e o convite: "Voltei, nova chamada e lá me encontrei, finalmente, no antigo Tivoli. Conversámos. Modelo de jogo, dinâmicas, organização... Muito bem. Um abraço e boa viagem. Cheguei a casa e a minha esposa: "correu bem?". O Antero não fica chateado se contar isto, de certeza. E eu: "para já, para falar de futebol, correu bem. E mais nada. Está falado". Depois voltámos noutra reunião a falar e a determinada altura o Antero diz: "Tenho aqui uma proposta, a época já começou, estamos em setembro, início de outubro, o professor Ilídio Vale está a treinar os sub-19 e o Luís [Castro] para diretor técnico da formação. E eu: "só treinei uma vez os sub-13 no Águeda" [risos]. E diz-me ele: "quero alguém que não entenda muito de formação, que sobrevoe o clube nesta época, que absorva informação e conhecimento e vamos ao projeto "Visão 611"". Esse projeto gerou a venda de jogadores como [Diogo] Dalot, Rúben Neves, André Silva, [Gonçalo] Paciência, muita gente passou por ali, gerou uns milhões largos na venda".
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