Na Europa, autoridades ainda pregam cautela sobre volta do torcedor aos estádios em dias de jogos
A ideia de permitir que os espectadores retornem aos estádios de futebol já está instalada nos grandes campeonatos europeus para tentar virar a página o mais rápido possível da triste situação atual, com os portões fechados. Mas a prudência deverá comandar a luta contra o coronavírus.
"Sonho em poder ver as pessoas nos estádios, mais do que esses tristes torcedores de papelão. Mas temos responsabilidades e devemos ser o mais cautelosos possível", resumiu recentemente Carlo Sibilia, secretário de Estado do Interior da Itália.
Na Itália, assim como na Alemanha e na Espanha, o futebol recomeçou em estádios vazios, com algumas equipes tentando compensar a ausência de torcedores com avatares de papelão, mensagens de apoio ou cantos pré-gravados.
Esses artifícios têm gerado "um forte sentimento de rejeição" na Alemanha, diz Ronan Evain, diretor-geral da rede Football Supporters Europe (FSE), com sede em Hamburgo.
"Se é necessário jogar com portões fechados, o fazemos, mas não vamos colocar um remendo para esquecer que estamos em uma crise sanitária", acrescentou.
As arquibancadas já foram abertas para torcedores na Sérvia, atraindo multidões, e na Nova Zelândia, país que registrou apenas 22 mortos pela pandemia e que neste fim de semana encheu seus estádios com até 43.000 pessoas (Auckland) para acompanhar as partidas de rugby.
Mas na Europa os grandes campeonatos se mostram prudentes e pacientes.
Em um email enviado aos clubes e divulgado pela revista Kicker, a Liga Alemã (DFL) prevê que os espectadores deverão retornar já na próxima temporada.
Mas "autorizar o retorno passo a passo dos espectadores" já está em discussão, disse o diretor Christian Seifert, pedindo aos clubes "que não citem publicamente nenhum número ou data sem que haja certezas".
- Diferença entre regiões -
Na Espanha, onde o campeonato recomeçou há alguns dias, a Liga e alguns clubes - como Las Palmas (2ª divisão) e Celta (1ª), de duas regiões pouco afetadas pelo vírus - pressionaram pelo retorno do público antes do final de junho.
"Após dez ou quinze dias de competição, nos sentaremos com o governo para solicitar que o público possa voltar aos estádios", disse o presidente da Liga, Javier Tebas, no dia da retomada.
Será "um sinal de retorno a essa 'normalidade anormal'", acrescentou.
Por enquanto, as autoridades manterão os portões fechados até que todas as regiões da Espanha estejam no mesmo nível de desconfinamento. "As condições de jogo devem ser as mesmas em todos os estádios", disse o ministro da Saúde, Salvador Illa.
Na Itália, outro dos países mais afetados pela pandemia, o que se ouve é um pouco diferente.
"Em regiões onde o número de casos novos é zero há vários dias, podemos começar a refletir sobre uma reabertura progressiva dos estádios com um número limitado de espectadores", disse Walter Ricciardi, conselheiro do governo e ex-presidente do Instituto Superior da Saúde.
Com o futebol retomado desde a última sexta-feira, com as semifinais da Copa da Itália, não está prevista a presença do público nas arquibancadas antes de "agosto ou início de setembro", acrescentou Sibilia.
"Imagine 10.000 pessoas que precisam passar pelas entradas do Estádio San Paolo (Napoli), seria um pouco complicado. Isso não significa que não falemos sobre isso, mas é necessária a segurança absoluta", continuou o Secretário de Estado do Interior, ciente de que "o futebol vale menos sem torcedores e paixão".
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