O governo de Santa Catarina analisa nesta semana a liberação do retorno dos clubes aos treinos e a retomada do Campeonato Estadual de futebol. O governador Carlos Moisés (PSL), junto da secretaria de Saúde do estado, avalia o protocolo de saúde e segurança feito pelo médico Luís Fernando Funchal, do Avaí de Florianópolis, que prevê a volta dos treinos na próxima sexta-feira, 1º de maio, e do Catarinense, no dia 16 de maio.
O estado sulista é um dos que menos sofre consequências da pandemia de coronavírus no Brasil. São 1 995 casos confirmados e 44 mortes contabilizados pela secretaria de Saúde de Santa Catarina. O número de pessoas infectadas é o 9º maior do país, mas a taxa de letalidade é de apenas 2,2%, uma das menores do país. Apenas 15,2% dos leitos estão ocupados no território catarinense.
Uma possível decisão favorável será baseada no cumprimento à risca do protocolo de saúde, que compreende cada funcionário e departamento envolvido com as atividades do futebol, do jogador ao roupeiro. A cartilha prevê cinco fases – as três primeiras com foco nos treinamentos e as duas últimas nos jogos e acompanhamento dos atletas.
O documento detalha cuidados como a testagem rápida de jogadores antes da volta aos treinos e antes de cada jogo, além do monitoramento de possíveis sintomas da doença. A única fragilidade é que o protocolo, assim como os demais já produzidos pelo mundo, deverá contar com atenção e comprometimento em tempo integral de cada pessoa envolvida no processo, quase como um treinamento de guerra.
“É importante termos harmonia entre os poderes e entidades interessadas neste processo. Se chegarmos ao consenso de que não é viável e seguro para funcionários e atletas, nós vamos recuar. Mas, pelos estudos que fizemos, de exames, reexames e controle, e pela análise das curvas epidemiológicas do estado, são detalhes de rigor que se forem seguidos darão uma segurança muito boa”, garantiu Funchal, médico do Avaí.
Os bons números estimularam o governador a reabrir moderadamente os centros comerciais, como shoppings, medida até o momento considerada perigosa por infectologistas. A decisão de retomar o campeonato, porém, seria surpreende, pois, nenhum outro estado brasileiro está próximo de retornar às atividades secundárias, como o futebol. Na Europa, diversas federações ainda encontram dificuldades para reiniciar as competições – Bélgica e Holanda, por exemplo, decretaram o fim da atual temporada.
O governo federal incluiu o futebol na pauta de atividades privadas que podem ser retomadas. O ministério da economia, por meio de Carlos Costa, secretário especial de produtividade, emprego e competitiva, tratava a volta do futebol como algo “relativamente simples”, mas que ainda precisava de tempo para acontecer.
No âmbito nacional, a CBF trata diretamente do assunto com os clubes, que ainda não chegaram a um consenso em vários estados para retornar às atividades. No Rio de Janeiro, por exemplo, Flamengo e Vasco tentavam o retorno, mas Fluminense e Botafogo preferiram ter cautela. Santa Catarina foi o único estado até o momento a chegar a um consenso entre os clubes pela volta.
“Aqui, nós andamos bem mais rápido do que o restante (dos estados). Ainda são poucos os clubes que constituíram o documento, apenas Rio de Janeiro e São Paulo. Mas, nestes lugares, o documento está com os clubes e a federação, enquanto nós enviamos para a associação de clubes, que enviou para a secretaria estadual de saúde e posteriormente para as mãos do governador. A política aqui é mais simples, de uma relação mais harmônica entre as entidades”, explicou Luís Fernando Funchal.
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