quarta-feira, 10 de maio de 2017

Cinco meses após tragédia, Chape se prepara para entrar em campo em Medellín



Os últimos cinco meses ensinaram importantes lições para Chapecoense e Atlético Nacional. E a cada dia que passou nessa relação os clubes aprenderam a compartilhar novos sentimentos. Já choraram juntos, já se acalentaram no abraço um do outro, já enxugaram as lágrimas alheias e agora chegou o dia de sorrir. Nesta quarta-feira, ocorre a prova final dos sentimentos que envolveram alviverdes brasileiros e colombianos. Senti-los todos de uma só vez e, enfim, sorrir. Mas um vai sorrir mais que o outro, como não poderia deixar de ser no futebol. Quem sorrir menos compensa com o aplauso em reverência ao troféu que possibilitou dois reencontros, um em cada país, para celebrar a vida depois de lamentar a morte. 
Só um time deixará o estádio Atanásio Girardot, em Medellín, como campeão da Recopa Sul-Americana, mas esta é uma decisão em que não haverá perdedor. Haverá alviverde mais ou menos entusiasmado por uma conquista. Não mais que isso. Porque quem deixar o campo sem o troféu ainda vai ter motivos de sobra para brindar à vida. 
Cada vez mais o destino parece querer fortalecer a relação entre o clube do Oeste catarinense com a equipe colombiana. No dia em que a Chapecoense completa 44 anos da sua fundação, é a torcida verdolaga que lotará o estádio local para bater palmas ao aniversariante. O Verdão busca o título — o segundo em quatro dias. No último domingo foi campeão do Catarinense. Um presente — que poderia parecer uma compensação — por todo o sofrimento recente, pela dor dos chapecoenses que se foram no fim do ano passado. 
Por falar no Estadual, estes mesmos chapecoenses deram provas de que a solidariedade brota como planta se bem cultivada. No jogo decisivo contra o Avaí, a torcida em Chapecó foi exemplar. Não houve tragédia e nem precisou de uma para mostrar que todos os sentimentos vindos de Medellín não foram meros sinais de respeito, tampouco luto. O tratamento e a sensibilidade dos atleticanos foram uma demonstração que a relação entre torcidas rivais pode ser amistosa todos os dias. O que acontecer na capital da Colômbia vai ser mais uma aula para o mundo — ou reforço aos chapecoenses.
O cortês time da casa também não quer deixar escapar a chance de celebrar. No ano passado, abriu mão do título da Copa Sul-Americana em favor dos irmãos catarinenses, vítimas do acidente aéreo com o voo da LaMia, em 29 de novembro. Desta vez, no entanto, não por falta de empatia, mas também por necessidade própria, o time precisa de um triunfo e uma alegria para recuperar a confiança que anda em falta na Libertadores — em quatro partidas, a equipe alcançou apenas um triunfo, e está distante da classificação para a fase seguinte. 
O resultado no jogo de ida, de 2 a 1 em Chapecó, obriga o time da casa a buscar o resultado. Sinal de que vai ter jogo em Medellín. Que não é apenas a dor e a superação que une alviverdes. Passados mais de cinco meses, a  Chape enfim vai estar em ação no estádio Atanásio Girardot.
Diario Catarinense

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