segunda-feira, 7 de novembro de 2016

CRAQUE IMORTAL – FRANCESCOLI


FRANCESCOLI



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 FRANCESCOLI


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Nascimento: 12 de Novembro de 1961, em Montevidéu, Uruguai
Posição: Meia
Clubes: Montevideo Wanderes-URU (1980-1982), River Plate-ARG (1983-1986 e 1994-1997), Racing Club Paris-FRA (1986-1989), Olympique de Marselha-FRA (1989-1990), Cagliari-ITA (1990-1993) e Torino-ITA (1993-1994).
Principais títulos por clubes: 1 Copa Libertadores da América (1996), 1 Supercopa da Libertadores (1997) e 5 Campeonatos Argentinos (1985-1986, 1994-Apertura, 1996-Apertura, 1997-Clausura e 1997-Apertura) pelo River Plate.
1 Campeonato Francês (1990) pelo Olympique de Marselha.
Principais títulos por seleção: 3 Copas América (1983, 1987 e 1995) pelo Uruguai.
Principais Títulos Individuais: FIFA 100: 2004
Jogador Sul-Americano do Ano: 1984 e 1995
Artilheiro do Campeonato Argentino: 1985, 1986, 1994 e 1996
Jogador do Ano na Argentina: 1985 e 1995
Melhor Jogador Estrangeiro do Ano na França: 1990
Maior Artilheiro Estrangeiro da História do River Plate
Eleito maior jogador da história do River Plate: 2008
Eleito o décimo melhor jogador do século XX pela Revista France Football: 1999
Maior Artilheiro Uruguaio na História do Futebol Argentino

“El Príncipe da bola”
Depois da conquista da Copa do Mundo de 1950, o Uruguai passou anos a fio sem brilhar na Copa do Mundo, conseguindo apenas algumas classificações e quase nunca avançando às fases eliminatórias. Porém, mesmo sem grandes resultados, o futebol do país revelou ao mundo joias como Pedro Rocha, Rodolfo Rodríguez, Pablo Forlán e um meia que encantou o planeta por mais de uma década, principalmente vestindo a camisa do River Plate: Enzo Francescoli, considerado por muitos como um dos maiores jogadores uruguaios de todos os tempos. Extremamente habilidoso, dono de uma visão de jogo incrível e muito goleador, deixando atacantes com inveja, Francescoli foi a estrela solitária da seleção uruguaia durante toda a década de 80 e até meados da década de 90. É um dos poucos jogadores do país a não ter jogado nos maiores clubes do Uruguai (Peñarol e Nacional) e é mais adorado na Argentina (país onde vive atualmente) do que em sua própria casa. Motivo? Francescoli simplesmente arrebentou no River Plate e foi o maior ídolo do clube por muitos anos. O craque jogou muito, conquistou inúmeros títulos (incluindo uma Libertadores, a última do River, em 1996) e ganhou vários títulos individuais. Sua passagem pela França lhe rendeu a idolatria de um jovem jogador que brilharia anos mais tarde: Zinedine Zidane, que até batizou seu filho com o nome do craque uruguaio: Enzo. O Imortaisrelembra agora a carreira desse príncipe da bola.
Mudando de lado
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Francescoli nasceu na capital uruguaia, Montevidéu, e tinha o Peñarol como seu clube do coração. Era no esquadrão aurinegro que Francescoli queria começar a sua carreira como jogador, mas ficou desapontado com o modo como as peneiras do time eram conduzidas, já que ele mais olhava outros jogadores do que ele mesmo jogava. Com isso, Francescoli decidiu iniciar sua trajetória no Montevideo Wanderes, em 1980, clube de pouca expressão no país, mas que tinha o orgulho de ter revelado para o mundo o grande zagueiro chileno da década de 70 Elías Figueroa. Habilidoso desde cedo, Francescoli logo ganhou o apelido de “El Príncipe”, em referência ao ex-jogador do Wanderers, Aníbal Ciocca. Elegante e rápido, recebeu também diversas comparações com o craque uruguaio de outrora Juan Schiaffino. Sua passagem pelo time de Montevidéu foi marcante e ele conduziu a equipe a ótimas campanhas no Campeonato Uruguaio, incluindo um vice-campeonato em 1980 e ficando atrás apenas dos dois grandes times do país, Peñarol e Nacional, nos anos seguintes. Impossibilitado de ganhar um título no clube, Francescoli venceria seu primeiro título em 1983, com sua seleção.
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Despontando para o continente
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Jovem e já convocado para a seleção uruguaia, Francescoli mostrou serviço logo na primeira competição oficial que disputou com a equipe titular, a Copa América de 1983. A edição daquele ano não tinha uma sede fixa, com isso, as partidas eram disputadas em diferentes países. Na primeira fase, o Uruguai foi o primeiro colocado de seu grupo com três vitórias e uma derrota em quatro jogos. Classificado para as semifinais, o time celeste enfrentou o Peru. No primeiro jogo, em Lima, vitória uruguaia por 1 a 0. Na volta, em Montevidéu, empate em 1 a 1 que garantiu o Uruguai na final, contra o Brasil.
O primeiro título
A decisão também seria disputada em duas partidas. O primeiro jogo foi no Uruguai, em um estádio Centenário lotado. O time celeste mostrou força e com um dos gols marcados por Francescoli venceu por 2 a 0. A volta foi na Fonte Nova, em Salvador. O Brasil abriu o placar com Jorginho logo no primeiro tempo, mas Aguilera empatou na segunda etapa, garantiu o empate em 1 a 1 e o título de campeão ao Uruguai. Era a 12ª taça da celeste e a primeira de Francescoli, que jogou muito naquela competição. Suas atuações despertaram o interesse do River Plate, da Argentina, que contratou a estrela uruguaia logo após a Copa.
Nascendo um ídolo
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O primeiro ano do príncipe foi irregular. Ele alternou bons e maus momentos no time de Buenos Aires e, assim como sua equipe, fez uma temporada ruim. Porém, em 1984, o craque realizou partidas geniais e marcou muitos gols. Seu desempenho lhe rendeu a artilharia do Campeonato Argentino daquele ano, com 24 gols, e o título de melhor jogador sul-americano do ano. Ele recebeu uma proposta do América de Cali, da Colômbia, mas preferiu continuar no River. A opção por ficar na Argentina seria muito acertada, como ficou comprovado nos anos seguintes.
Muito brilho e o primeiro caneco
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Em 1985 e 1986 Francescoli mostrou que era especial. O jogador continuou a marcar gols e a protagonizar jogadas e passes marcantes, que lhe renderam prêmios de melhor jogador na Argentina e a idolatria da torcida. O ponto alto foi em 1986. Em janeiro, na pausa do Campeonato Argentino, Francescoli marcou seu mais famoso e lindo gol na carreira, uma bicicleta espetacular, em um amistoso eletrizante contra a seleção da Polônia, no jogo vencido pelo River por 5 a 4.
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Tempo depois, ele ajudaria o River a conquistar o Campeonato Argentino e se consagrou novamente artilheiro do torneio, com 25 gols. Era o ápice de Francescoli no River e o estímulo para ele fazer bonito em sua primeira Copa do Mundo.
A primeira Copa
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Francescoli se tornou o capitão mais jovem de uma seleção em uma Copa do Mundo, em 1986. Ele era a estrela solitária de uma seleção que esperava ter em sua tradição de bicampeã mundial a força para surpreender na Copa. Porém, os uruguaios fizeram uma campanha pífia, caindo nas oitavas de final para a Argentina de Maradona. O time só conseguiu avançar por ser um dos melhores terceiros colocados do mundial sem ao menos vencer uma partida. O Uruguai empatou em 1 a 1 com a Alemanha e em 0 a 0 com a Escócia. As derrotas foram para a Argentina, nas oitavas, por 1 a 0, e a vexatória goleada por 6 a 1 para a Dinamarca. Neste jogo, Francescoli marcou seu primeiro e único gol em Copas. O uruguaio comentou mais tarde, em entrevista ao tradicional jornal “El Gráfico”, da Argentina, que aquele mundial foi o momento mais vergonhoso de sua carreira. “Jamais nos demos conta de que estávamos fazendo um papelão. É a única coisa que pediria perdão a todos os uruguaios”, comentou. A Copa, porém, rendeu ao jogador visibilidade e a chance de jogar na Europa, o que aconteceu logo após a campanha do Uruguai. O jogador foi contratado pelo recém promovido à primeira divisão do futebol francês, Racing Club Paris, e fez as malas rumo à França. O único ponto triste da mudança foi que o craque não teve tempo de fazer parte da equipe do River que conquistaria a primeira Libertadores da história do clube, justamente em 1986.
Altos e baixos
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Francescoli desembarcou em Paris para jogar no time mais tradicional da capital francesa, que começava a rivalizar com o novato Paris Saint-Germain, fundado em 1970. O time recebeu um aporte financeiro da empresa Matra e até mudou de nome para Matra Racing, em 1987. No time, Francescoli continuou a realizar ótimas apresentações e foi eleito o melhor jogador estrangeiro na França em 1987. Graças a ele, o clube parisiense escapou de rebaixamentos e até brigou pelas primeiras posições na tabela, mas ele via que ganhar algo ali, mesmo com o dinheiro da Matra, seria impossível. Foi então que em 1989 o uruguaio aceitou uma proposta do então campeão francês, o Olympique de Marselha, e deixou o clube de Paris, que chegaria à falência em 1990 e perderia de vez o posto de melhor time da capital para o PSG.
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Em Marselha, Francescoli pôde, enfim, comemorar um título: a Ligue 1, conquistada de maneira brilhante pela equipe que tinha, além do uruguaio, o matador Papin e os ótimos Waddle e Tigana. Durante seu curto período no OM, Francescoli virou ídolo do jovem Zidane, maior craque da história da França, que ficou encantado com o futebol do uruguaio. A idolatria foi tanta que anos mais tarde Zidane batizou seu filho com o nome de Francescoli: Enzo Zidane.
A última Copa
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Francescoli vinha de um bicampeonato na Copa América com o Uruguai, em 1987, quando conduziu sua seleção ao caneco do torneio disputado na Argentina, e de um vice-campeonato em 1989, quando o Uruguai perdeu para o anfitrião Brasil, quando chegou à Itália para a sua segunda e última Copa do Mundo, em 1990. A campanha da celeste foi novamente irregular, com uma vitória contra a Coreia do Sul, por 1 a 0, empate em 0 a 0 com a Espanha e derrota por 3 a 1 para a Bélgica. O time conseguiu a classificação para as oitavas de final novamente por ser um dos melhores terceiros colocados. Porém, na fase de mata-mata, a equipe foi eliminada pela anfitriã Itália, de Schillaci e Roberto Baggio, que venceu por 2 a 0. Era o último Mundial de Francescoli com a camisa uruguaia. O craque só voltaria a brilhar pela seleção em 1995.
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Ficando na Itália
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Após a Copa de 1990, Francescoli nem voltou para a França: ficou na Itália mesmo, para jogar no Cagliari. De novo em um clube pequeno, ele teve de se desdobrar para ajudar a equipe da Sardenha a não cair para a segunda divisão, coisa que conseguiu, ao marcar gols importantes e construir ótimas jogadas. Em sua terceira temporada no Calcio, Francescoli ajudou o Cagliari a conquistar uma surpreendente sexta colocação na Serie A e uma vaga na Copa da UEFA. Seus 7 gols naquele ano culminaram com seu melhor desempenho em terras italianas na carreira. Em 1993, Francescoli aceitou uma proposta do Torino, então campeão da Copa da Itália, e mudou de ares no país da bota.
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No Toro, Francescoli não repetiu as boas atuações de outros anos e não venceu nenhum título, ficando no quase na Copa da Itália, na Serie A e na Recopa Europeia. Aos 33 anos, ele sabia que chegava a hora de pensar na aposentadoria. Por isso, resolveu voltar para o seu querido River Plate.
Consagração e ascensão
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Francescoli começou a ser contestado principalmente em seu país em 1994 e 1995, quando voltou da Europa para jogar no River Plate, da Argentina. Muitos duvidavam que o craque pudesse desempenhar um bom papel com 33, 34 anos. Mas ele mostrou que ainda tinha muita lenha para queimar. E muitos shows a protagonizar. Em 1994, foi o artilheiro do Apertura e ajudou o River a vencer mais um título nacional. Em 1995, não ganhou nada com o River, mas brilhou na seleção uruguaia, ao vencer sua terceira Copa América na carreira, jogando em casa, e batendo o Brasil, então campeão mundial, na final. Naquele ano, Francescoli foi eleito o melhor jogador sul-americano do ano. O craque decidiu se aposentar da seleção após a conquista, mas retornaria para algumas aparições tempo depois, já sem muito brilho. Ele queria se dedicar exclusivamente ao seu River.
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Um ano perfeito
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Se em 1995 o River não ganhou nada, em 1996 a história foi bem diferente. Ao lado de jovens estrelas como Sorín, Ortega, Almeyda, Crespo e Gallardo, ele foi o maestro e líder do time que venceu a Copa Libertadores da América daquele ano, exatamente 10 anos após a primeira conquista. O River teve apenas duas derrotas na competição e bateu novamente os colombianos do América de Cali na final, com um 2 a 0 na decisão, no Monumental de Nuñez absolutamente lotado.
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Era a coroação de Francescoli e daquela maravilhosa geração de craques do River Plate. O time era o melhor do continente e Francescoli o grande ídolo do clube. Para ele, era a quitação de uma dívida por ter saído do clube justamente em 1986, ano em que o River venceu sua primeira competição continental. O craque uruguaio comentou, tempo depois, que aquele conquista, somada ao título da Copa América de 1995, foram os melhores momentos de sua carreira.
Outro caneco e o encontro com o “súdito”
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Tempo depois, outro caneco: o Campeonato Argentino-Apertura, com nove pontos de vantagem sobre o vice-campeão. O River seguia soberano e com moral para o jogo mais importante daquela temporada: o Mundial Interclubes, que seria disputado contra a brilhante Juventus, de Del Piero, Deschamps e Zidane, o francês que tinha Francescoli como ídolo. No embate entre o craque e seu fã, melhor para Zizou, que venceu o Mundial com a Juve. O River perdia a chance de superar o rival Boca em número de títulos mundiais, já que os xeneizes tinham uma conquista, assim como o River.
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Tricampeão e recorde
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Após o baque da perda do Mundial de 1996, Francescoli foi novamente decisivo na conquista do tricampeonato argentino do River, que venceu tanto o Apertura quanto o Clausura em 1997. Naquele ano, o River teve o recorde de vencer dois títulos em apenas quatro dias: a Supercopa da Libertadores, contra o São Paulo, e o Apertura, no jogo decisivo contra os Argentinos Juniors, que terminou empatado em 1 a 1, resultado que garantiu o título aos “Millonarios”. Vivendo uma fase incrível, Francescoli sabia que aquela era a hora de parar, por mais dolorido que pudesse ser.
O adeus de um gênio
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Francescoli se despediu do futebol após a brilhante temporada de 1997. O craque foi recebido com festa e comoção em um Monumental de Nuñez lotado. Acabava ali a trajetória do maior ídolo do River Plate e do melhor jogador uruguaio das décadas de 80 e 90. Curiosamente, depois da aposentadoria de Francescoli, nunca mais o River brilhou em competições internacionais, tendo vencido apenas competições nacionais e acumulado nos últimos anos vexames históricos, como o rebaixamento em 2011. As apresentações de “El Príncipe” ficaram marcadas para sempre na história do futebol como divinas, surpreendentes e irresistíveis. Sua habilidade e estilo de jogo encantaram plateias nas Américas e no mundo, fazendo dele um imortal do futebol.
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