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Em entrevista exclusiva, Alírio Moraes detalha cenário do Tricolor e faz desabafos
Penduradas na sala da presidência do Santa Cruz, imagens emolduradas de momentos vitoriosos de Alírio Moraes no clube. A conquista da Copa do Nordeste e do Pernambucano, no começo de 2016; o acesso à elite, em 2015. Retratos de uma história de conquistas e agora eclipsada pelo rebaixamento no Brasileirão. Escrever novos capítulos gloriosos a partir de janeiro, dignos de novas fotografias para adornarem as paredes do recinto, é o que o presidente anseia. E Alírio é otimista para isso.
O presidente não enxerga um cenário tão nebuloso para o Santa no início do próximo ano, o último de seu mandato. Descarta qualquer semelhança da atualidade com o que o viveu o clube há uma década, no último rebaixamento do clube na elite. Em entrevista ao Superesportes, embora lamente o baixo orçamento que precisou lidar nesta temporada, traça boas perspectivas ao Mais Querido para o novo ano. Não deixa de assumir erros que cometeu no Brasileiro, porém. Bombardeado de problemas, agravados durante a disputa da Série A, revelou que pode até não concorrer a uma reeleição ao término do seu mandato, em dezembro de 2017.
O que leva a crer que 2017 não será igual a 2007?
"O Santa, além de chegar mais fortalecido numa Série B que naquele período, tenho impressão que chega até com perspectiva melhor até em relação a 2015, quando assumimos a presidência. Primeiro porque chega com contrato de participação na Série B assinado e já garante cotas. Segundo: a gente tem cinco campeonatos a disputar garantidos. A gente tem patrocinador master (MRV Engenharia, com R$ 100 mil por mês) também garantido até dezembro de 2017. Temos ainda a perspectiva de começar o ano com patrocínios novos, temos contrato com a loja (da sede), com a Penalty, que têm nos dado royalties. Não quero fazer comparação com 2006 para não haver injustiça, mas os cenários de negócios, assinados ou apalavrados, dão uma tranquilidade para a gente iniciar o ano."
As cotas de televisão vão cair. Isso não vai prejudicar muito o orçamento?
"As cotas de televisão caem. Para a Série B, o patamar giraria em torno de R$ 7 milhões. Há discussões para se chegar a R$ 10 milhões. É uma queda substancial (nos R$ 23 milhões), porém é o que se apresenta para nós. No futebol, onde está a maior concentração de despesas, não vamos precisar do nível de investimento como neste ano. Então, haverá uma readequação completa. Há um esforço até pessoal, de comprometimento de patrimônio, para se buscar receitas, pagar restante de conta de 2016 e não comprometer 2017."
Os jogadores que mantêm contrato com o Santa e têm salários elevados para um patamar de Segunda Divisão, como Grafite, João Paulo e Tiago Cardoso, não seriam onerosos para este orçamento mais baixo?
"Temos que conversar com todos eles. Como são jogadores que têm um peso, um nome, há a possibilidade de convites de times do país e de fora dele. Vou fazer o máximo esforço para manter no elenco o que a gente enxerga como importante para 2017, mas não vou fazer grandes sacrifícios financeiros. Tem que ser dentro das possibilidades para se pagar essa nossa conta. É um objetivo nosso pagar todo mundo em dia em 2017."
O que leva a crer que 2017 não será igual a 2007?
"O Santa, além de chegar mais fortalecido numa Série B que naquele período, tenho impressão que chega até com perspectiva melhor até em relação a 2015, quando assumimos a presidência. Primeiro porque chega com contrato de participação na Série B assinado e já garante cotas. Segundo: a gente tem cinco campeonatos a disputar garantidos. A gente tem patrocinador master (MRV Engenharia, com R$ 100 mil por mês) também garantido até dezembro de 2017. Temos ainda a perspectiva de começar o ano com patrocínios novos, temos contrato com a loja (da sede), com a Penalty, que têm nos dado royalties. Não quero fazer comparação com 2006 para não haver injustiça, mas os cenários de negócios, assinados ou apalavrados, dão uma tranquilidade para a gente iniciar o ano."
As cotas de televisão vão cair. Isso não vai prejudicar muito o orçamento?
"As cotas de televisão caem. Para a Série B, o patamar giraria em torno de R$ 7 milhões. Há discussões para se chegar a R$ 10 milhões. É uma queda substancial (nos R$ 23 milhões), porém é o que se apresenta para nós. No futebol, onde está a maior concentração de despesas, não vamos precisar do nível de investimento como neste ano. Então, haverá uma readequação completa. Há um esforço até pessoal, de comprometimento de patrimônio, para se buscar receitas, pagar restante de conta de 2016 e não comprometer 2017."
Os jogadores que mantêm contrato com o Santa e têm salários elevados para um patamar de Segunda Divisão, como Grafite, João Paulo e Tiago Cardoso, não seriam onerosos para este orçamento mais baixo?
"Temos que conversar com todos eles. Como são jogadores que têm um peso, um nome, há a possibilidade de convites de times do país e de fora dele. Vou fazer o máximo esforço para manter no elenco o que a gente enxerga como importante para 2017, mas não vou fazer grandes sacrifícios financeiros. Tem que ser dentro das possibilidades para se pagar essa nossa conta. É um objetivo nosso pagar todo mundo em dia em 2017."
O que mais contribuiu para a queda do Santa Cruz?
"Um clube que disputa uma Série A com esse orçamento, é como Tininho (vice-presidente Constantino Júnior) falou quando estávamos fechando contrato da Série A com a Globo, em 2014. Ele disse que “com esse tamanho de cota (R$ 23 milhões no ano) estávamos carimbando a nossa descida”. E é verdade. Foram R$ 40 milhões que o canal Esporte Interativo deu ao Bahia neste ano pela transmissão dos jogos. Ao Santa, ofereceram R$ 3 milhões. Não quero dizer que é injusto, mas se tivéssemos o valor do Bahia, não teríamos crise, teríamos feito investimentos em jogadores. A volta à Série A foi circunstancial, não nos colocou no mesmo patamar de outros clubes. A gente estimava R$ 40 milhões, R$ 30 milhões, e foi possível só R$ 23 milhões. Essa diferença a gente esperava que viesse de programa de sócios, de patrocínio master, que não tínhamos ainda, e de bilheterias. Retenções legais (no repasse da Globo e da Conmebol) ainda aconteceram por débitos do passado. A gente acabou recebendo valores bem menores que o bruto."
Mas em que ponto, especificamente, a sua gestão errou?
"Quando iniciamos o ano pensando em Série A, talvez a gente tenha feito estimativa em relação a patrocínio, bilheterias e programa de sócios. Fico imaginando se foi a nossa comunicação foi errada para o perfil do torcedor do Santa Cruz, se o plano de sócios foi errado para o perfil do torcedor do Santa Cruz."
Então, para amenizar pelo menos a questão das bilheteiras em 2017, você articula com o Governo do Estado a volta de um programa de incentivo ao subsídio de ingressos, como existia no Programa Todos com a Nota?
"Sinceramente, não. Acho que a situação financeira do Estado é também de muita dificuldade financeira. O Programa criou uma cultura perversa de ingresso gratuito. Torcedor de baixa renda se habituou ao sistema e, hoje, a gente tem dificuldade em trazê-lo para o estádio mesmo colocando ingressos promocionais. Em algumas promoções que nós fizemos, o torcedor não veio."
Como os cofres do Santa Cruz vão terminar o ano? Existe previsão de pagamento para funcionários e jogadores?
"Este ano pode terminar melhor se eu conseguir um volume de receita que eu estou negociando com fornecedores, através de receitas pessoais. A gente pode chegar em dezembro com tudo pago. Claro que momento de hoje é muito crítico. Como estamos sem receita e com contas vencendo, estou junto de Tininho fazendo uma ginástica financeira, tirando do bolso, para pagar as despesas do dia a dia. Mas com mais uma semana a gente espera uma entrada de dinheiro novo. Vamos começar a saldar a folha administrativa e dos atletas. Pelo menos uma folha de pagamento a gente paga até lá."
De quanto o Santa Cruz precisaria para não terminar 2017 no vermelho?
"Da Conmebol, pela participação na Copa Sul-Americana, a gente tem ainda R$ 1,7 milhão a receber depois de ter ficado mais de R$ 1 milhão na Justiça. Temos que receber mais dinheiro de cotas, de transferência de jogador, da Penalty. O somatório disso tudo ultrapassa um pouquinho os R$ 4 milhões. Precisaríamos ainda de mais uns R$ 4 milhões ou R$ 5 milhões para terminar o ano com tranquilidade."
Ao assumir a presidência do Santa Cruz, você sinalizou mudanças no departamento de futebol para 2017. Elas ocorrerão em 2017?
"Fizemos várias e várias avaliações para ter um gerente de futebol ou executivo. Tininho chegou a mensurar valores de mercado no início da gestão. A gente estabeleceu relação de causa e efeito e viu que clubes que contrataram esse tipo de profissional não foram campeões. O modelo atual do departamento de futebol, inclusive, foi pensado também para a gente não estar gastando também. Poxa vida. É insano você criticar o modelo. Quem é o grande campeão do Norte e Nordeste nos últimos seis anos? Criticar por não ter feito uma boa Série A? Não tinha dinheiro para montar um elenco melhor do que foi montado. Montando esse elenco, não conseguimos chegar em novembro pagando em dia."
Faltou só dinheiro ou faltou mais ousadia para investimentos maiores?
"Cheguei a engolir essa pilha da torcida. Era eu querendo saltar sem paraquedas e Tininho me segurando pelo cós da calça (risos). Com Fernandinho, que está no Flamengo, chegamos até a negociar o salário dele porque o Grêmio (detentor dos direitos econômicos do atacante) queria Raniel. Um empresário quer ganhar, outro também. Quando você vê, dobra o custo do jogador."
Já é momento de pensar em reeleição para mais um triênio?
"Me sinto absolutamente encurralado. Em alguns momentos, me sinto solitário para abraçar este universo de problemas. Tenho mandato até dezembro de 2017 e pretendo deixar o Santa Cruz com outro acesso, mas não tenho como antecipar (uma reeleição), hoje. E mesmo com uma dose de sorte e competência, tudo desse certo, ganhando títulos do Pernambucano e da Copa do Nordeste. Você é confundido pelos próprios funcionários como salvador da pátria. As pessoas não entendem que eu sou um ser humano, com as minhas limitações. Não sei se vou querer ter esta obrigação."
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