De Vitor Birner
Alguns conselheiros do clube tentam reunir assinaturas para entrarem com pedido de abertura de votação do impeachment de Roberto de Andrade. Alegam que o presidente assinou, dois dias antes de ser eleito, o aditivo contratual estendendo prazo para a Odebrecht encerrar as obras na Arena em Itaquera.
Se a falsidade ideológica realmente houve, tecnicamente podem ter embasamento para a iniciativa. A transformação da ideia em algo concreto dependerá de conjunturas internas e negociações dos cartolas.
Na política e no futebol, a leitura mais ampla do que sugerem os argumentos apresentados pelos protagonistas é primordial para quem pretende entender os porquês de questionarem.
É um jogo disputado além dos gramados.
A insatisfação com a gestão é grande em vários setores da instituição, mas duvido, por exemplo, que se o Alvinegro mantivesse elenco forte e dinheiro para investir no futebol haveria tal iniciativa. A cultura do país privilegia os resultados acima da ética.
A fragmentação política
Andrés Sanchez, principal cabo eleitoral na eleição de Roberto Andrade, perdeu força do Parque São Jorge e neste momento faz parte de uma oposição ainda indefinida.
Paulo Garcia provavelmente seria candidato contra a situação, se o pleito fosse realizado em breve, e teria apoio do deputado. Como o mandato é de três anos e o atual presidente foi eleito em fevereiro retrasado, qualquer articulação atual pode ser alterada com negociações nos bastidores e conquistas de torneios.
Além das duas chapas, haveria a possibilidade doutra, encabeçada por Fernando Alba, incomodado com ambos os lados.
A única convicção é que atualmente a quantidade de cartolas contrários à gestão de Roberto de Andrade é grande.
Recusaram a diretoria mais forte
Após Eduardo Ferreira, orientado por Andrés Sanchez, sair do almejado cargo de diretor de futebol, Roberto de Andrade teve dificuldade para achar quem topasse substituir quem renunciou.
Sergio Janikian, que ocupou a função por alguns meses, Duílio Monteiro Alves, adjunto do próprio Roberto Andrade na diretoria de futebol da gestão anterior, Nei Nujud, que ocupou o cargo quando Oswaldo de Oliveira ganhou o Mundial do Rio de Janeiro desdenharam dos convites do mandatário. e; Fernando Alba, ex-diretor da base na gestão de Mario Gobbi, preferiu negar ser adjunto na do futebol.
Todos apoiaram o presidente na última eleição. Seriam, em tese, candidatos aos cargos.
O racha político é grande.
Apenas Flávio Adauto, obsoleto e incapaz de acordo com a avaliação de alguns cartolas da agremiação, que exerceu tal função quando Dualib foi presidente do Alvinegro, aceitou a empreitada. A escolha tem sido muito criticada no Parque São Jorge.
Extrapola questões financeiras e esportivas
Os incomodados, nos bastidores, afirmam que o presidente é centralizador. Tomou decisões e nem as colocou em pauta para serem debatidas com os pares da diretoria.
Alegam que algumas foram anunciadas antes de os mesmos saberem. O próprio Eduardo Ferreira falou que sequer sabia da negociação para contratar o o Osvaldo de Oliveira. As reclamações são muitas, sejam na gestão do clube ou na do futebol.
Reclamam que Roberto de Andrade é ausente da parte social e da presidência dentro da área física do Parque São Jorge. Citam que despacha da empresa que é proprietário e deveria fazer do clube, além de não comparecer aos eventos da instituição, como o carnaval fora de época e jantar de aniversário do Alvinegro.
As multas e o elenco
Argumentam que o desmanche do elenco tem parte de responsabilidade do Roberto de Andrade, pois foi diretor de futebol e poderia elevar os valores das multas rescisórias.
De quebra, questionam a contratação de Alexandre Pato, avaliado pelo próprio presidente como péssimo negócio.
Cássio: pior Brasileirão pelo Corinthians
Herói do Corinthians nos títulos da Libertadores e do Mundial de Clubes de 2012 e um dos destaques do time na conquista do último Brasileirão, o goleiro Cássio, de 29 anos, vem passando pelo seu pior momento pelo clube. Depois de perder a titularidade no início do Brasileiro, com o técnico Tite, o goleiro voltou a ser reserva com Oswaldo de Oliveira e só voltou ao time após a lesão de Walter.
Neste Brasileirão, Cássio disputou 21 jogos e sofreu 26 (quatro deles no último sábado no clássico contra o São Paulo). Pela primeira vez, desde que estreou pelo clube na competição, em 2012, o goleiro tem uma média de gols sofridos superior a um por partida (1,24). Walter, o reserva, levou 12 gols em 15 jogos (0,80).
Desde 2012, esse é também o ano que Cássio menos atuou depois de estrear na equipe. Em 2012, disputou 43 jogos, mas depois da estreia, em maio. Agora, em 2016, fez 44 jogos. Em 2013, disputou 49 jogos; em 2014, fez 51 jogos; e em 2016, jogou 60 partidas.
Desempenho de Cássio pelo Corinthians em Brasileiros:
Ano | J | G | CA | CV |
2012 | 32 | -32 | 2 | 0 |
2013 | 29 | -18 | 0 | 0 |
2014 | 35 | -29 | 2 | 0 |
2015 | 35 | -29 | 2 | 0 |
2016 | 21 | -26 | 1 | 0 |
Total | 152 | -134 | 7 | 0 |
Em 2016, Cássio se tornou o quarto goleiro que mais vezes defendeu o Corinthians, superando Ado e Bino nessa temporada. Hoje, o gaúcho tem 251 jogos pelo clube e está atrás de Cabeção (324 jogos entre 1949 e 1966), Gilmar (395 jogos entre 1951 e 1961) e Ronaldo (602 jogos entre 1988 e 1998). Com contrato até dezembro de 2019, tem chance de ganhar mais algumas posições nessa lista. Resta saber, porém, se fica no clube até lá.
autor ; Rodolfo Rodrigues
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