Um FC Porto-Benfica que não é para velhos
Um clássico de borbulhas no rosto. Assim deverá ser o FC Porto-Benfica de domingo, no Dragão, para a 10ª jornada da liga.
Um clássico de gente nova, que retirou idade às equipas que pela última vez se defrontaram naquele recinto, em setembro de 2015, ou mesmo ao último encontro, na Luz, em fevereiro.
Será consensual que André Silva e Alex Grimaldo têm sido as principais figuras de FC Porto e Benfica.
Otávio, Óliver, Diogo Jota, Cervi, Gonçalo Guedes e Nelson Semedo seguem-se na lista. Mas um clássico pode separar os rapazes dos homens. Responderão eles ao desafio? Quem já passou por isto não tem dúvidas nenhumas de que sim.
Iker Casillas e Luisão. Os dois entram no clássico da mesma maneira: sem perceberem muito bem que isto é uma festa under-30. O espanhol e o brasileiro serão, muito provavelmente, os únicos trintões em campo, de início, apesar da dúvida Maxi Pereira/Layun na lateral-direita portista.
O guarda-redes do FC Porto e o central do Benfica influenciam as médias de idades das respetivas equipas. Ainda assim, nenhuma delas deverá passar os 25 anos, embora Maxi Pereira possa elevar ligeiramente o valor nos portistas.
O onze provável do FC Porto e respetivas idades
Média de idades: 25 (André Silva celebra 21 anos domingo)
Apesar da dúvida na lateral-direita, Alex Telles, Otávio, Óliver (o único que conta com clássico FC Porto-Benfica), André Silva e Diogo Jota deverão ser lançados. Todos eles em «idade olímpica», o lateral-esquerdo o único que não é sub-21. Mais do que isso, é neste grupo que se apresentam as principais figuras da temporada, com o inevitável André Silva, aniversariante domingo, a liderar a lista de esperanças portistas.
O onze provável do Benfica e respetivas idades
Média de idades: 24,7
Éderson, Nelson Semedo, Lindelof (já com clássicos) e Cervi deixaram de ser sub-21, mas estão longe de ser jogadores com a «veterania» de um Salvio, por exemplo.
Gonçalo Guedes (jogou no Dragão em 2015/16) e Grimaldo são mais novos, mas, tal como acontece com a juventude draconiana, são eles os protagonistas da época encarnada.
A época de FC Porto e Benfica está cheia de acne, portanto.
«São jogadores de elite, não acusam a pressão»
Hugo Leal jogou num FC Porto-Benfica aos 18 anos, ele que reprresentou os dois emblemas. Quando lá chegou, já era um titular dos encarnados, um pouco como acontece com os intervenientes de domingo.
Um dado que salta à vista também é que, de um lado e de outro, há gente da formação ou que, apesar de tenra idade, já andou nestas andanças.
«Um jogo destes não tem a pressão de um encontro normal, já se fala nele durante a semana anterior, por exemplo», disse Hugo Leal ao Maisfutebol.
O antigo médio refere que apesar de o palco mediático ser, obviamente, muito maior, «são jogadores que já passaram por muitos dérbis e clássicos na formação, já têm essa experiência», logo há uma habituação à rivalidade durante o crescimento.
Quanto à grandeza do palco, todos eles estiveram presentes na Liga dos Campeões.
«Não creio que seja diferente porque, atualmente, o nível competitivo é muito elevado. Os campos em que jogam Benfica e FC Porto estão sempre bem compostos e por aí não creio que tenha acréscimo de pressão.»
Ainda assim, o mediatismo, o símbolo que trazem ao peito, o ambiente, normalmente quente, e o que está em jogo (não são bem apenas três pontos, pois não?) obrigará a um maior controlo emocional.
Casillas e Luisão tê-lo-ão. E os miúdos? A bola vai queimar no pé? «Estamos a falar de jogadores de elite. Não vai estar ausente qualquer característica técnica pelo nível de dificuldade deste jogo. É preciso controlo emocional, mas é precisamente por o terem que são jogadores de elite», argumentou Hugo Leal.
O antigo internacional português é perentório: «Se vão acusar a pressão? Creio que não!»
Jogar clássicos fará parte do futuro dos Silvas & Guedes, chamemos assim ao grupo. «Este tipo de jogos passará a ser encarado com normalidade, é fundamental para o crescimento deles», garantiu Hugo Leal que, na altura, estava mais ou menos na mesma posição em que estes rapazes.
«Eu soube durante a semana que ia ser titular. Mas já era expectável jogar. Na minha carreira sempre abordei estas situações com muita naturalidade, não sei se por me sentir cómodo com as minhas condições.»
A juventude do plantel portista foi abordada após a vitória sobre o Club Brugge, na quarta-feira. Nuno Espírito Santo enalteceu o lado rebelde que traz ao jogo. Chamou-lhe irreverência.
Num Clássico que vale muito na luta pelo título é costume aglomerar-se a experiência de cada elemento para sugerir uma superioridade sobre a outra equipa. Mas como já se percebeu, este deverá ser um FC Porto-Benfica ligeiramente diferente nesse aspeto. E não necessariamente pior para qualquer um deles.
«Normalmente, a irreverência está associada a alguma irresponsabilidade. Isso afasta a pressão e nesse caso joga a favor. Alguém irreverente não terá noção do peso de responsabilidade e vai arriscar. Mesmo que falhe, não sentirá responsabilidade e arrisca de novo, o que pode ser benéfico. Um jogador experiente sente-se responsável e hesita. Se falha, deixa de arriscar. Tem os seus prós e contras em relação à experiência, elas contrastam entre si. Não consigo dizer qual é o melhor.»
No caso do FC Porto existe diferença para a época passada, mas não tão grande, pois nos clássicos de 2015/16 jogaram Ruben Neves e Chidozie, que já baixavam a média. Já o Benfica rejuvenesceu muito, mesmo com André Horta fora do onze.
Em fevereiro de 2016, na Luz, as duas equipas apresentaram médias de 25,7 (FC Porto) e 26,8 (Benfica), estes já com os 18 anos de Renato Sanches em campo.
Mais velhos ainda estavam FC Porto e Benfica na primeira volta da época passada: 25,8 e 27,7 respetivamente.
Ou seja, em 14 meses, os dragões ficaram oito meses mais novos: 25,8 para 25.
Já as águias rejuvenesceram exatos 3 anos!
Em suma, e salvo alguma surpresa nos onzes, o clássico de domingo terá uma média de idades a rondar os 25 anos, mesmo a contar com os 70 de Iker Casillas e Luisão, os «adultos» da festa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário