sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Inter anexa documento da Fifa, mas CBF reforça: "Não há irregularidade"


Por Rio de Janeiro e Porto Alegre

Entidade internacional cobrou uso de TMS em parecer de maio. Dirigente da CBF lembra que casos do tipo são comuns: "No máximo causaria multa ao time no México"

Entre as reuniões e análises de documentos para entrar com notícia de infração contra o Vitória, por suposta irregularidade no caso Victor Ramos, o Internacional vai levar carta da Fifa de 24 de maio deste ano endereçada ao diretor de registros e transferências da CBF. No parecer, a entidade máxima do futebol mundial dizia que o uso do TMS (sistema de transferências da Fifa) é obrigatório em transações internacionais. O departamento jurídico do Internacional analisa o caso e prepara o texto para dar entrada no STJD, o que só deve acontecer na segunda-feira.
- Não tem nada irregular. Se existe irregularidade na transferência internacional quem tem que julgar é a Fifa. No Brasil não tem nada errado. O Vitória não fez nada errado - disse Reinaldo Buzzoni, diretor de registro e transferência da CBF.
O Internacional quer voltar à Fifa, onde existe um processo em aberto ainda do Campeonato Baiano, e também pode acionar a Justiça Comum indo adiante no caso que começou com ações no Tribunal de Justiça Desportiva da Bahia - com o Flamengo de Guanambi e o Bahia - e que já foi arquivado e desarquivado pelo STJD. 
A CBF reforça que não há irregularidade no registro de Victor Ramos. Buzzoni reconhece que o procedimento não foi o correto, mas afirma a irregularidade existiria pela falta do ITC (o certificado internacional de transferência), o que não aconteceu. Para ele, o STJD não deve nem aceitar a denúncia do Internacional. 
- No máximo a Fifa poderia multar o México - diz Buzzoni. Leia a entrevista completa abaixo.
Internacional em silêncio: O corpo jurídico do Colorado segue na cidade do Rio. Eles analisam documentações, pareceres e todo o caso que envolveu o Vitória, o Flamengo de Guanambi, o Bahia, a CBF e o STJD desde o início do ano.O GloboEsporte.com tentou ouvir os advogados do clube, que, no momento, preferiram não falar. 
Relembre o caso: A suposta irregularidade decorreria da transferência do defensor para o Vitória após o término de seu empréstimo ao Palmeiras, clube no qual atuou em 2015. Ramos tem seus direitos ligados ao Monterrey, do México. Ocorre que o atleta estava registrado no TMS (Transfer Matching System) da Fifa como jogador do Palmeiras, com contrato ativo com o clube paulista. Tal transação teria sido feita sem seguir os passos recomendados pela entidade numa negociação internacional. 

O documento da Fifa, enviado em maio, dizia que "o uso do TMS é um passo obrigatório para todas as transferência internacionais de jogadores profissionais masculinos para dar maior transparência às transações individuais". O texto da entidade internacional, no entanto, lembra que "o ITC não foi pedido por e entregue para a Federação Mexicana de Futebol".
Vitória reafirma regularidade: Em nota enviada ao GloboEsporte.com na quarta-feira, o diretor executivo do Vitória, Anderson Barros, mantém a mesma posição adotada meses atrás. Nega qualquer irregularidade. 

– O Vitória já comprovou que não há qualquer irregularidade. Não cabe mais nos dias de hoje esse tipo de movimentação, o futebol não merece mais isso. Mas caso eles façam essa movimentação, todas as justificativas legais já foram feitas – disse. 
Trecho documento Fifa Victor Ramos (Foto: Reprodução)Trecho de documento da Fifa: transferência de Victor Ramos ainda rende polêmica (Foto: Reprodução)
Confira a entrevista com o diretor de registro e transferência da CBF:
O documento da Fifa fala em "medidas que não foram tomadas" na transferência do Victor Ramos para o Vitória - pois não passou pelo "passo obrigatório" do uso do TMS, como descreve o texto do dirigente da Fifa. Isto não caracteriza erro no procedimento?
Reinaldo Buzzoni: O documento do Omar (dirigente da Fifa) diz que a transferência é nacional. O ITC (certificado de transferência internacional) não ficou no Brasil? O que caracteriza um jogador estar irregular numa transferência internacional? Não é quando não o TMS, é quando não tem o ITC. A transferência do jogador não foi feita pelo Palmeiras e ele estava regular no Palmeiras? Ele não voltou para o México. Então, o ITC dele continuou no Brasil. O México não fez o pedido do retorno do ITC. Porque motivo não fez é problema do México, não é nosso. O México autorizou ele ficar no Brasil. Tem documento autorizado pelo time mexicano autorizando ele a ficar no Brasil. Não tem nada irregular. Se existe irregularidade na transferência internacional quem tem que julgar é a Fifa. No Brasil não tem nada errado. O Vitória não fez nada errado. 

Mas a Fifa não julgou ainda o caso. Não pode haver outro entendimento?
A Fifa nem vai julgar. Não vai nem abrir procedimento contra isso. Isso acontece várias vezes. Os clubes esquecem de pedir, deixa fechar a janela. O ITC de volta. Isso acontece várias vezes, em todas as janelas. O cara alegar agora que isso é uma irregularidade na 37ª rodada? Por que não fez isso no começo? É a coisa mais ridícula um clube tentar entrar no STJD dessa forma. 

Você falou com o Internacional. Eles desistiram de entrar com a notícia de infração?  

Não sei, eu falei para eles, porque conheço o pessoal do Inter, "se vocês entrarem vão perder, porque isso acontece normalmente." É um procedimento que não fizeram, que seria o correto, do TMS. Só que não tem nada irregular quanto a isso. O ITC está no Brasil. O clube autorizou ele a ficar aqui. Não tem nada irregular na questão. Ele jogou 28 rodadas e agora porque tem risco de rebaixamento vai entrar com essa questão agora? O STJD já falou desse processo no caso do Bahia. A questão é que o Bahia entrou lá atrás, mas era outro caso. Falava da data limite de registrar jogador vindo do exterior. O Victor Ramos foi registrado dois dias depois dessa data. E o Bahia alegava que ele era irregular, não porque não tinha TMS, mas porque era jogador vindo do exterior. Aí nós justificamos, fiz a carta dizendo que o jogador estava no Brasil, dizendo que ele não retornou porque o clube do México não pediu o retorno. Por que o México não pediu é problema do México, não é nosso. E o jogador continuou no Brasil.

Você comentou que o procedimento correto não foi obedecido...

Mas não causa irregularidade. O que poderia acontecer é a Fifa dar multa no México por não ter feito o retorno. Somente isso. Não é irregular. Isso acontece inúmeras vezes. Não tem fundamento nenhum. Se a Fifa abrir procedimento vai abrir contra o México por não ter feito o pedido. Eles (Internacional) podem usar, mas não vão conseguir. Não sou eu que julgo, evidentemente, mas não sei nem se o tribunal vai acatar a denúncia. Não acredito. Processo que já foi analisado, já foi arquivado... 

Nenhum comentário:

Postar um comentário