Nascimento: 11 de Setembro de 1945, em Munique, Alemanha.
Posição: Líbero
Clubes: Bayern München-ALE (1964-1977), New York Cosmos-EUA (1977-1980 / 1983) e Hamburgo-ALE (1980-1982).
Principais títulos por clubes: 1 Mundial Interclubes (1976), 3 Liga dos Campeões da UEFA (1973/1974, 1974/1975 e 1975/1976), 1 Recopa Europeia (1966/1967), 4 Campeonatos Alemães (1968/1969, 1971/1972, 1972/1973 e 1973/1974) e 4 Copas da Alemanha (1965/1966, 1966/1967, 1968/1969 e 1970/1971) pelo Bayern München.
3 Campeonatos Estadunidenses (1976/1977, 1977/1978 e 1979/1980) pelo New York Cosmos.
1 Campeonato Alemão (1981/1982) pelo Hamburgo.
Principais títulos por seleção: 1 Copa do Mundo (1974) e 1 Eurocopa (1972) pela Alemanha.
Principais títulos individuais:
Bola de Ouro da Revista France Football: 1972 e 1976
Melhor jogador do ano pela Revista World Soccer: 1972 e 1976
Eleito para o Time da Copa do Mundo da FIFA: 1966, 1970 e 1974
Eleito para o Time da Europa do ano: 1972, 1976
Jogador Alemão do ano: 1966, 1968, 1974, 1976
Jogador mais valioso da Liga Norte-Americana de Futebol: 1977
Melhor Jogador Jovem da Copa do Mundo da FIFA: 1966
FIFA 100: 2004
Marca Leyenda: 2012
“Der Kaiser da bola”
O futebol alemão já era campeão mundial quando, em 1964, exatamente 10 anos depois do primeiro título mundial, conheceu um novo jogador, que seria o maior símbolo do esporte na Alemanha por duas décadas. Esse jogador mudaria para sempre o futebol no país com uma elegância e eficiência nunca antes vista na história, além da extrema liderança em campo. Suas atuações brilhantes, fabulosas e seguras deram a ele o título de “Der Kaiser” (O Imperador, em alemão). Franz Beckenbauer foi, sem dúvida, o maior jogador alemão da história do futebol, e também um dos cinco ou seis maiores jogadores de todos os tempos. O craque podia jogar plenamente na zaga, formidavelmente no meio de campo e até como lateral. Para melhorar, ainda marcava gols. Foi um dos grandes líderes do super Bayern München da década de 70 e capitão da Alemanha nos títulos da Europa e do Mundo, também na década de 70. Depois de pendurar as chuteiras, conseguiu se igualar ao brasileiro Zagallo e ser o segundo homem a vencer uma Copa do Mundo tanto como jogador quanto como técnico. É hora de relembrar o mito alemão.
O início com o amigo Maier
Beckenbauer sempre gostou de esportes. Na infância, jogava tênis, juntamente com o amigo Sepp Maier. Tempo depois, Franz convenceu o amigo a jogar futebol junto com ele, por ser um esporte “mais fácil”. Maier aceitou, inclusive a recomendação da posição: goleiro, já que ele não tinha tanta habilidade com os pés. Sábios conselhos, pois, décadas depois, Sepp Maier se tornou o maior goleiro alemão da história! Convencer o amigo foi bem mais fácil para Beckenbauer, pois ele já havia peitado o próprio pai, que não aceitava ver o filho utilizar o único par de sapatos que tinha para jogar futebol. Com a bola nos pés, Beckenbauer começou nas categorias de base do SC 1906 München. Pouco tempo depois, foi para o Bayern München, onde faria história.
O início no time bávaro se mostrava promissor, mas difícil. A equipe via o rival local, o München 1860 viver uma ótima fase com muitos títulos, contrastando com o período obscuro do clube de Franz, que não tinha nenhuma tradição no continente e apenas um título alemão, conquistado em 1932. A recente conquista do clube havia sido a Copa da Alemanha de 1957. Mas isso mudaria a partir de 1966.
A primeira Copa
Beckenbauer já mostrou muita liderança e competência em campo logo em seu primeiro ano como profissional. Se o título da Bundesliga ficou com o rival, o mesmo não aconteceu na Copa da Alemanha, que ficou com o Bayern na temporada 1965/1966. O desempenho de Beckenbauer nesses anos o levou a condição de titular da Alemanha na Copa de 1966. O jogador logo mostrou seu potencial no primeiro jogo, contra a Suíça, ao marcar dois gols na goleada alemã por 5 a 0. Após empate sem gols contra a Argentina no segundo jogo, a Alemanha venceu a Espanha por 2 a 1 e garantiu vaga nas quartas de final. Beckenbauer novamente deu show e foi essencial na goleada de 4 a 0 sobre o Uruguai, quando marcou um dos gols. Na semifinal, páreo duro contra a URSS, mas vitória por 2 a 1 com mais um gol do Kaiser. Na final, contra os donos da casa (a Inglaterra), veio a decepção. Em um dos jogos mais polêmicos das Copas, os ingleses venceram por 4 a 2 e colocaram ponto final no sonho do craque em ser campeão mundial. Mesmo com o vice, ele ganhou um título: o de melhor jogador jovem da Copa.
Engrandecendo o Bayern
Depois de brilhar no mundial, Beckenbauer estava cheio de pompa e tinindo para explodir em seu clube. E foi o que fez. Na temporada 1966/1967 ele conduziu o Bayern ao título da Copa da Alemanha, conquistado categoricamente após vitória por 4 a 0 sobre o Hamburgo. O Bayern começava ali a formar uma equipe que seria em breve a maior da Europa, já com jogadores como Sepp Maier, Schwarzenbeck, Roth, Gerd Müller e, claro, Beckenbauer. A temporada 1966/1967 foi ainda melhor com o primeiro título internacional do clube bávaro: a Recopa Europeia, ou Taça dos Vencedores de Taças da UEFA. O clube alemão venceu o Rangers (ESC) na final com um gol na prorrogação marcado por Roth, que deu o tão sonhado título internacional ao clube de Munique. A conquista colocava o Bayern de vez na lista dos grandes da Alemanha.
A primeira Bundesliga
Beckenbauer virou capitão e líbero do Bayern em 1968/1969, justamente na temporada em que o clube venceu depois de 37 anos o título alemão, com uma boa vantagem de 8 pontos em relação ao vice-campeão, o Alemannia Aachen. Enfim, o time de Franz, Müller e Maier conquistava a liga nacional e, de quebra, um lugar na Liga dos Campeões da UEFA de 1969/1970.
Nova Copa e superação
Beckenbauer foi novamente uma das estrelas da Alemanha em mais uma Copa do Mundo, em 1970. Na fase de grupos, o time alemão passou fácil por Peru, Bulgária e Marrocos, com shows de Müller. Nas quartas de final, o time encontrou o algoz de 4 anos antes, a Inglaterra, e conseguiu a vingança em uma virada épica de 3 a 2 após estar perdendo por 2 a 0, com Beckenbauer marcando o primeiro gol da reação. Porém, na semifinal, o time encarou a fortíssima Itália, no maior jogo da história das Copas. A Itália abriu o placar logo no começo do jogo, mas a Alemanha empatou aos 45´do segundo tempo. Na prorrogação foi que aconteceu os fatos que fizeram daquele jogo o jogo do século, que ganhou até placa no estádio Azteca, no México.
Müller marcou o gol da virada da Alemanha, aos 94´, mas Burgnich empatou aos 98´. Riva fez o terceiro da Itália aos 104´, e Müller empatou de novo, aos 110´. Um minuto depois, Rivera fez o quarto da Itália, que decretou a vitória por 4 a 3. Foi épico. Mais épico ainda foi Beckenbauer. O craque teve uma fratura na clavícula justo quando a Alemanha já havia feito todas as suas substituições. Com isso, num gesto de superação, o jogador seguiu em campo com uma bandagem apoiando o braço, e jogou toda a prorrogação desse jeito, num dos acontecimentos mais marcantes da Copa. A dolorosa derrota não abalou a Alemanha, que correu atrás do terceiro lugar na Copa, ao vencer o Uruguai por 1 a 0. O Kaiser teria que esperar mais quatro anos até realizar o sonho de ser campeão por seu país.
Começando a hegemonia
Depois da Copa, Beckenbauer ajudou o Bayern a conquistar o tetracampeonato consecutivo da Copa da Alemanha, na temporada 1970/1971. Depois do caneco, o capitão começaria já em 1971 a nova dinastia do clube bávaro no país, quando conquistaria três títulos alemães, em 1971/1972, 1972/1973 e 1973/1974. Nesse período, também, ele tornou ainda maior a sua seleção.
Europa dominada
Se a Copa não veio em 1966 e 1970, Beckenbauer liderou a Alemanha na conquista da primeira Eurocopa do país, em 1972. O time venceu a URSS na final por categóricos 3 a 0, e o capitão pôde levantar seu primeiro troféu com a camisa alemã. No mesmo ano, o Kaiser venceu a Bola de Ouro da Revista France Football e o prêmio de melhor jogador do mundo pela Revista World Soccer. Era o combustível que ele precisava para fazer bonito na Copa do Mundo de 1974, que seria disputada em solo alemão.
Copa em casa
A Alemanha seguiu bem na Copa do Mundo de 1974 e não encontrou dificuldades durante o caminho até a final. A única derrota, para a Alemanha Oriental, foi praticamente conquistada para não ter de cair em um grupo complicado na fase final. A artimanha deu certo, e os germânicos foram à final. O adversário? Seria a Holanda, que encantava o mundo com o Futebol Total.
Virada e título mundial
Todos apostavam na Holanda na final da Copa, mesmo sendo na Alemanha e contra a Alemanha. Porém, os donos da casa tinha o antídoto para frear o ímpeto dos holandeses: marcar Cruyff como se não houvesse amanhã, ter Gerd Müller no ataque e a liderança e perfeição de Beckenbauer. Com esses itens, a Holanda abriu o placar, mas tomou a virada e foi derrotada. Zebra? Que nada! A Alemanha era, sim, mais eficiente e melhor que os laranjas. E Beckenbauer levantou pela primeira na história a Taça FIFA, que substituía a Jules Rimet, conquistada pelo Brasil em 1970. Era a coroação de uma geração brilhante da Alemanha, bem como de Beckenbauer, que se consagrava como um dos melhores jogadores do mundo.
Dominando tudo
Depois do título mundial, era hora de começar a dinastia europeia do Bayern. De 1974 até 1976 foram três títulos da Liga dos Campeões da UEFA, sucedendo os mesmos três canecos do Ajax (HOL). Em 1974, a final foi contra o Atlético de Madrid, da Espanha. O primeiro jogo terminou empatado em 1 a 1. Como não havia disputa por pênaltis, foi marcada uma nova partida. Foi nela que o Bayern mostrou toda a sua força e arrasou os espanhóis: 4 a 0, dois gols de Müller e dois de Hoeneß. Beckenbauer levantava, enfim, o primeiro troféu europeu do Bayern, o primeiro de um clube alemão na história. O clube alemão não disputou o mundial em 1974, e partiu para uma nova conquista europeia em 1975. A final, em Paris, foi contra o Leeds United, da Inglaterra. O jogo foi um dos mais polêmicos da história da Liga, devido a violência do clube inglês, que cometeu inúmeras faltas e do árbitro, que prejudicou demais o Leeds. Mas o Bayern não quis saber, soube controlar o jogo e venceu por 2 a 0, conquistando mais um título europeu. Assim como em 1974, o Bayern não quis disputar o Mundial de 1975.
O fim da dinastia
Beckenbauer e Cia. Ignoraram completamente o campeonato Alemão em 1975/1976 e partiram para conquistar o tricampeonato europeu. O Bayern decidiu contra os franceses do Saint-Étienne a Liga dos Campeões de 1975/1976. Com mais torcida em Glasgow, Escócia, do que os alemães, os franceses tinham convicção de que venceriam. Porém, um gol de Roth aos 57´decretou o título alemão, o tricampeonato consecutivo. Era a consagração do time mais bem sucedido na Alemanha e o melhor do continente. O Ajax, então soberano com seu tri, via o rival igualar o feito holandês. A novidade em 1976 ficou por conta da participação dos bávaros no Mundial Interclubes, contra os brasileiros do Cruzeiro. Na época, o título mundial ainda era decidido em duas partidas, uma na casa de cada equipe. No primeiro jogo, na Alemanha, vitória do Bayern por 2 a 0, gols de Müller e Kappellmann. Na volta, os alemães seguraram a pressão dos cruzeirenses no Mineirão abarrotado de gente (mais de 120 mil pessoas!), e o empate em 0 a 0 garantiu o primeiro título mundial do time alemão. Era o que faltava para Beckenbauer, Müller, Rummenigge, Hoeneβ e Sepp Maier. Também em 1976, Beckenbauer conquistou sua segunda dobradinha de prêmios individuais: Bola de Ouro pela France Football e Melhor do Mundo pela World Soccer.
Aventuras na terra do Tio Sam
Em 1977, aos 33 anos, já consagrado por ter transformado o Bayern no maior clube da Alemanha, e um pouco triste pela perda do título da Eurocopa de 1976, Beckenbauer decidiu partir para os EUA e jogar no New York Cosmos, assim como Pelé. O time americano já era famoso mundialmente por ter contratado Pelé em 1975. Porém, o Kaiser superou o próprio Rei e venceu o título de melhor jogador dos EUA logo em seu primeiro ano no time, e único jogando ao lado do maior craque do futebol mundial, que se aposentou.
Também em 1977, Beckenbauer perderia a chance de disputar sua quarta Copa, em 1978, por ser considerado “velho” pelo técnico alemão Helmut Schön. Mesmo preterido, Beckenbauer brilhou nos EUA e venceu três campeonatos estadunidenses.
De volta à Alemanha e pendurando as chuteiras
Em 1980, Beckenbauer decidiu voltar ao seu país visando disputar a Copa do Mundo de 1982. Ele escolheu o Hamburgo, e conquistou a Bundesliga na temporada 1981/1982. Mesmo assim, não foi convocado para o Mundial, perdendo a vontade de continuar no país. O craque voltou ao Cosmos e perdeu a chance de vencer a Liga dos Campeões de 1982/1983, conquistada pelo Hamburgo. Nos EUA, Beckenbauer pendurou as chuteiras, em 1983.
Mito germânico
A aposentadoria encerrou a trajetória do maior jogador da história da Alemanha e um dos maiores do século XX, responsável direto por fazer o Bayern a maior potência da Alemanha e um dos maiores da Europa. Mesmo aposentado, Beckenbauer seguiu fazendo história, e, em 1990, conquistou, como técnico, sua segunda Copa do Mundo pela Alemanha, igualando o feito de Zagallo, em 1970. Era o que faltava para um homem fantástico, cavalheiro e elegante tanto dentro quanto fora de campo. Nunca a Alemanha teve um craque tão perfeito, cerebral e técnico como Franz Beckenbauer. E o futebol nunca mais pôde vibrar e se deliciar com apresentações tão perfeitas quanto as do craque maior do futebol germânico, o único Kaiser do futebol. E imortal da bola.
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