Após o maior investimento de sempre na equipa de futebol, o Sporting falhou os seus dois objetivos para a I Liga, ao não conquistar título ou sequer o segundo lugar, que pode dar acesso à Liga dos Campeões.
É certo que os ‘leões’ conquistaram, pela primeira vez, a Taça da Liga e estão na final da Taça de Portugal, mas o falhanço daqueles objetivos não permitem outra leitura que não seja a de que a época 2017/18 defraudou as expectativas criadas.
A administração investiu em 2017/18 um montante estimado em 44,96 milhões de euros, que representa um recorde absoluto no clube, muito superior ao investimento feito esta época pelo FC Porto, o qual, submetido ao ‘fair-play’ financeiro da UEFA, nem sequer pôde reforçar-se, e pelo Benfica que investiu menos de 10 milhões e vendeu o passe de quatro jogadores fundamentais (Ederson, Nelson Semedo e Lindelöf e Mitroglou).
O ‘calcanhar de Aquiles’ do Sporting residiu nos confrontos diretos com os outros três rivais na luta pelos lugares cimeiros do campeonato - FC Porto, Benfica e Sporting de Braga -, frente aos quais foi incapaz de alcançar uma única vitória em seis jogos, somando apenas um ponto nos dois jogos frente ao FC Porto, outro nos dois jogos com o Sporting Braga e dois nos confrontos diretos com o Benfica.
Mesmo nos três jogos com o FC Porto nas meias-finais da Taça de Portugal e da Taça da Liga, o Sporting não venceu no tempo regulamentar, apenas nos penáltis.
O Sporting registou dois empates a um golo frente a Moreirense (sétima jornada) e Vitória Setúbal (19.ª), ambos fora, e uma derrota por 2-0 tão inesperada quanto comprometedora para as aspirações ao título, no Estoril (21.ª), quando era segundo classificado, a apenas dois pontos do FC Porto e com mais três do que o Benfica.
O desempenho da equipa demonstrou que o ‘scouting’ do Sporting acertou, desta vez, na maioria dos reforços, que aportaram mais experiência e consistência defensiva à equipa com as aquisições de Mathieu e Fábio Coentrão na defesa e Battaglia no meio-campo, e sobretudo com a contratação de Bruno Fernandes, que fez a diferença a favor dos ‘leões’ em várias partidas da I Liga e foi um dos melhores jogadores da prova.
No plano das competições europeias, de realçar a chegada aos quartos de final da Liga Europa, eliminado pelo Atlético Madrid, com o qual se bateu de igual para igual, ainda que para lá chegar tenha tido alguma felicidade no sorteio que lhe pôs no caminho o Astana, do Cazaquistão, e o Viktoria Plzen, da República Checa.
Na Liga dos Campeões, prova em que não estará na próxima época, por culpa de uma derrota a fechar a prova, no reduto do Marítimo, o Sporting teve também uma prestação globalmente positiva, ao qualificar-se para a fase de grupos e garantir o apuramento para a Liga Europa, num grupo com os italianos da Juventus, os espanhóis do FC Barcelona e os gregos do Olympiacos.
Marítimo 2-1 Sporting: o «leão» não podia falhar (mas falhou)
Depois de um empate a zero frente ao Benfica, a equipa de Jorge Jesus escorregou na Madeira e perdeu o segundo lugar para a equipa de Rui Vitória.
Na última jornada do campeonato, o objetivo do Sporting era só um: ganhar ao Marítimo. Depois do empate frente ao Benfica, essa era a melhor forma de evitar surpresas, garantir o segundo lugar do campeonato e sonhar com os milhões da Champions. Os «leões» estavam avisados para os perigos do Funchal e sabiam que não podiam falhar. Mas falharam.
Da ameaça inicial ao golo do Marítimo
Apesar do desfecho, a partida até podia ter começado da melhor forma para o Sporting, logo aos 11 minutos de jogo. Depois do passe de Coentrão, Bas Dost serviu Bruno Fernandes, mas o médio leonino, já dentro na área, não foi capaz de causar perigo, permitindo o desvio de João Gamboa. Com o passar do tempo, o Marítimo foi crescendo, ameaçando e acabou por chegar ao golo aos 31'. Num livre vindo do lado direito do ataque, cobrado entre a zona da grande área e a bandeirola, Edgar Costa serviu Joel junto do primeiro poste e este, de cabeça, não teve problemas em colocar a bola no canto oposto da baliza. Sem hipóteses para Patrício, a verdade é que Coentrão e Coates também não foram capazes de impedir o cabeceamento do camaronês. Estava feito o primeiro na Madeira.
Golo sofrido, golo marcado
Se o golo sofrido deixava os «leões» em sobressalto, era impossível ter pedido melhor reação. Menos de um minuto depois, Bas Dost restabeleceu a igualdade. Numa jogada rápida, Bruno Fernandes abriu no lado direito em Gelson e este cruzou de imediato, rasteiro e para o segundo poste, onde Bas Dost não teve problemas em colocar a bola no fundo das redes. Recuperada a igualdade, o jogo manteve-se assim até ao intervalo e deixava tudo em aberto.
À procura do golo, uma surpresa no final
Aquela que poderia ter sido uma boa reação ao golo sofrido acabou por não ser canalizada da melhor forma pela equipa de Jorge Jesus. Entre um remate desajeitado de Bas Dost aos 49' e tentativas de longe de Jorge Correa (Marítimo) e Bruno Fernandes, o jogo foi-se desenrolando e o empate persistia. Pendente apenas de um golo, o Sporting continuava a acreditar que este poderia surgir a qualquer momento. Mas se, nos descontos, já eram poucos os que acreditavam na reviravolta, certamente nenhum sportinguista imaginaria sofrer o 2-1 de forma tão caricata.
Aos 93', Gevorg Ghazaryan entrou na grande área, passando pelo meio de Gelson, William e Piccini e rematou, com pouca força, para um frango monumental de Rui Patrício. Estava feito o 2-1 e as esperanças verde e brancas caíam definitivamente por terra, enquanto a festa se fazia, ao mesmo tempo, no Estádio da Luz.
Com um desapontante terceiro lugar no campeonato, o Sporting aguarda agora pela final no Jamor, no próximo domingo, para tentar somar a Taça de Portugal à Taça da Liga. Conseguirão os pupilos de Jorge Jesus levar a melhor sobre o Desportivo das Aves e vencer dois troféus esta época?
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