quarta-feira, 9 de novembro de 2016

OPINIÃO COSME RÍMOLI

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Dia histórico na guerra contra os vândalos, os criminosos das torcidas organizadas. A justiça prende os marginais que ameaçavam matar a família de Marcela Assad Caram. A juíza que deteve os agressores de policiais no Maracanã. Acabou a tolerância…


28 Dia histórico na guerra contra os vândalos, os criminosos das torcidas organizadas. A justiça prende os marginais que ameaçavam matar a família de Marcela Assad Caram. A juíza que deteve os agressores de policiais no Maracanã. Acabou a tolerância...
Acabou a tolerância com os vândalos nas organizadas. A Justiça e a Polícia Militar resolveram ir até o limite da frouxa legislação brasileira. O caso dos 31 corintianos presos há 16 dias no Rio Janeiro já era exemplar.


Todos foram detidos pelas agressões a policiais no Maracanã, no jogo contra o Flamengo. Há membros da Gaviões, da Camisa 12, da Coringão Chope e da Estopim da Fiel.
Foram presos em flagrante por crimes de lesão corporal, dano qualificado, tumultuar locais de jogos, resistência qualificada e associação criminosa. Advogados pediram a liberação dos membros das organizadas. Que aguardassem o julgamento em liberdade, como sempre acontece em tumultos nos estádios. Por mais violentos, nunca foram levados realmente a sério.
As arenas no Brasil sempre foram consideradas território livre. Onde tudo era permitido. Espancamentos, uso de drogas, coação, homofobia, ameaças. Há anos vândalos infiltrados nas organizadas sabotam o futebol deste país.
Policiais se cansaram de prender criminosos nas arquibancadas em um jogo e no outro encontra-los novamente soltos. Graças à legislação frouxa e julgamentos vergonhosos.
Até que encontraram a juíza Marcela Assad Caram.
29 Dia histórico na guerra contra os vândalos, os criminosos das torcidas organizadas. A justiça prende os marginais que ameaçavam matar a família de Marcela Assad Caram. A juíza que deteve os agressores de policiais no Maracanã. Acabou a tolerância...
Ela fez questão de ouvir o depoimento dos 31 presos. E não decidiu seguir o caminho de inúmeros colegas. O mais fácil. Não os soltou, como muitos previam. Muito pelo contrário. Determinou a prisão preventiva de todos. Ou seja, não há data determinada para que respondam às acusações em liberdade.
Vários dos que chutaram, chutaram, caçaram policiais nas arquibancadas no Maracanã tiveram a mesma reação, ao saber que continuariam presos na penitenciária de Bangu. Choraram como crianças. Toda a valentia foi esquecida.
Mas houve reação. Pelas redes sociais. Membros das organizadas passaram a ameaçar de morte a juíza Marcela Assad Caram. Colocaram inclusive fotos de seus familiares. Não só ela. Mas também o seu marido passou a ser perseguido.
Ou ela libertava os corintianos...
Ou arcaria com as consequências.
Só que no início desta manhã, veio a reação inesperada. Seis destas pessoas que a ameaçaram a juíza foram presas. Há dez mandados de prisão temporária e 21 de busca e apreensão.
Os mandados foram expedidos em sigilo na Sexta Vara Criminal do Rio de Janeiro. A Delegacia de Crimes de Informática de São Paulo trabalhou com a Polícia carioca.
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As pessoas que ameaçaram a juíza e seu marido moram em São Paulo e no Litoral. Além de duas na Bahia. Todas são ligadas às torcidas organizadas.
"A juíza e o marido receberam ameaças, inclusive com uma foto de família, o que configura uma conduta de afronta ao poder judiciário. As ameaças tem o objetivo de intimidar a juíza na prática de sua função", disse Daniela Terra, a delegada responsável pela investigação.
Dos seis presos, quatro já tinham passagens pela polícia por intolerância esportiva. Os nomes e os artigos que eles já foram enquadrados não foram anunciados. Os torcedores devem responder pelos crimes de associação criminosa e coação no curso de processo.
"Nós temos a informação de que três são da Gaviões da Fiel e um da pavilhão 9", afirmou Ricardo Cabral, advogado da torcida organizada Gaviões da Fiel.
Todos os presos serão enviados e julgados no Rio.
Essas prisões são históricas.
Um marco contra os vândalos.
Acabou o ar de impunidade.
Nas redes sociais, o espanto.
Não se esperava a reação das autoridades.
Por comodidade, medo, e, principalmente, amarras às leis frouxas no país, policiais e juízes costumavam ser condescendentes com as organizadas. Por mais afrontas que os torcedores fizessem, faltava coragem para enfrenta-los de verdade.
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Até porque muitos políticos foram eleitos graças às organizadas. E se apresentam como representantes das torcidas. É uma promiscuidade. Eles trabalham para travar qualquer endurecimento na legislação contra bandos de criminosos que infestam os estádios de futebol. E garantem seus próximos mandatos.
A Justiça do Rio de Janeiro pode estar cometendo excessos. Há os casos de dois torcedores que juram que não estava no estádio na hora da agressão. Se são inocentes devem ser libertados.
Mas a reação contra as organizadas é a vitória da dignidade. Elas estão estragando o futebol brasileiro. Não há razão para sua existência. Afastam famílias dos estádios. Obrigam torcias únicas nos clássicos na maior cidade da América Latina. A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo admite não conseguir conter duas organizadas de dois clubes grandes em um só estádio. Admite sua incompetência.
Chegou a hora de dar um basta a estes marginais.
E ele veio de uma mulher.
Uma juíza, com toda coragem e dignidade que o cargo exige.
Mostra que as organizadas não são inatingíveis.
Muito pelo contrário.
E que os vândalos merecem a prisão.
Assim como os covardes chantagistas na Internet.
Se ameaças faladas são crimes, as escritas, também.
O que está acontecendo hoje é revolucionário.
Que outros magistrados pelo Brasil tenham vergonha na cara.
E justifiquem o alto salários que recebem.
Façam seu trabalho.
Extirpem dos estádios, da sociedade esses criminosos.
Que tenham a dignidade de Marcela Assad Caram.
Lugar de marginal não é na arquibancada.
Nem nos computadores ameaçando matar família de juíza.
É na cadeia...
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