quarta-feira, 9 de novembro de 2016

CRAQUE IMORTAL – GOLEIRO LEV YASHIN

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LEV YASHIN


futebol interior

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Nascimento: 22 de Outubro de 1929, em Moscou, Rússia. Faleceu em 20 de Março de 1990, em Moscou, Rússia.
Posição: Goleiro
Clube: Dínamo de Moscou-RUS (1949-1971).
Principais títulos por clube: 5 Campeonatos Soviéticos (1953-54, 1954-55, 1956-57, 1958-59 e 1962-63) e 3 Copas da URSS (1953, 1967 e 1970) pelo Dínamo de Moscou.

Principais títulos por seleção: 1 Eurocopa (1960) e 1 Medalha de Ouro nos Jogos Olímpicos de Melbourne (1956) pela URSS.

Principais títulos individuais:
Goleiro do Ano da URSS: 1960, 1963, 1966
Jogador Europeu do Ano: 1963
Bola de Ouro da Revista France Football (único goleiro a vencer o prêmio em toda história): 1963
Ordem de Lênin: 1967
Ordem Olímpica: 1986
Ordem do Mérito da FIFA: 1988
Goleiro do Século da FIFA: 2000
Jogador de Ouro da Rússia: 2003
 “O Aranha negra”
Certas pessoas marcaram tanto a história da humanidade que viraram referência em seus campos de atuação, seja na política, na matemática, na filosofia, na arte. Isso cabe, também, ao futebol, que já teve nomes fantásticos e famosos, jogadores exuberantes e mitos que cravaram de alguma maneira seus nomes na história. Mas nenhum jogador talvez tenha virado uma referência tão grande e tão marcante, a ponto de superar décadas e gerações infindáveis, quanto Lev Ivanovich Yashin, ou simplesmente Lev Yashin. O lendário goleiro da extinta União Soviética, com seu imponente uniforme negro, que lhe deu o apelido de “Aranha Negra”, foi o melhor e mais brilhante goleiro do século XX e o responsável por transformar para sempre as funções de um arqueiro debaixo das traves. Yashin colocou por terra ditos como “o goleiro não pode sair do gol”, “o goleiro deve ficar estático e pegar as bolas que vêm em sua direção” e “o goleiro não pode sair da pequena área”. Tudo balela. Yashin não só fez o contrário de tudo isso como determinou que a área era território dele e, por isso, atuava em toda sua extensão. Do alto de seus 1m89cm, Yashin impunha respeito nos adversários, causava pânico nos atacantes e salvava tanto seu querido Dínamo de Moscou quanto a URSS de levarem gols e mais gols. Yashin foi um paredão, um monstro, um gênio. O Imortais relembra a trajetória de um goleiro épico.

O início no gelo. E sob os escombros da Guerra.
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Yashin nasceu em 1929, na capital da então União Soviética, Moscou, e iniciou sua carreira de goleiro na fábrica militar em que trabalhava, com 12 anos de idade, justamente no início da II Guerra Mundial. Mas Yashin não foi goleiro do time de futebol da fábrica, mas sim goleiro da equipe de hóquei no gelo! Em condições insalubres e com muita tensão, Yashin conseguiu sobreviver ao conturbado período, e teve a iniciativa de partir para os gramados aos 14 anos. Suas atuações, seu porte físico e sua agilidade logo chamaram a atenção do Dínamo de Moscou, que levou o jogador para seu plantel em 1949. Aquela seria a primeira e última vez que Yashin iria para um clube de futebol. O Dínamo seria sua casa por longos 22 anos.
Puro talento
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Depois de um início não tão bom, amargando a reserva e até pensando em voltar ao gelo do hóquei, Yashin superou os maus momentos e conquistou a todos no clube pela elasticidade, agilidade e criatividade em campo. O goleiro se inspirava no búlgaro Apostol Sokolov ao atuar muito além da pequena área, se portando quase que como um líbero. Alto, Yashin cortava facilmente cruzamentos, tomava a bola dos pés dos atacantes e não deixava espaços. Enfim, o goleiro já era um terror para os adversários. Yashin começou a ser titular do Dínamo em 1953, quando se iniciou a época mais gloriosa da equipe, que conquistou na temporada 1953-1954 o título do Campeonato Soviético, com quatro pontos à frente do vice-campeão, o Spartak Moscou, além da Copa da URSS em 1953. Yashin foi o principal responsável por fazer a defesa do Dínamo a menos vazada do campeonato, com 20 gols sofridos em 22 partidas. Na temporada seguinte, o time conquistou o bicampeonato, desta vez de maneira mais acirrada, com um ponto à frente do Spartak, e de novo com a zaga menos vazada (apenas 16 gols sofridos em 22 partidas). As atuações de Yashin rapidamente o levaram à seleção, que disputaria as Olimpíadas de Melbourne, em 1956.
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Aranha de ouro
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Nas Olimpíadas de Melbourne (as primeiras a atravessarem a Linha do Equador e chegar à Oceania), em 1956, Yashin foi uma das estrelas soviéticas que ajudaram o país a ganhar a medalha de ouro no Futebol daquela edição dos Jogos. Ao lado de craques como Igor Netto, Simonyan, Illyn, Streltsov, Betsa e Ivanov, Yashin levou apenas dois gols em cinco jogos, e a URSS foi campeã. A equipe venceu a Alemanha Ocidental por 2 a 1, empatou sem gols com a Indonésia, venceu os mesmos adversários dois dias depois, na partida de desempate, por 4 a 0, derrotou a Bulgária na semifinal por 2 a 1 e bateu a Iugoslávia na grande final por 1 a 0. Aquele grande time da URSS serviu como base da seleção que disputaria a Copa do Mundo de 1958, na Suécia. Ali, Yashin começaria a construir sua lenda.
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O mundo conhece Yashin
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Depois de conquistar o tricampeonato soviético, em 1957, Yashin foi o goleiro titular da seleção da URSS na Copa do Mundo da Suécia em 1958. A equipe europeia não era favorita, mas ainda sim tinha um esquadrão muito forte. Os soviéticos estrearam contra a Inglaterra e empataram em 2 a 2. Na partida seguinte, Yashin começou a mostrar ao mundo alguns de seus cartões postais, ao defender um pênalti sem dar rebote e ajudar a URSS a vencer a Áustria por 2 a 0. No jogo seguinte, Yashin teve uma de suas atuações mais memoráveis da história, ao impedir que a sua seleção levasse uma goleada histórica do futuro campeão, o Brasil, que estreava exatamente naquele jogo, em uma Copa, a dupla Pelé e Garrincha. Yashin operou milagres, pegou bolas incríveis e levou “apenas” dois gols do Brasil. O mundo se espantou. E via nascer, ali, uma lenda vestida em preto que parecia ter oito braços, tamanha perfeição embaixo do gol. Uma aranha negra.
No jogo de desempate do Grupo, a URSS venceu a Inglaterra por 1 a 0 e avançou as quartas de final, onde não foi capaz de frear os donos da casa, a Suécia, que venceu por 2 a 0.

Rei da Europa
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Em 1960, Yashin e sua URSS tiveram a honra de conquistar a primeira edição da história da Eurocopa, realizada na França. Depois de passarem pelas eliminatórias, os soviéticos eliminaram a Tchecoslováquia por 3 a 0 e foram para a final contra a Iugoslávia. Depois de empate em 1 a 1 no tempo normal, a URSS marcou o gol salvador aos 113´, com Ponedelnik, e ficou com o caneco europeu. Yashin, mais uma vez, defendeu tudo e mais um pouco, e garantiu ao seu país o inédito troféu. Naquele mesmo ano, o goleiro ganhou pela primeira vez o prêmio de Goleiro do Ano da URSS (feito que se repetiria mais duas vezes, em 1963 e 1966).
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Mais uma Copa e as contestações
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Em 1962, Yashin foi novamente um dos responsáveis por levar a URSS até as quartas de final da Copa do Mundo do Chile. O goleirão pegou tudo, mas começou a ser contestado pelo fato de ter falhado nos dois gols que classificaram o Chile às semifinais. Mesmo sendo contestado, Yashin seguiu forte e absoluto, sendo chamado para defender a seleção do resto do mundo que enfrentou a Inglaterra em um amistoso, em 1963, ano que o goleiro daria a volta por cima.

Único
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Em 1963, Lev Yashin calou os críticos e a todos com uma temporada maravilhosa. Além de conquistar mais um Campeonato Soviético (que foi o último dele pelo Dínamo), o goleiro foi eleito o Melhor jogador da Europa e ganhou a Bola de Ouro da France Football, se tornando o primeiro e único goleiro até hoje a receber a honraria. O feito histórico colocou Yashin no mais alto patamar do futebol europeu e mundial, que o credenciou a ídolo máximo da URSS, um autêntico super-herói em tempos de Guerra Fria. Ficou famosa a frase do arqueiro naquela época, quando perguntado sobre qual o segredo de estar sempre tranquilo em partidas importantes:
“O negócio é fumar um cigarro para acalmar os nervos e depois tomar um belo gole de alguma bebida forte para tonificar os músculos” – Lev Yashin.
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Veterano. E ainda craque
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Em 1966, já com 37 anos, Yashin foi para sua terceira Copa do Mundo, realizada na Inglaterra. Poupado do jogo de estreia, contra a Coreia do Norte, e da partida contra o Chile, pois a URSS já estava classificada, o goleiro jogou apenas contra a Itália na primeira fase. E não decepcionou, pelo contrário: pegou tudo e garantiu a vitória da URSS por 1 a 0. Nas quartas de final, conseguiu, enfim, ver a sua URSS se classificar para as semifinais, ao derrotar a Hungria por 2 a 1. Na sequência, a URSS perdeu para a Alemanha Ocidental, por 2 a 1, e a disputa pelo terceiro lugar para Portugal, de Eusébio, pelo mesmo placar, mas Yashin provou, naquele Mundial, que continuava o mesmo Aranha Negra que o mundo conhecia. E que tanto o idolatrava.
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Pendurando as luvas
Depois do Mundial de 1966, Yashin passou a viver seus últimos momentos no futebol. Em 1967 e 1970, levantou suas últimas taças pelo Dínamo (Copas da URSS), e ainda foi para a Copa do Mundo de 1970, mas na reserva por conta da idade e pelo fato de o goleiro titular, Kavazashvili, viver melhor fase. A URSS não foi bem naquele mundial, e Yashin se aposentou da seleção e do futebol em 1971, aos 42 anos de idade, em uma partida grandiosa com mais de 100 mil pessoas e a presença de craques como Pelé, Eusébio e Beckenbauer.

Um mito para a história
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Depois de deixar o futebol, Yashin se dedicou ao treinamento de equipes juvenis e trabalhou como professor de educação física, além de atuar nas comissões técnicas do Dínamo e da seleção. Na década de 80, sua saúde começou a se deteriorar. Teve que amputar uma perna em 1984 por problemas de circulação, sofreu um AVC em 1986 e faleceu em 1990, em decorrência de um câncer do estômago. Após sua morte, Yashin continuou a despertar o orgulho e reconhecimento de todo o mundo com diversas homenagens. A FIFA o elegeu, em 1998, o Melhor Goleiro do Século XX, e dá, desde 1994, o nome de Lev Yashin à premiação do melhor goleiro da Copa do Mundo. Yashin fez um bem enorme e imensurável ao futebol, com sua reinvenção à posição de goleiro e suas atuações memoráveis. Frio, rápido, inteligente e impecável, Yashin é um deus do futebol, um craque que ultrapassa gerações e um exemplo a qualquer jovem que pense em seguir a carreira de goleiro. Em 1961, ano em que o soviético Yuri Gagarin se tornou o primeiro homem a ir ao espaço, Yashin comparou aquele feito histórico com a posição de goleiro, em uma frase emblemática:
“A alegria de ver Yuri Gagarin no espaço só é superada pela alegria de uma boa defesa de um pênalti”.
E que alegria, Yashin. Alegria foi poder ter seu nome, suas atuações e você nos campos do futebol mundial. Um craque imortal.

Números de destaque:
Disputou 812 jogos na carreira
Participou de 326 jogos pelo Dínamo de Moscou na liga soviética
Disputou 75 jogos pela seleção da URSS
Disputou 13 jogos de Copa do Mundo e não levou gol em quatro deles
Defendeu 150 pênaltis na carreira
Ficou 270 jogos sem levar gol na carreira
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