No traço de personalidade de Lisca, negar a empreitada dos últimos três jogos do Inter no Brasileirão seria, isto sim, uma loucura. É da sua natureza lidar com cenários caóticos e, nos exemplos bem-sucedidos, emergir deles com objetivo alcançado.
Aconteceu pelo menos duas vezes em sua carreira: subiu o Juventude da Série D para a Série C e evitou a queda do Ceará na Série B. Em ambos os casos, teve mais tempo de trabalho do que terá agora no Beira-Rio. Os feitos foram enormes, quem há de negar, mas a pressão era infinitamente menor. A margem de insucesso da missão aceita por Lisca é gigantesca.
Porém, tentemos pensar com a cabeça do novo treinador do Inter, o que ele tem a perder? Se o Inter for rebaixado, o fracasso não vai para sua conta. Chega para tentar ajudar, destemido e respeitado pelo destemor. Se não conseguir, valeu, um abraço. Caso consiga, será jogado para o alto pelos braços do povo colorado.
Lisca conhece futebol, premissa número um. Para este cenário, não haveria outro treinador a chamar, ninguém encararia com tanta empolgação o que está por vir. Então, a partir do momento em que a malsucedida experiência com Celso Roth foi dada por encerrada, só restava Lisca e sua autoproclamada loucura.
Não é garantia de nada, o Inter não depende só dele. Mas, diante do que havia à disposição como fato novo, a tentativa com Lisca não merecerá de mim condenação. Desespero pode matar alguém que esteja se afogando, mas também pode lhe dar a força necessária para sobreviver.
autor ;
Maurício Saraiva
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