Willian Reynoso nasceu na Argentina e torce para o Boca Juniors, mas tem Neymar como seu maior ídolo
É manhã na Argentina. O relógio toca e os transeuntes começam a se locomover para seus destinos. Messi acabara de dar mais um show no Campeonato Espanhol e, como sempre, todos só falam sobre isso. Pelas frias ruas de Emilio Mitre, subúrbio de Buenos Aires, Willian Reynoso, 19, sai para comprar seu jornal. Por fora, costume normal. Por dentro, olhos vidrados na atuação de outra letra do trio MSN: Neymar.
Mas, espera? Um argentino focado na atuação de um brasileiro? Sim.E não é o único. No Brasil, a incapacidade de aceitar que o próximo pode ter um gosto diferente cria árduas discussões sobre como um brasileiro não pode gostar de qualquer coisa ligada ao país vizinho com a desculpa: "Você nunca os verá torcendo pela gente".
Willian é torcedor do Boca Juniors, fiel à arquibancada desde pequeno. Viu La Bombonera pulsar nas conquistas de Libertadores. Acompanhou Riquelme, Palermo, Tévez e tantos outros craques, ou seja, nunca lhe faltou referência ou paixão local. No entanto, seu maior ídolo nasceu no país vizinho e veste uma camiseta amarela.
"Sou fã do Neymar faz um par de anos. Creio que pelo seu modo de jogar, sua humildade e como faz a maioria dos torcedores continuarem apaixonados pelo esporte. Acompanho seus jogos desde muito tempo, quando ainda jogava no Santos. Aprendi a admirá-lo", declarou, enquanto assistia a partida entre Barcelona e Málaga, pelo Campeonato Espanhol.
Apesar de ser fanático por Neymar, Willian diz que seu limite são os clubes. Se tratando de seleção, segue acompanhando a Argentina. No entanto, tem amigos que vibram com a canarinho e não vê problema quanto a isso. "Conheço mais pessoas que, assim como eu, simpatizam com o Brasil. Minha irmã, por exemplo, também tornou-se admiradora do Neymar. Apostamos algo sempre que Brasil e Argentina se enfrentam. Assistimos as partidas juntos e pouco a pouco fui convencedo-a de que ele é o número 1"
Levantamos também a bola da repressão. É claro, se no Brasil é proibitivo um cidadão local torcer pela Argentina, deve ser o mesmo tratamento por lá, não? O susto do entrevistado com a pergunta já contava o que viria na resposta. Se achou que Willian teve problemas com isso, errou. Lá, tais escolhas são vistas com outros olhos.
"Nunca enfrentei situações complicadas por gostar do Brasil. Nem entre meus amigos, nem com familiares, nem com desconhecidos. Creio que todas as pessoas são livres e podem torcer para quem quiser. Não entendo o motivo de uma pergunta como essa existir. As pessoas precisam entender que isso é apenas um esporte", indagou.
Por fim, tiramos a dúvida que nos perseguiu por toda a conversa: por que Neymar? E mais: acha o brasileiro melhor que Messi? Willian responde sem titubear e vai além. Não apenas prefere o camisa 11 do Barcelona, como também acredita que o mesmo tenha potencial para ser um dos maiores da história.
"Messi e Neymar são dois dos melhores jogadores do mundo, mas prefiro o brasileiro. Sempre digo que ele vai evoluir bastante e ficar ainda mais completo. Não haverá outro jogador como ele. Já ganhou tudo que podia com apenas 24 anos e logo irá à Copa do Mundo como sua seleção", completou.
Com humildade e tranquilidade, Willian se despede após seu café e retorna para seu trabalho. A padaria segue celebrando os gols de Messi e ele aplaudindo os dribles de Neymar. Calado, mas decidido, sabe que suas escolhas cabem a sí e mais ninguém. Deveria ser assim em um mundo ideal. Deveria.
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