Como se diz obrigado em ucraniano?
O Benfica voltou a perder com o Nápoles, mas o Benfica de Rui Vitória fez história esta noite no Estádio da Luz ao garantir, pelo segundo ano consecutivo, a presença entre as melhores dezasseis equipas da Liga dos Campeões. Em semana de dérbi, o campeão português consentiu a segunda derrota consecutiva esta época, mas segue em frente na prova milionária, mais uma vez no segundo lugar do grupo, graças ao «suicídio» do Besiktas em Kiev. Os turcos foram cilindrados pelo Dínamo e serenaram cedo as bancadas da Luz. No relvado, os italianos, a única equipa a bater o Benfica nesta fase de grupos, foram melhores, porque conseguiram criar mais desequlíbrios, sobretudo depois da entrada de Mertens, mas também mais eficazes.
Os dois emblemas entraram em campo com os mesmos oito pontos, mais um do que o Besiktas, para um jogo que se antevia tenso, mas que se foi descomprimindo com as notícias dos golos que chegavam de Kiev. Os ucranianos marcaram o primeiro aos 9 minutos, depois mais três nos últimos quinze da primeira parte, deixando praticamente arrumada a questão das duas vagas, numa altura em que portugueses e italianos travavam um duro braço de ferro na Luz.
Duas equipas com a mesma propensão ofensiva, dois rolos compressores que se juntavam no meio-campo e que a espaços iam conseguindo, quer de um lado quer do outro, abrir brechas nas barricadas contrárias. Entrou melhor o Nápoles, pelo menos com mais posse de bola, com uma pressão alta a colocar dificuldades à equipa de Rui Vitória. Um ascendente que se desfez num ápice, com o Benfica a responder na mesma moeda, a subir em bloco e a empurrar o adversário para junto a área de Pepe Reina.
Rui Vitória manteve a estrutura dos últimos jogos, mas lançou Jiménez para o lugar de Mitroglou. O mexicano estacionou perto da zona de finalização, com o apoio de Gonçalo Guedes, este último com total liberdade de movimentos. Ainda estávamos neste jogo do empurra, quando a Luz se levantou para aplaudir o primeiro golo do Dínamo Kiev. Logo a seguir o Nápoles criou a primeira oportunidade, com um remate seco de Hamsik a obrigar Ederson a defesa incompleta. Gabbiadini ainda cabeceou para as redes, mas estava em posição irregular. Resposta imediata do Benfica, com Jiménez a cortar um alívio da defesa italiana e a bola a sobrar para Guedes que, surpreendido, atirou à figura de Reina.
Terminado o período de apresentações, o jogo estava agora mais aberto. O Nápoles conseguia libertar Callejón e Isigne sobre as alas, mas o Benfica respondia com Gonçalo Guedes e Jiménez [faltava Salvio para uma frente mais alargada]. Num rápido contra-ataque o mexicano atirou na passada contra Reina mas, sem tempo para respirar, Insigne já corria no corredor para lançar Callejón que tentou solicitar Gabbiadini. Valeu ao Benfica um corte precioso de Nélson Semedo. Jogo rápido no relvado, tensão nas duas balizas, mas descompressão total nas bancadas. O Dínamo já vencia, nesta altura, por 3-0 e o Besiktas estava reduzido a dez.
Agora estava em causa apenas o primeiro lugar do grupo e, até ao intervalo, mais duas oportunidades claras para os italianos, primeiro com um remate de Callejón que obrigou Ederson a esticar-se, depois Gabbiadini a deixar Luisão nas covas e a obrigar a nova grande intervenção do guarda-redes brasileiro, uma das figuras do jogo desta noite.
Mertens entrou e desequilibrou
No início da segunda parte mantiveram-se as mesmas dinâmicas, com os italianos a voltarem a entrar mais fortes, mas com o Benfica a equilibrar rapidamente a contenda. O jogo continuava, assim, aberto, com oportunidades para os dois lados, com destaque para um passe de colher de Pizzi que Rafa, que tinha rendido Gonçalo Guedes, não conseguiu aproveitar. Na resposta, golo do Nápoles. Na sequência de um livre, Mertens, que tinha acabado de entrar, desvia de calcanhar e Callejón saiu disparado. A defesa do Benfica ficou a pedir fora de jogo e o espanhol, diante de Ederson, marcou como quis. Um golo que mudava o resultado na Luz, mas que tinha pouca influência sobre a classificação, uma vez que o Besiktas nesta altura já estava mais do que morto a perder por 0-5 em Kiev e a jogar com nove.
A verdade é que o golo deixou o Nápoles numa posição ainda mais confortável, a procurar explorar os erros que o Benfica estava obrigado a cometer na procura do empate. Cada vez que o Benfica subia, os italianos criavam uma oportunidade, com Mertens a entrar muito bem na dinâmica dos italianos. Hamsik também crescia com passes teleguiados a abrir autoestradas para as investidas de Callejón e, sobretudo Insigne. O Benfica ainda ameaçou o empate num livre de Pizzi, mas os italianos estavam definitivamente por cima do jogo e chegaram ao segndo golo num lance individual de Mertens que ultrapassou Luisão em drible e bateu Ederson com um remate colocado junto ao poste.
Rui Vitória, que também já tinha lançado Carrillo, jogava logo de seguida a última cartada, juntando Mitroglou a Jiménez [Salvio foi o último a sair, apesar de ter estado menos produtivo do que Guedes e Cervi]. O Nápoles ainda ameaçou o terceiro golo na Luz, outra vez com Mertens em destaque, mas, a quatro minutos do final, Jiménez, com uma fé inabalável, arrancou em corrida e fez tremer Albiol que se atrapalhou e permitiu que o mexicano reduzisse a diferença. A Luz festejou o golo como se valesse a vitória. Não valeu, mas a verdade é que o Benfica, neste capítulo, segue em frente. Agora é a altura de mudar o chip. Vem aí o Sporting.
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