Jornalistas gaúchos e mineiros analisaram o adversário tricolor na final da Copa do Brasil
Se o elenco do Atlético-MG impressiona pela qualidade dos jogadores à disposição de Marcelo Oliveira para o setor ofensivo, a defesa tem sido o calcanhar de Aquiles do time mineiro nesta temporada. O Correio do Povo conversou com jornalistas gaúchos e mineiros que analisaram os pontos fracos do adversário do Grêmio na final da Copa do Brasil.
Os números mostram as dificuldades do Atlético-MG. No caminho até a final, o Atlético-MG sofreu sete gols em seis jogos na Copa do Brasil. No mesmo número de partidas, o Grêmio teve a defesa vazada em apenas três oportunidades. No Campeonato Brasileiro, o sistema defensivo também tem sido um problema para o Galo. O time mineiro levou 48 gols, número maior, por exemplo, que Inter e Figueirense, que estão na zona de rebaixamento.
Para o comentarista da Rádio Guaíba Carlos Guimarães a forma como o Atlético-MG joga proporciona muitos espaços aos adversários. “O principal ponto fraco do Atlético-MG é o sistema defensivo. O ataque é muito poderoso, mas a defesa vaza muito. É um problema histórico já com pelo menos três treinadores, Cuca, Levir Culpi e agora com o Marcelo Oliveira. É um time que ataca muito e libera o sistema defensivo para os adversários ocuparem. Acho também o miolo da defesa fraco. O Erazo é bom jogador, mas tem dificuldade na bola aérea, o Gabriel é um jogador que ainda está tentando se afirmar”, analisa.
O repórter da Rádio Inconfidência Léo Gomide destaca que o Atlético-MG oferece muitas possibilidades para o adversário finalizar. “Eu fiz um levantamento que nas últimas nove rodadas do Campeonato Brasileiro, o Atlético-MG sofreu 133 chutes a gol. Numa comparação, o Santa Cruz (penúltimo) sofreu 110 e o América-MG (lanterna) 94. Por esse número se vê como o sistema defensivo é vulnerável. Se você sofre tantos chutes a gol, em algum momento acaba sendo vulnerável”, destacou.
Na final da Copa do Brasil o desempate ocorre por saldo simples. Ou seja, não há vantagem para quem marcar mais gols fora de casa. O comentarista da Rádio Guaíba Cristiano Oliveira acredita que isso favorece ao Grêmio. “Como a final tem saldo simples, tão importante quanto fazer gol é não tomar. Aí entra a vantagem do Grêmio. A defesa do Grêmio é mais qualificada que a do Galo. O Atlético-MG não tem Kannemann nem Geromel. A vantagem do Grêmio é essa. Os ataques de ambos os times são bons. Até acho o ataque do Atlético-MG melhor, mas a diferença do ataque do time mineiro para o do Grêmio é bem menor que a diferença da defesa do Grêmio para a do Atlético-MG,” sustentou.
Trabalho de Marcelo Oliveira é contestado
O trabalho de Marcelo Oliveira recebe contestações dos analistas não apenas pelos problemas defensivos do Atlético-MG. No setor ofensivo, Carlos Guimarães aponta que o time depende muito das individualidades. “O Atlético-MG é um time que se resolve muito mais através das individualidades que da ideia coletiva de futebol. O treinador é campeão recentemente, tem biografia, mas no Atlético-MG eu não vi um trabalho com trocas de passes, jogadas ou uma ideia de modelo de jogo. Vejo só individualidades resolvendo. Esse pode ser um fator para se considerar a favor do Grêmio na final. O Grêmio é um time arrumado, mais bem estruturado”, analisou.
Léo Gomide vai ao encontro de Carlos Guimarães. Ele prevê que o Atlético terá muitas dificuldades se o Grêmio se postar bem defensivamente por não ter um grande repertório de jogadas. “O Atlético-MG não é um time de tanto repertório para abrir as defesas adversárias. É um time muito de contra-ataque, que usa a velocidade e a qualidade dos jogadores. Se o Grêmio se postar mais atrás organizadamente, o Galo vai ter muita dificuldade. O Atlético não tem muito repertório trocando a bola”, avaliou.
Essa dificuldade do Atlético-MG para realizar um jogo coletivo pode fazer a torcida jogar contra o time. O repórter da Fox Sports Diego Bertozzi, que cobre os clubes de Minas Gerais, acredita que os torcedores perderão a paciência se a marcação do Grêmio tiver vantagem sobre o Galo no jogo de ida. “Se o time tiver jogando bem mesmo com o placar perigoso, a torcida vai apoiar até o fim. Se perceber que está havendo dificuldade e o time não estiver encaixando, com certeza a partir dos 20 minutos do segundo tempo a atmosfera pode se virar contra o Atlético”, projetou.
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