Gilmar Dal Pozzo foi o técnico da Chapecoense nos dois acessos consecutivos da Chapecoense, em 2012 e 2013. Aos 47 anos, viveu profundamente a ascensão do clube, com diretores e comunidade. Discípulo de Tite, o ex-goleiro pediu apoio total aos familiares e amigos, neste momento difícil. Acompanhem a entrevista exclusiva ao blog.
O que a Chape representou na carreira
''Eu devo minha ascensão profissional por conta da minha passagem na Chapecoense. Foram dois anos de conquistas, de acessos. Sou o único técnico brasileiro que tem dois acessos na mesma equipe, no mesmo clube. Profissionalmente, representa a minha ascensão profissional, o meu crescimento na carreira, mas o que mais representa na Chapecoense, é uma história bonita de família, que a gente deixou um legado lá. A cidade, quando tu chegas em Chapecó para trabalhar, o povo de Chapecó abraça os profissionais e a gente construiu uma família. Eu determino a Chapecoense como uma família. Outros técnicos e profissionais que passaram lá, seguiram nessa mesma linha. Por que? Porque aqueles diretores e os que ficaram, representam muito família. A cidade é muito receptiva. Eu tenho o sentimento ainda mais forte porque eu nasci próximo de Chapecó, numa cidade chamada Quilombo. Então está no meu sangue a região de Chapecó. Representa muita coisa na minha vida profissional e na minha vida familiar, no lado humano também''.
Contatos com colegas e dirigentes na trajetória da Chape
''Na verdade, meu último contato foi com o presidente Sandro Pallaoro, no sábado. O presidente me ligou por conta de uma notícia também triste, que faleceu a esposa do Maringá, diretor de futebol e ex-atleta na Chapecoense. Uma figura importantíssima naquele processo de ascensão da Série C para B e da B para A. Então, o Sandro estava em dúvida se viajaria direto de São Paulo ou ia participar do velório ou enterro com o amigo. Ele estava nessa dúvida e no sábado a gente estava conversando sobre isso e falando mais desse assunto, não propriamente do futebol. Mas ele tinha essa dúvida se ele iria viajar ou acompanhar o amigo''.
Reconstrução da Chape
''De fato, não sei te responder essa pergunta. O que vai ser. Só vejo que nós temos que ajudar, contribuir. Eu pelo menos vou fazer isso. Estou indo à Chapecó para ficar com os familiares e pessoas próximas que marcaram minha vida. Nesse momento, nós temos que dar esse abraço, essa força, calor humano, esse lado sentimental nosso. Depois, a projeção do clube, todos nós de alguma forma temos voz ativa e a sensibilidade de todas as classes, inclusive da imprensa também, sugerindo, tentando reerguer a Chapecoense. Mas isso é um assunto para depois. A nossa preocupação, minha preocupação, da minha família nesse momento, é pelo menos dar força aos familiares, às pessoas que ficaram e estão preocupadas com isso e precisando dessa força amiga''.
O que mais te marcou na Chape
''Foi a organização, gestão. O clube é muito organizado, muito simples. É uma diretoria que não tinha oposição. Os diretores muito simples na figura do presidente. A comunidade abraça os profissionais. Eu posso definir que a Chapecoense é uma família. Por isso que ficará essa lembrança bonita da Chapecoense, na memória de todos nós. De quem teve a oportunidade de trabalhar dois anos na Chapecoense, participar dessas pessoas boas, queridas, que são de índole, de caráter. E as pessoas também que não participaram diretamente, têm uma simpatia e abraçaram a Chapecoense como um segundo clube. Eu vejo que hoje, o estado de Santa Catarina, região de Chapecó, Brasil e o Mundo estão sensibilizados por tudo que aconteceu porque é um clube muito simpático e querido por todos. Então, ficará na memória de todos, essa imagem bonita da Chapecoense''.
Mensagem que deixas
''Eu penso que a imprensa é muito importante na questão de buscar informações das causas do acidente, da projeção do clube em relação a tudo que vai acontecer. Tudo isso é compreensível, mas gostaria que as pessoas pensassem o lado humano e se falasse bastante também nesse lado humano de ajudar, principalmente os familiares, a própria Chapecoense. Queria pedir que as pessoas ajudassem com mensagens, sugestões, de ajudar os familiares. Eu me coloco no lugar desses profissionais da imprensa, como os atletas, todo mundo que estava nesse voo. Saíram da casa deles para trabalhar e não voltaram mais. A Chapecoense é um exemplo de conquista e gestão. Positivo para pessoas, clubes. Então, uma mensagem de força e apoio para todos, nesse momento''.
Gilmar Dal Pozzo é o novo técnico do Ceará. Começa seu trabalho, em janeiro de 2017.
autor ; Alexandre Praetzel
Nenhum comentário:
Postar um comentário