segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Elencos dos times da Europa estão mais instáveis



autor ; Emerson Gonçalves

O CIES Football Observatory realiza um censo anual junto a 31 das federações europeias desde 2009, traçando, a partir deles, o perfil dos jogadores em atividade dos times das primeiras divisões desses países.
Com base nesses levantamentos, os analistas do CIES vêm constatando três pontos significativos:

- Diminuição no número de jogadores formados (no todo ou em parte) nos clubes
- Crescimento no número de jogadores expatriados;
- Maior instabilidade dos plantéis.

Esses três fatores estão interligados e têm uma boa explicação na grande mobilidade internacional dos jogadores, tanto dentro da Europa como de outros continentes para as federações europeias.

Diminuição no número de jogadores formados (no todo ou em parte) nos clubes

Em 2009, os elencos apresentavam em média 23,0% de seus membros formados pela base do mesmo clube. O CIES Football Observatory considera para isso, os jogadores que, entre os 15 e os 21 anos de idade, tenham disputado ao menos três temporadas completas no clube.
Em 2016, tomando por base as inscrições feitas até 1º de outubro, esse percentual caiu para 19,2%; uma queda de 3,8 pontos percentuais ou 16,5%, em números relativos.
Considerando as 31 ligas, o percentual varia muito, desde 31,5% da liga eslovaca, até os percentuais abaixo de 10,0% das ligas de Chipre, Portugal e Turquia.
Entre as 5 grandes ligas, é a inglesa a que apresenta o menor número de jogadores formados nas bases: apenas 10,0%. A participação dos jogadores das bases inglesas vem caindo desde 2012 e hoje, com percentuais menores, temos apenas as três ligas citadas acima (sendo que Chipre tem uma população muito pequena o que explica e justifica percentual tão baixo).
Ainda considerando as Big 5, a Espanha é o país cujos times apresentam o maior percentual de jogadores formados na base – 24,1%.  Esse percentual, para os analistas do CIES, sugere que as seguidas conquistas de copas continentais pelos times espanhóis tem parte de sua explicação na habilidade desses times em formarem e manterem bons jogadores em seus elencos desde a base.

Crescimento no número de jogadores expatriados

Nesse momento, considerando (novamente) as inscrições feitas até 1º de outubro último, a média de expatriados nos times das 31 ligas é de 38,7%, ou seja, o dobro da média de jogadores formados nos próprios clubes, entre os quais é igualmente grande a presença de jogadores nascidos fora das fronteiras do time para o qual jogam.
Essa participação também cresceu desde 2009, mas bem menos: passou de 34,8% para 38,7% - um crescimento de 11,2%. O índice desse ano é, também, recorde desde o início do censo.

Maior instabilidade dos plantéis

O mercado de jogadores cresceu muito por todo o mundo, como vemos com facilidade desde o Brasil. Aqui exportamos muito e importamos também, embora com qualificações opostas: saem jovens bons e promissores, entram os jogadores mais velhos, muitos até em final de carreira, e mais os que não fizeram sucesso em terras estrangeiras.
Nessa temporada, o número médio de jogadores que cada time contratou foi de 10,7 – um novo recorde – contra uma média de 9,1 em 2009.  
O tempo médio que cada jogador tem ficado em uma equipe é hoje de apenas 2,2 anos – o mais baixo desde o início dos censos.

Em posts recentes, vimos que os times mais competitivos contratam menos jogadores e vimos, também, que são eles, os mais competitivos, osque mais contratam jovens jogadores.
Esses pontos não são meras coincidências, pelo contrário, eles mostram visões de gestão que criam times com elencos mais estáveis no decorrer de alguns anos, por contratarem bem e por contratarem mais jogadores jovens, que, naturalmente, jogarão por mais tempo em seus times. Nada é por acaso...

Vamos, agora, à relação das médias das 31 ligas recenseadas:

Figure: Squad stability: the European league rankings

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