Uruguai e Rússia apurados num jogo rico em decisões e pobre em tudo o resto
Aí estão as decisões neste Mundial. Uruguai e Rússia são as primeiras equipas apuradas para os oitavos de final. Não é emocionante? Bem, talvez não seja assim tanto. Mas depois de assistir ao Uruguai-Arábia Saudita, até a chuva que veio surpreender esta terça-feira parece emocionante.
Pelo menos, essa foi inesperada. Já na partida que se desenrolou em Rostov e que deu apuramento ao Uruguai e à Rússia para os oitavos de final, foi tudo tão, mas tão previsível. E chato, não há que ter medo das palavras. Foi um jogo chato.
O Uruguai venceu com um golo de Suárez aos 23 minutos e a partir daí pareceu que todos se limitaram a desejar o final do jogo. E ele chegou, para bem de todos nós.
Alvorada, Al Owais!
A primeira parte do jogo foi aquilo que se pode chamar de um longo bocejo. A equipa saudita teve mais bola, mas poucas soluções para chegar com perigo à baliza de Muslera e, ciente das dificuldades ofensivas do adversário, o Uruguai não se importou minimamente de entregar a iniciativa de jogo para explorar, depois, os seus perigosos homens da frente.
E num jogo tão sonolento, o único momento de emoção aconteceu porque Al Owais, o guardião saudita apareceu a dormir na saída a um canto da direita. O camisola 22 bem se espreguiçou – esticou, aliás – mas não alcançou a bola que chegou a Suárez, solto na pequena área a precisar apenas de encostar de pé esquerdo para a baliza deserta.
À 100.ª internacionalização, o avançado do Barcelona marcou o seu golo 52 com a camisola celeste, tornando-se também o primeiro uruguaio a marcar em três fases finais, depois de já o ter conseguido em 2010, na África do Sul e em 2014, no Brasil. E com isso, já só fica a um golo de igualar o melhor marcador dos charruas em Mundiais, máximo que pertence a Óscar Míguez, antigo jogador que brilhou pelo Uruguai nas décadas de 50 e 60.
Bem, e quando 45 minutos de futebol se resumem de tal forma que podiam ser inscritos numa página de um livro de História, isso dá uma ideia sobre a qualidade do futebol jogado, certo?
Temos mesmo de jogar a segunda parte?
Os segundos 45 minutos foram um pouco mais animados. Mas este «pouco» é mesmo literal. O Uruguai acelerou um bocado o seu jogo com a entrada de Laxalt para o lugar de um apagado CebolaRodríguez, e o jogo ganhou algum interesse, ainda que, praticamente, só de bola parada tenham surgido situações de relativo perigo.
A equipa de Óscar Tabárez mostrou o porquê de ser conhecido como a Itália da América do Sul, foi cínica com bola, lenta na circulação de forma a adormecer o adversário que se deixou ir no encantamento, e incapaz de criar uma situação de perigo para a baliza de Muslera.
Já o Uruguai, esteve perto do segundo. Como, numa jogada incrível? Num lance de génio de um dos vários jogadores de qualidade da frente de ataque? Não. Num remate de muito longe de Torreira que Cavani, sem se conseguir desviar, arriscou colocar a cabeça e quase enganou o guarda-redes saudita. Emocionante, não é?
A bola, contudo, saiu caprichosamente ao lado. Um pouco à semelhança do jogo, no fundo, que também passou ao lado de ser entusiasmante.
Mas o que é certo, porém, é que caso se apure para a fase seguinte, Portugal sabe que vai jogar com este Uruguai ou com a Rússia. Ah, e tanto a Arábia Saudita como o Egipto seguem para casa assim que terminarem o jogo entre si na última jornada deste Grupo A.
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