sábado, 22 de abril de 2017

Sporting-Benfica,1-1 (crónica)



O dérbi do pontapé de Lindelof


E o dérbi manteve o líder. O Benfica pontuou em Alvalade pela quinta época consecutiva, num jogo que teve uma primeira parte menor em relação ao cartaz, e uma segunda bem mais emotiva, mais aberta, mais conforme com as emoções que um Sporting-Benfica proporciona aos adeptos.
Um dérbi que não teve Jonas, nem Zeegelar, mas que teve Adriens e Pizzis, Gelsons e Nelsons Semedos, Bas Dosts e Lindelofs. Teve duelos a meio-campo que foram só para homens de barba rija. E para cavalheiros como o 23 de Alvalade e o 21 da Luz. Dois lados de um só jogo, um frente a frente que carregou a História de duas camisolas, embora neste sábado fossem três os interessados na partida. O FC Porto sendo o óbvio terceiro. Como óbvio é que a primeira consequência de Alvalade é que o Benfica seguirá líder.
Jefferson no lugar de Zeegelar e 18 no lugar de Jonas. O avançado brasileiro nem no banco encarnado surgiu e o dérbi era lançado em campo com as peças habituais, mais uma: Paulo Oliveira. Jesus resolveu mudar um dos centrais e o português fez uma bela exibição. Como Coates, já agora, e como Lindelof, o nome que ficará para memória futura quando se falar deste Sporting-Benfica.
No entanto, o primeiro a assinar o livro da História foi Ederson. Ainda nem se percebia como andavam as equipas, apenas que Rafa começava no meio com Mitroglou, e o guarda-redes do Benfica acertou em Bas Dost.
 dérbi, a rivalidade, a distância e o sonho de ainda se poder intrometer na luta pelo título fizeram o leão pôr a Bota de Ouro do holandês de parte e avançou Adrien. Frio como habitual, o capitão leonino atirou o leão para o 1-0. Um golo que se ouviu de Alvalade ao Dragão.
O Benfica sofria com o Sporting aquilo que tinha feito ao FC Porto e havia uma certeza: seria impossível repetir a estratégia aqui vista na época passada. O líder tinha de provar que queria sê-lo. Começou a ter mais bola, sobretudo quando Cervi trocou com Rafa e passou para o meio, mas sem nunca causar dano ao leão.
A equipa de Jesus foi inabalável na primeira parte e manteve longe o perigo. Claro, houve umas incursões em território de Rui Patrício aqui e ali, mas Coates e Paulo Oliveira despacharam tudo e a primeira parte termina nestes termos: um golo de penálti, zero ocasiões e um remate enquadrado com a baliza - de Grimaldo num livre que Patrício defendeu bem - e gente a acorrer a ecrãs para ver casos e outras coisas do género que sempre surgem nestes encontros.
Quanto vale um pontapé?
Como se disse no início, o dérbi foi mais dérbi na segunda parte. Começou com Bas Dost a desperdiçar duas vezes: uma de cabeça, mais difícil, outra também na área, mas com o pé e bem mais fácil. Em ambos servido por Gelson, uma das exibições deste clássico lisboeta.
Porque mesmo que o encontro não fosse tão bem disputado como outros, havia desempenhos a merecerem destaque. E um duelo à parte. Nelson Semedo, William, Gelson... mas houve muito de Pizzi e Adrien. Uma luta incrível, com Soares Dias a deixá-la ser até ao limite, mas com um respeito sublime dos dois internacionais portugueses.
Se Adrien já tinha marcado, Pizzi deixara, aos 61 minutos, Mitroglou com possibilidade de atirar a contar, numa altura em que Rui Vitória já tinha lançado Raul Jimenez. O mexicano mexeu com o ataque encarnado, deu muito trabalho aos leões e foi por ali que o Benfica começou a equilibrar no segundo tempo.
Ora, a segunda opção expectável de Rui Vitória era retirar Salvio, no pior do dérbi do argentino desde que chegou. Antes disso, o 18 da Luz sofreu uma falta e deu ocasião a um livre.
O pontapé estava caro, neste dérbi. O de Ederson valeu um penálti, o de Adrien um golo. O Lindelof um campeonato? Para já, valia a liderança, com o sueco a espantar o país com um chuto que era desconhecido da maioria.
Com o 1-1, havia quase um reset para as duas, pois só tinham estado em igualdade durante fugazes minutos. O Benfica ficou por cima com a igualdade, e sentiu-se a ameaça de ir por ali fora em busca da certeza de uma liderança de campeonato mais folgada.
Rui Vitória retirou Mitroglou, porém, e o efeito perdeu-se. O Sporting equilibrou, Jesus quis ir em busca do golo com Podence, mas foram os Adriens e Pizzis que lá voltaram a disputar cada bola como se fosse a última.
Porque foi assim que o jogo terminou, sem grande discernimento, com muita tensão em cada bola parada e com um empate que espelha o equílibrio que houve, deixa o Benfica líder, praticamente retira o leão de uma hipotética luta pelo campeonato, e cujas outras consequências só serão conhecidas neste domingo, quando o FC Porto receber o Feirense. 

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