quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Rogério e Marcelo, encontros e despedidas, tem gente a sorrir e a chorar



autor ; PVC

Rogério Ceni é o novo técnico do São Paulo.
Marcelo Oliveira não é mais técnico do Atlético.
E assim, chegar e partir, são só dois lados da mesma viagem.
E que viagem é o futebol brasileiro, que julga solucionar todos os problemas apenas com um ato: a demissão.
Ou a contratação.
Marcelo Oliveira não foi bem no Atlético. Somou mais empates e derrotas do que vitórias — 18v, 14e, 10d.
Seu time é espaçado, um pouco reflexo de sua maneira de trabalhar. Marcelo é um técnico que segue o modelo do que viveu como jogador. Aposta em treinos coletivos e na capacidade dos jogadores solucionarem problemas por seu próprio talento e entrosamento.
Não é mais assim.
Fala-se em Roger Machado. O técnico que montou o Grêmio que Renato Gaúcho assumiu está na Espanha. Assistiu em Lisboa a Sporting x Real Madrid na terça-feira, viu Atlético de Madrid x PSV Eindhoven na quarta. Só voltará ao Brasil na terça-feira e não será o técnico do Atlético na decisão da Copa do Brasil.
O escolhido é Diogo Jacomini, o técnico dos juniores.
O trem que chega é o mesmo trem da partida.
Quem chega é Rogério Ceni, apresentado oficialmente apenas no dia 5 de janeiro. Sua chegada é um desafio sensacional para quem acabou de terminar a carreira mais vitoriosa de um goleiro do São Paulo. O cavalo passa e Rogério sobe. Escolhe o risco e este não é o de fracassar.
É o de fracassar por culpa dos erros recentes do São Paulo.
A escolha de Rogério tem a ver com a necessidade recente de o clube dar satisfações a torcedores e conselheiros. Vem acompanhada do cardápio eleitoral que pode indicar três candidatos à presidência do clube. Até Leco ser reeleito, Rogério pode ser um cabo eleitoral. Mas se os resultados não ajudarem, pode virar peça do quebra-cabeças da oposição.
Não é bom.
A caminhada de Rogério Ceni com um ano de estudos, diálogos, visitas a centros de treinamento, aperfeiçoamento do inglês, boas entrevistas em espanhol fluente, tudo isto indica passos seguros para ter dois, três anos de sucesso no São Paulo e depois carreira no exterior. É provável que aconteça.
Mas e se não der certo no primeiro passo? E se o eventual insucesso dever-se mais aos erros do clube do que aos seus próprios? O caminho do aeroporto para fazer carreira também no exterior estará comprometido e a trajetória de técnico pode ser atravancada por sua sempre total identificação com o São Paulo.
A seqüência dependerá de ele assumir as agruras da carreira de técnico, muito feliz para quem vai bem, mas de rotina dura para quem tem vida de cigano, de galho em galho.
Como Ricardo Gomes e Marcelo Oliveira, demitidos nos dois últimos dias. Os dois podem partir sem ter planos.
Rogério Ceni pode cantar outra parte da canção: ''Melhor ainda é poder voltar quando quero.''
Nada do que se diz aqui indica que Rogério Ceni deveria recusar o convite. Ele põe fé em sua própria capacidade. As ponderações servem apenas para decifrar por que houve a mudança e até onde elas podem levar.
É muito mais provável que Rogério Ceni serja um grande técnico no futuro do que Diogo Jacomini. Mesmo que Jacomini tenha ralado muito mais tempo para chegar à posição que alcançará na próxima quarta-feira.

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