domingo, 15 de dezembro de 2019

Como superar grandes crises: Racing, Parma e Fiorentina são exemplos para o Cruzeiro

Times de tradição internacional chegaram à beira do precipício, mas conseguiram dar a volta por cima

Com passado glorioso e futuro sombrio, o Cruzeiro vive hoje a pior crise de sua história. Dentro de campo, o time caiu para a Série B do Campeonato Brasileiro de forma inédita. Administrativamente, o clube tem uma dívida de cerca de R$ 700 milhões, dirigentes investigados pela Polícia Civil, Ministério Público e Polícia Federal e uma briga política que não tem fim.

Com tantos problemas, a pergunta que fica é se a Raposa conseguirá se reestruturar. O ídolo Tostão, campeão brasileiro de 1966 e da Copa do Mundo de 1970, disse temer que a Raposa deixe de ser um grande clube em pouco tempo. Outros times de tradição internacional chegaram à beira do precipício, mas conseguiram dar a volta por cima. Veja a história de cada um deles:

Racing

(Foto: REPRODUÇÃO)


O Racing ressurgiu das cinzas como um fênix. É como gostam de dizer os torcedores da Academia. Primeiro clube argentino a vencer o Mundial de Clubes, em 1967, ao bater o Celtic, da Escócia, o Racing viveu a maior crise de sua história no fim dos anos 1990.

O ápice da atribulação ocorreu em 1999, quando a dívida do clube já estava na casa dos 30 milhões de dólares e a Justiça decretou sua falência. Um dos clubes mais tradicionais da Argentina deixaria de existir por causa de má gestão que consumiu todo seu potencial.

Só restou a torcida. Era o suficiente. Foi graças aos torcedores que o Racing não acabou. No dia 7 de março, três dias depois da decisão judicial, um mar de torcedores foi ao estádio demonstrar todo amor ao clube. Seria a estreia do Campeonato Argentino contra o Talleres. Mas não houve jogo por causa da decisão da Justiça. Nada afastou os torcedores do estádio. As cenas rodaram o mundo.

A resposta foi imediata. A Justiça reverteu a decisão anterior, oferecendo uma nova oportunidade ao time argentino. Houve grande reformulação na administração do Racing, que até hoje continua sendo um dos maiores da Argentina.

Rangers

(Foto: Florida Cup)


O Rangers é o maior campeão do futebol escocês, com 54 títulos nacionais. Ao lado do Celtic, protagoniza um dos clássicos de maior rivalidade no mundo. Apesar da grandeza, o time azul da Escócia viveu crise financeira que o levou para a quarta divisão do futebol local.

Os vários diretores que passaram pelo clube não conseguiram resolver o problema da dívida, que atingiu 134 milhões de libras (R$ 733 milhões) em 2012. Grande parte desse valor era devido ao fisco britânico. Sem condições de reestruturação, foi decretada a falência do Rangers naquele mesmo ano.

O Rangers e sua torcida enfrentaram a humilhação de jogar a última divisão da liga local.  Apesar disso, tudo foi feito com muita paixão e estádios lotados. O time escocês subiu divisão por divisão até voltar à elite do futebol escocês em 2016.


Um dos clubes tradicionais da Itália já esteve no fundo do poço. Em 2002, a Fiorentina decretou falência por ter uma dívida enorme. A crise era tanta que não havia condições de pagar os salários de funcionários e jogadores. O clube recomeçou sua história na quarta divisão do futebol italiano.

Naquela ocasião, o presidente Vittorio Cecchi Gori perdeu o poder. Andrea Della Valle assumiu e começou um projeto de recuperação. Todos os grandes jogadores deixaram a equipe, como o português Rui Costa. Em 2004, o clube voltou à elite italiana – foram apenas dois anos fora da Série A, porque o time pulou da quarta para a segunda divisão.

No jogo da volta, em 2004, figuras ilustres do passado do clube estavam presentes, como o atacante argentino Gabriel Batistuta, que brilhou com a camisa violeta na década de 90. Foi uma grande festa da torcida, que jamais esquecerá essa marca no passado.


Parma


Nos anos 1990, o Parma era formado por um esquadrão de grandes jogadores, casos de Asprilla, Crespo, Verón, Amoroso e Zola, entre outros. Com a saída da Parmalat, em 2004, a situação do clube ficou delicada.

O ápice da crise ocorreu, contudo, um tempo depois. Em 2015, não havia dinheiro para pagamentos dos funcionários nem para o básico, como energia para banho quente dos jogadores. A Justiça italiana decretou a falência do clube, que voltou à Série A em 2018.

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