segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

O grand finale na Vila reafirma como este Santos também merece ficar na memória do Brasileirão

O Santos entrou em campo neste domingo para disputar o segundo lugar do Brasileirão. Teria a chance de estabelecer um recorde histórico ao vice-campeão dos pontos corridos e ainda faturar uma premiação maior no campeonato, algo importante ao clube. O que se viu, mais do que isso, era um Santos disposto a provar sua força contra o campeão nacional. E o duelo na Vila Belmiro, que tinha menos importância que deveria, terminou engrandecido pelos santistas. O time de Jorge Sampaoli quebrou a invencibilidade de 29 jogos do Flamengo com um baile. Os protagonistas do elenco chamaram o jogo para si e orquestraram a goleada por 4 a 0, que carimbou a faixa rubro-negra com gosto.

O Flamengo entrou em campo com o time praticamente completo. Apenas Rafinha era desfalque, com Rodinei em seu lugar. E, durante os primeiros minutos, os rubro-negros até se mostravam dispostos a ampliar sua pontuação. Ainda assim, não demorou à goleada se desenhar. Quando acertou o seu jogo, o Santos também encontrou o calcanhar de Aquiles do Fla. Explorou os erros dos visitantes, empurrado pela torcida alvinegra na Vila.
O primeiro gol começa com Carlos Sánchez, aos 15. O uruguaio descolou um ótimo lançamento a Soteldo, livre na avenida Rodinei. O venezuelano chamou o lateral para bailar e rolou para Marinho, que emendou no canto de Diego Alves. A velocidade do Santos conseguia pegar a defesa do Flamengo desprevenida. Mas Filipe Luís também não precisava dar tamanha bobeira aos 22. Um recuo errado do lateral entregou a bola no pé de Carlos Sánchez. O meia invadiu a área e bateu cruzado, tirando do alcance de Diego Alves.
Não era o Flamengo envolvente de outras rodadas, com seus principais jogadores substituídos por sósias. Quem dava uma aula de futebol era o Santos, com objetividade e intensidade. O Peixe seguiu criando mais ocasiões. Não fez o terceiro aos 43 porque Diego Alves realizou uma defesaça em cabeçada de Sasha, antes de Gustavo Henrique emendar uma bicicleta para fora. E o jogo não mudaria muito de panorama no segundo tempo, com os santistas querendo bem mais a bola. Pelo contrário, seriam até mais vorazes. Sasha anotou o dele aos 17. Soteldo mais uma vez infernizou Rodinei e cruzou na medida para o companheiro completar.
A torcida na Vila se empolgou. Gritos de “olé” passaram a ecoar nas arquibancadas. Carlos Sánchez queria mais. A goleada se tornou inquestionável aos 39, a partir de um passe ruim de Diego. Marinho arrancou por metade do campo e passou a Victor Ferraz, que cruzou na lateral da área. O uruguaio apareceu para concluir de primeira, sem que ninguém o marcasse. Cabia até o quinto, com Soteldo e Jorge carimbando a trave nos acréscimos. A festa era enorme e totalmente condizente. O Peixe botou na roda o campeão brasileiro e evidenciou ainda mais os méritos de sua excelente campanha.


Pelas limitações de dinheiro e de elenco, o Santos realizou uma campanha muito acima das expectativas. Jorge Sampaoli comprovou o técnico de primeira que é, deixando para trás a decepção com a seleção argentina. Já em campo, alguns bons negócios dos santistas valeram ouro. Soteldo e Carlos Sánchez eram bons nomes, por tudo aquilo que apresentavam no exterior. Ao final do campeonato, superaram os prognósticos e aparecem entre os melhores em suas respectivas posições. Outros, como Marinho e Lucas Veríssimo, também terminam em alta.
O ano excelente do Santos, todavia, não representa necessariamente um 2020 melhor. A goleada sobre o Flamengo talvez seja a apoteose de um grupo que corre o risco de se desmanchar, a começar pelo próprio Sampaoli. Apesar disso, não se nega que o torcedor santista aproveitou. Mesmo sem o título, o futebol apresentado valeu o orgulho e honrou a própria história do clube. Os últimos três pontos dos 74 são inesquecíveis.
Já aos rubro-negros, a derrota serve para colocar os pés no chão antes do desafio maior no Mundial de Clubes, a começar por Al-Hilal ou Espérance. Este é o momento em que o time de Jorge Jesus precisará virar de novo a chavinha e focar no desafio principal. A chacoalhada na Vila também tem sua serventia.

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