Flamengo teve boa atuação durante o tempo regulamentar, com boas chances e aceitável desempenho, mas sofreu com o desgaste de toda a temporada e sucumbiu no tempo extra; Firmino garante mais uma vitória e o primeiro título da equipe inglesa
O autor do único gol na final do Mundial de Clubes 2019 foi brasileiro. Nascido, criado e com as raízes fincadas na periferia de Maceió, capital de Alagoas. Apesar de ser tupiniquim, não deu o título ao clube brasileiro que disputava a decisão. Pelo contrário, foi o jogador responsável para garantir que os fundadores da modalidade pudessem comemorar o troféu. Na tarde deste sábado (21), no Khalifa International Stadium, em Doha/QAT, Roberto Firmino foi o personagem principal da vitória do Liverpool sobre o Flamengo por 1 a 0.
O gol foi marcado apenas no primeiro tempo da prorrogação. Apesar de ter jogado bem, ter mais minutos de melhor futebol e ter evidenciado uma bela apresentação diante de um adversário com maior qualidade técnica, estrutura e aporte financeiro, o rubro-negro sucumbiu a um integrante cruel e imperdoável: o desgaste de ter jogado 75 jogos em 2019.
Foi o primeiro título do Liverpool na história da competição, após três vice-campeonatos e duas desistências. Ao Flamengo, restou o gosto amargo de não ter vencido após o melhor desempenho de uma equipe sul-americana no torneio em muito tempo, mas, também, o sentimento mais belo: de lutar e ter feito tudo o que estava ao seu alcance. A façanha de dezembro de 1981 não foi repetida, mas a temporada foi gloriosa.
Flamengo sofre susto inicial, mas equilibra e tem melhores chances
O Liverpool começou a partida com toda a intensidade possível no ataque. Logo na primeira jogada de ataque ocorrida no minuto inicial, Roberto Firmino recebeu primoroso lançamento de Henderson, dominou e finalizou por cima do gol. Pouco tempo depois, o próprio Henderson novamente deu passe longo. Salah dominou na direita, entrou na área e rolou para Keïta emendar de primeira, novamente sem direção. Quando os ingleses aprimoraram a pontaria, deram o maior susto em finalização diagonal de Alexander-Arnold.
Foram os dez minutos de pressão. Passado o início com apuros, o Flamengo soube se equilibrar, fortaleceu a marcação e deixou de ceder espaços. Com isso, passou a impor dificuldades ao adversário. A partir dos 20 minutos, só os brasileiros jogavam. A velocidade de Bruno Henrique foi explorada, a movimentação de Gérson e Arrascaeta também foram importantes. A primeira boa chance rubro-negra ocorreu quando Rafinha cruzou, Bruno Henrique cabeceou a bola em Joe Gomez e Gabriel Barbosa finalizou em cima da defesa.
Bruno Henrique esteve presente em todas as mais destacadas ações defensivas na etapa inicial. Em uma ótima tabela com Gérson na direita, o camisa 27 apareceu com liberdade e cruzou rasteiro, mas ninguém apareceu para completar o lance. Logo depois, Alisson Becker errou na saída de bola, Willian Arão recuperou a posse de bola, rolou para Bruno Henrique e o atacante cruzou na área; Van Dijk fez o corte. O craque da semifinal recebeu primoroso lançamento de Pablo Marí, entrou na área, mas foi travado por Joe Gomez. Muita superioridade. O Liverpool reapareceu na reta final, mas não finalizou.
VAR em ação nos minutos finais
O início do segundo tempo foi similar ao primeiro. Novamente Roberto Firmino teve a chance de marcar logo nos minutos iniciais. Aos dois, o atacante brasileiro recebeu lançamento de Henderson, aplicou lençol em Rodrigo Caio e finalizou com o pé esquerdo. A bola acertou o poste direito de Diego Alves, passou pela linha e saiu. Depois, em boa triangulação pela direita, Alexander-Arnold cruzou, Salah se antecipou e finalizou rasteiro. Tirou tinta da trave.
Mas o Flamengo não se deu vencido e reagiu bem. Na primeira tentativa, Gabriel Barbosa recebeu de Arrascaeta e bateu colocado por cima de Alisson Becker. No minuto seguinte, após saída de bola errada, o próprio centroavante rubro-negro apareceu para finalizar cruzado e exigir providencial intervenção do arqueiro.
As finalizações no gol começaram a aparecer e os brasileiros pacientemente souberam usar bem o recurso. Gabriel Barbosa apareceu mais, assim como o tridente ofensivo rubro-negro. No melhor das oportunidades, o camisa 9 emendou uma linda bicicleta na área e Alisson caiu no canto esquerdo para fazer a defesa.
Na reta final, o Liverpool voltou a aparecer de maneira mais contundente em seu campo ofensivo. Aos 35, Mané tocou para Roberto Firmino e rolou para trás. A bola passou pela área e Alexander-Arnold chutou, mas Diego Alves defendeu. Cinco minutos depois, a defesa do jogo. Mané iniciou contra-ataque e acionou Salah. O egípcio tocou para Henderson e o meia bateu colocado. No ângulo, o arqueiro do Flamengo voou para fazer linda defesa.
Porém, o lance a ser comentado por muito tempo ocorreu aos 45. Mané avançou em contra-ataque com velocidade, saiu na cara do gol e foi derrubado por Rafinha. Inicialmente, o árbitro marcou pênalti, mas, quatro minutos depois, após ter conversado com a arbitragem de vídeo e revisado o lance na cabine do VAR, a marcação foi desfeita. Assim, veio a prorrogação.
Firmino desencanta e Flamengo sucumbe
Além de enfrentar o Liverpool, o Flamengo teve que encarar outro duro adversário: o desgaste após 76 jogos no ano. Gabriel Barbosa sentiu cãibras, Bruno Henrique e outros jogadores já tinham ultrapassado o limite do condicionamento físico. Os ingleses precisariam de um lance claro para atacar. E logo veio. Aos oito minutos do primeiro tempo da prorrogação, Henderson deu belo lançamento em velocidade nas costas da defesa para Mané. O senegalês rolou para Roberto Firmino. Com liberdade, o centroavante deixou Rodrigo Caio e Diego Alves no chão e finalizou com frieza para abrir o placar. O gol animou os Reds, que quase ampliaram a vantagem no lance seguinte. Salah chutou forte e Diego Alves fez plástica defesa.
No segundo tempo, o Mengão colocou todas as suas fichas, doou mais do que poderia. Diego Ribas arriscou de fora da área e a zaga bloqueou. Na sequência, depois de cruzamento, Gabriel Barbosa chutou forte, mas não acertou o alvo. Minutos depois, Bruno Henrique tentou da esquerda, Rafinha da direita, Gabigol na esquerda, mas a tentativa final amorteceu na defesa vermelha e Alisson Becker defendeu. Após dupla tentativa de Vitinho, Lincoln finalizou com liberdade, mas mandou por cima. E as chances acabaram.
Ficha técnica Liverpool 1-0 Flamengo
Khalifa International Stadium, em Doha/QAT – Decisão do Mundial de Clubes 2019
Liverpool – Alisson Becker; Alexander-Arnold, Joe Gomez, Van Dijk e Robertson; Henderson, Keïta (Milner, min. 100) e Oxlade-Chamberlain (Lallana, min. 75); Salah (Shaqiri, min. 120), Roberto Firmino (Origi, min. 106) e Mané. Técnico: Jürgen Klopp.
Flamengo – Diego Alves; Rafinha, Rodrigo Caio, Pablo Marí e Filipe Luís; Willian Arão (Berrío, min. 120), Gérson (Lincoln, min. 101) e Arrascaeta (Vitinho, min. 76); Everton Ribeiro (Diego Ribas, min. 81), Gabriel Barbosa e Bruno Henrique. Técnico: Jorge Jesus.
Gols – Roberto Firmino (LIV, min. 98)
Arbitragem de campo – Abdulrahman Al Jassim (QAT), auxiliado por Taleb Al Marri (QAT) e por Saoud Ahmed Almaqaleh (QAT), com Mustapha Ghorbal (AGL) como quarto árbitro.
Arbitragem de vídeo (VAR) – Juan Martínez Munuera (ESP), auxiliado por Kyle Atkins (EUA), por Esteban Ostojich (URU) e por Bakary Gassama (GAM).
Cartões amarelos – Mané (LIV, min. 45), Salah (LIV, min. 80), Vitinho (FLA, min. 89), Roberto Firmino (LIV, min. 99), Milner (LIV, min. 105), Diego Ribas (FLA, min. 111)
Nenhum comentário:
Postar um comentário