Como esquecer da impressionante estatura do goleiro Jairo? Pernas finas e ombros largos, Jairo nunca fez conta das brincadeiras ou inúmeros apelidos provenientes de seu tamanho.
Morando perto do Parque São Jorge, o dedicado “goleirão” sempre chegava antes dos companheiros para treinar. Pelo Corinthians, Jairo até enfrentou a calculadora emperrada de Vicente Matheus por um pequeno aumento de salário.
Jairo do Nascimento nasceu no município de Joinville (SC), em 23 de outubro de 1946. Revelado pelo Caxias Futebol Clube de Joinville, seus direitos foram negociados em 1969 com o Fluminense Football Club (RJ).
Na “Cidade Maravilhosa”, o sonho de sucesso logo virou um teste de paciência. Jairo era terceira opção na campanha da conquista da Taça de Prata em 1970.
Insatisfeito com o banco de reservas nas Laranjeiras, o supervisor de futebol Almir de Almeida o indicou ao Coritiba Foot Ball Club (RJ).
Foto de Sérgio Sade. Crédito: revista Placar – 23 de novembro de 1973.
Foto de Sérgio Sade. Crédito: revista Placar – 23 de novembro de 1973.
Ganhando os mesmos 3.500 cruzeiros que recebia no Fluminense, Jairo chegou ao Coritiba para disputar um lugar com Joel Mendes.
Odilon Silva, um ex-atacante que já conhecia Jairo do cenário catarinense, o recebeu de braços abertos e logo tratou de preparar o gigante de 1;94 de altura.
Com chuteiras número 44 e uma camisa com o número 46 nas costas, Jairo fazia questão de registrar o ano de seu nascimento.
E por muito tempo, Jairo fechou o gol do Coritiba. Foi um dos grandes nomes da conquista do Torneio do Povo de 1973. Também faturou o campeonato paranaense nas edições de 1972 até 1976.
Quando chegou ao Sport Club Corinthians Paulista em 1977, o experiente Jairo era um sujeito bem diferente do jovem que apareceu cheio de esperanças no Rio de janeiro.
Foto de José Pinto. Crédito: revista Placar – 15 de abril de 1977.
Tobias e Jairo em treinamento no Parque São Jorge. Foto de José Pinto. Crédito: revista Placar – 15 de abril de 1977.
Como o goleiro Tobias estava em grande fase, Jairo inicialmente amargou o banco de reservas. O catarinense só encontrou uma luz no fim do túnel depois da saída do técnico Duque e da chegada de Oswaldo Brandão.
Com Tobias afastado por contusão, Oswaldo Brandão resolveu bancar Jairo como o titular da meta alvinegra.
Afinal, o mesmo Brandão já tinha apostado em Jairo na Seleção Brasileira em 1976. Desde Veludo em 1954, o Brasil não tinha um goleiro negro como titular!
Jairo disputou apenas uma partida oficial pela Seleção Brasileira em 28 de abril de 1976. Foi na vitória de virada por 2×1 sobre o Uruguai no Maracanã, duelo válido pela Taça do Atlântico/Copa Rio Branco.
Os registros foram publicados no livro “Seleção Brasileira 90 anos”, dos autores Antônio Carlos Napoleão e Roberto Assaf.
Crédito: albumefigurinhas.no.comunidades.net.
Jairo e o zagueiro Zé Eduardo no Parque São Jorge. Foto de José Pinto. Crédito: revista Placar – 10 de fevereiro de 1978.
Jairo foi campeão paulista de 1977. Participou da segunda partida decisiva contra a Ponte Preta, justamente quando o quadro campineiro virou o jogo e venceu por 2×1 em pleno Morumbi.
O gol de empate da “Macaca” nasceu de uma falta cobrada com maestria por Dicá, no ângulo direito de Jairo; que apesar do corpanzil, não conseguiu evitar o costumeiro ruído da bola escorregando pelo barbante.
Em agosto de 1978, um clima de indecisão tomou conta do Corinthians. Quem deveria ser o goleiro titular? Então, o técnico Renganeschi estabeleceu uma espécie de rodízio entre Jairo e Tobias; o que causou um relativo mal-estar!
Era um mal-estar não declarado, daqueles que normalmente acontecem pelos corredores. Todos fazem que não sabem de nada; principalmente diante da imprensa.
Contudo, em razão de sua descomunal estatura, alguns críticos afirmavam que Jairo era deficiente nas bolas rasteiras. O que não era verdade. Jairo era ágil tanto no chão como pelo alto!
Jairo e Leão. Crédito: revista Placar – 7 de julho de 1978.
Crédito: revista Placar – 15 de setembro de 1978.
Mesmo com algumas contusões pelo caminho, Jairo foi aos poucos ganhando espaço e fez parte da “Muralha Negra do Timão”; ao lado de Amaral, Caçapava, Wladimir e Zé Maria.
Jairo ainda foi campeão paulista de 1979, diante da mesma Ponte Preta. Ao todo foram 189 jogos e 144 gols sofridos, sem esquecer do recorde de 1.131 minutos sem sofrer gols. Os números foram publicados no Almanaque do Corinthians, do autor Celso Dario Unzelte.
Entre os momentos para esquecer, Jairo participou da goleada sofrida para o Vasco da Gama por 5×2 no Maracanã, em maio de 1980. Naquele dia, Roberto Dinamite brindou seu retorno da Espanha marcando os 5 gols do quadro carioca sobre o Corinthians.
Jairo jogou ainda pelo Clube Náutico Capibaribe (PE) e posteriormente voltou ao Coritiba, onde foi campeão brasileiro de 1985 na suplência do goleiro Rafael. Jairo do Nascimento encerrou a carreira no Atlético Clube de Três Corações (MG).
Jairo do Nascimento faleceu em 6 de fevereiro de 2019, em Curitiba (PR). O ex-goleiro lutava contra um câncer renal.
Maio de 1980. Roberto Dinamite marca 5 gols para o Vasco da Gama no Maracanã. Foto Rodolpho Machado. Crédito: revista Placar.
Soberano pelo alto. Foto de Manoel Motta. Crédito: revista Placar – 29 de agosto de 1980.
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