quarta-feira, 6 de novembro de 2019

CRAQUE IMORTAL – SEPP MAIER


     

SEPP MAIER







Nascimento: 28 de Fevereiro de 1944, em Metten, Alemanha.
Posição: Goleiro
Clube: Bayern München-ALE (1962-1979).
Principais títulos por clube: 1 Mundial Interclubes (1976), 3 Liga dos Campeões da UEFA (1973-1974, 1974-1975 e 1975-1976), 1 Recopa Europeia (1966-1967), 4 Campeonatos Alemães (1968-1969, 1971-1972, 1972-1973 e 1973-1974) e 4 Copas da Alemanha (1965-1966, 1966-1967, 1968-1969 e 1970-1971) pelo Bayern München.
Principais títulos por seleção: 1 Copa do Mundo (1974) e 1 Eurocopa (1972) pela Alemanha.

Principais títulos individuais:
Eleito para o Time da Copa do Mundo da FIFA: 1974
Eleito o Melhor Goleiro da Copa do Mundo da FIFA: 1974
Jogador Alemão do ano: 1975, 1977 e 1978
Eleito o Melhor Goleiro Alemão do Século XX pela IFFHS
Eleito o 4º Melhor Goleiro do Século XX pela IFFHS
Eleito o 5º Melhor Goleiro da Europa do Século XX pela IFFHS
Eleito o 23º Melhor Jogador do Século XX pela revista Placar: 1999
FIFA 100: 2004
Eleito o 30º Melhor Jogador da história das Copas pela revista Placar: 2006
“Die Katze”
As pernas arqueadas, o cabelo avermelhado, as mãos enormes e o corpo esguio lhe davam uma aparência marcante e inconfundível. Em campo, sua agilidade debaixo das traves lhe deu o apelido de “Die Katze” (o gato, em alemão). Mais do que isso, ele marcou época com bom humor, simpatia, brincadeiras e títulos inesquecíveis tanto por seu clube, o Bayern München, quanto pela seleção alemã. Josef-Dieter Maier, mais conhecido como Sepp Maier, foi o melhor goleiro do mundo nos anos 70 e um patrimônio do futebol alemão. Seu talento inspirou diversos goleiros pelo mundo, incluindo Oliver Kahn, que para alguns foi até melhor que o próprio Maier. Ídolo máximo do Bayern ao lado do amigo Franz Beckenbauer, o goleiro é presença marcante em qualquer lista de melhores de todos os tempos principalmente por suas atuações na Copa do Mundo de 1974 e nas tantas partidas decisivas do Bayern pela Alemanha e Europa naquela época. Concentrado, disciplinado e sempre com trajes impecáveis, o alemão foi um exemplo a ser seguido e o símbolo perfeito de um grande goleiro. É hora de relembrar a carreira desse mito do futebol.

Divino conselho
Antes de começar a carreira de futebolista, Maier costumava jogar tênis com o amigo Franz Beckenbauer. Tempo depois, foi o próprio Beckenbauer a pessoa responsável por convencer o amigo a jogar futebol junto com ele por ser um esporte “mais fácil”. Maier aceitou o desafio e, a princípio, queria ser atacante, mas não obteve sucesso por causa da fraca habilidade com a bola nos pés. Foi então que Maier aceitou o conselho de amigos para jogar no gol e começou a mostrar um enorme talento para a função com agilidade, ótimo posicionamento e arrojo. Em 1958, o jogador conseguiu espaço nos juvenis do Bayern München, na época uma equipe comum da Alemanha e com apenas um título do Campeonato Alemão no currículo – em 1932. Por lá, ele reencontrou o amigo Beckenbauer e, mais tarde, conheceu o atacante Gerd Müller. Com o trio em campo, o Bayern mudaria para sempre sua condição no futebol alemão da água para o vinho.

Primeiros títulos, “loucura” e seleção

Bernd Patzke, Franz Beckenbauer, Friedel Lutz e Sepp Maier (agachado), em 1966.

Na década de 60, Maier foi crescendo de produção com a camisa do Bayern e ganhou rapidamente a titularidade da equipe bávara graças aos reflexos apurados, agilidade, ótima impulsão e uma saudável, porém perigosa, insanidade. O goleiro simplesmente oferecia seu rosto e seu corpo aos chutes dos atacantes só para pegar a bola no ar, no chão ou em qualquer tipo de saída que realizasse. Essa “loucura” toda chamava cada vez mais a atenção dos torcedores, que se identificavam com o goleirão e viam nele um futuro muito promissor para o Bayern. A primeira convocação para a seleção alemã não demorou em acontecer, mais precisamente no ano de 1966, após o jogador colecionar passagens pelas seleções juvenis. Aliás, 1966 foi um ano marcante para Sepp Maier por vários motivos. O primeiro deles foi a conquista de seu primeiro título, a Copa da Alemanha, quando o Bayern derrotou o Meidericher na final por 4 a 2. O segundo foi a convocação de Maier, então com 22 anos, para a disputa da Copa do Mundo da Inglaterra, na qual o craque foi reserva do veterano Hans Tilkowski. Do banco, Maier viu sua seleção chegar até a final, mas perder por 4 a 2 na prorrogação para os donos da casa.

Elástico e sem medo das travas das chuteiras dos rivais, Maier era arrojo puro debaixo do gol.

Depois da Copa, Maier assumiu a condição de titular da Alemanha e manteria o status por um longo tempo, além de ficar sem levar gols nas quatro primeiras partidas com a camisa alemã. Na temporada 1966-1967, Maier repetiu o título da Copa da Alemanha e ainda teve uma taça extra com a conquista da inédita Recopa Europeia para o Bayern. Na decisão, os bávaros derrotaram o Rangers-ESC na prorrogação por 1 a 0 com grande atuação do goleiro alemão. Em 1968, Maier foi fundamental para a conquista do Campeonato Alemão, quando o Bayern ficou oito pontos à frente do vice-campeão Alemania Aachen. Os bávaros tiveram a melhor defesa (31 gols sofridos em 34 jogos) e o melhor ataque (61 gols marcados). Nos anos seguintes, o goleiro ainda ia faturar mais três Bundesligas (1972, 1973 e 1974) e o tetra da Copa da Alemanha (1966, 1967, 1969 e 1971) sempre com defesas espetaculares e uma baixíssima média de gols sofridos, tanto é que nos títulos alemães de 1972 e 1973 o Bayern teve a melhor defesa em ambos.

Titular e “vingança” no México
Na Copa do Mundo de 1970, Maier confirmou sua boa fase ao ser titular do gol alemão e jogar junto com seus companheiros Beckenbauer e Gerd Müller. Em terras mexicanas, o goleiro não conseguiu se manter intacto e levou gols em todos os jogos (foram 10 em cinco partidas). Na disputa pelo terceiro lugar (vencida pela Alemanha por 1 a 0), Maier não jogou, assim como vários titulares do jogo épico contra a Itália na semifinal que terminou com vitória italiana por 4 a 3 e eliminou os alemães da Copa. Mas a ida ao México valeu pelo fato de Maier conseguir se vingar da Inglaterra nas quartas de final, quando a Alemanha venceu por 3 a 2 de virada e eliminou os algozes da final de 1966.

O goleirão tomando uma (s) com o amigo Gerd Müller (à dir.).

Preparação para o auge e taça na Eurocopa
Sepp Maier começou aquela década de 70 com as melhores vibrações e perspectivas possíveis. Seu time, o Bayern, jogava cada vez melhor, tinha craques em quase todas as posições e seria uma questão de tempo para o esquadrão bávaro conquistar uma Liga dos Campeões da UEFA (eles teriam apenas que esperar o Ajax de Cruyff fazer história com um tricampeonato em 1971, 1972 e 1973 para assumir o protagonismo). O goleiro passou a se dedicar cada vez mais nos treinamentos, principalmente em trabalhos de cintura, recuperação e saídas do gol. A dedicação era tanta que Maier conseguia ter todos os seus movimentos quase que automatizados. Cada vez mais lapidado, o alemão teve já em 1972 uma alegria imensa com sua seleção. Jogando em casa, a Alemanha faturou naquele ano sua primeira Eurocopa, após vencer a Bélgica na semifinal por 2 a 1 (dois gols de Gerd Müller) e a URSS na final por 3 a 0 (dois gols de Müller e um de Wimmer). Aquela foi a primeira taça de Maier com a camisa da seleção, que veio junto com um título inesquecível do Campeonato Alemão pelo Bayern após 24 vitórias e apenas 3 derrotas em 34 jogos, com 101 gols marcados e apenas 38 sofridos.

Maier ergue uma das Bundesligas que ele conquistou com o Bayern nos anos 70.

Rei da Europa no ano da Copa

Maier e a “Velhinha Orelhuda”: foram três taças consecutivas pelo Bayern.

Na temporada 1973-1974, Maier conquistou com seu Bayern a Liga dos Campeões da UEFA pela primeira vez. O time enfrentou o Atlético de Madrid-ESP na final e empatou o primeiro jogo em 1 a 1. Como não havia disputa por pênaltis, foi marcada uma nova partida. Nela, os alemães deram show e arrasaram os espanhóis: 4 a 0, dois gols de Müller e dois de Hoeness. O título serviu como inspiração para Maier entrar com toda a força do planeta na disputa da Copa do Mundo de 1974, que seria realizada exatamente na Alemanha. O goleiro fez um intenso trabalho de mentalização de seu sucesso antes do mundial começar e garantiu em sua autobiografia, lançada em 1981, que a atitude foi fundamental para seu sucesso:
“Uma pessoa capaz de antecipar as vivências em sua imaginação tem melhores chances de conseguir alguma coisa. […] Todos os grandes homens da história sonharam com as coisas aparentemente impossíveis antes que as mesmas se transformassem em realidade”.
E foi com toda essa inspiração que Maier partiu em busca de seu sonho, de sua autoafirmação e de sua imortalidade plena no futebol mundial.

Mítico e campeão do mundo
Jogando em casa, a Alemanha era uma das favoritas ao título da Copa, mas passava longe da grande seleção da época: a Holanda de Cruyff e Rinus Michels, inovadora com seu Futebol Total e uma movimentação constante de seus atletas. Os Laranjas, claro, destroçaram seus rivais e conseguiram chegar à final. Os alemães também, mas jogando o suficiente e contanto com ótimas defesas de Maier, principalmente na segunda fase, quando o goleiro foi um dos heróis da classificação alemã para a final ao parar de todas as maneiras possíveis o fortíssimo ataque da Polônia, que não conseguiu furar a meta alemã e foi derrotada por 1 a 0.

Maier costumava ser calmo, mas assustava os rivais quando queria. Neeskens que o diga!

Na grande final da Copa, disputada no estádio Olímpico de Munique, todos pensavam que a Holanda faria mais uma vítima quando Neeskens abriu o placar para os holandeses, de pênalti, com apenas dois minutos de jogo. Mas aí a força do futebol alemão, sua frieza e sua competitividade deram as caras. A equipe comandada por Helmut Schön não deixou os Laranjas praticarem seu futebol ágil e equilibraram as ações até conseguirem o empate, também de pênalti, aos 25´do primeiro tempo. Berti Vogts, que tinha a ingrata tarefa de marcar o astro holandês Johan Cruyff, cumpria sua missão de maneira perfeita e facilitava as coisas para Maier lá atrás. No final do primeiro tempo, o próprio Maier iniciou a jogada que culminaria no gol do título alemão. Ao recolocar a bola em jogo, o goleiro lançou Grabowski, que tabelou com Hoeness e mandou para Bonhof. O meia entrou na área e deixou para Gerd Müller fazer o segundo: 2 a 1. No segundo tempo, a Holanda ainda tentou empatar e virar, mas Sepp Maier foi simplesmente absoluto, defendeu vários chutes dos rivais e conseguiu anular todos os cruzamentos que tentaram perturbar a defesa alemã.

Beckenbauer e Sepp Maier: amigos e campeões do mundo.

Ao final do jogo, a glória máxima da carreira de Maier estava consolidada: o goleiro era campeão do mundo e, de quebra, eleito o melhor goleiro da Copa e um dos integrantes do All-Star Team do mundial. A festa em Munique foi enorme e coroou um trabalho exemplar da comissão técnica alemã e de uma geração de craques marcantes.

Rei da Europa e brincalhão até na crise

O goleiro bávaro posa com a taça do Mundial Interclubes de 1976.

Em 1975 e 1976, Maier conseguiu dar voos ainda maiores com seu Bayern. Sem chances de conseguir o título nacional, a equipe faturou mais duas Ligas dos Campeões da UEFA após triunfos sobre o Leeds United-ING (2 a 0) e Saint-Étienne-FRA (1 a 0) respectivamente. Descontando a primeira final contra o Atlético de Madrid, em 1974, Maier conseguiu a proeza de não levar gols nas três decisões vencidas pelo Bayern na época. Em 1976, o goleiro voltou a não levar gols nas finais do Mundial Interclubes, vencido pelo Bayern sobre o Cruzeiro-BRA após vitória na Alemanha por 2 a 0 e empate sem gols no Brasil.
Em 1975, o goleiro mostrou seu lado divertido até nos momentos difíceis. Naquele ano, o Bayern fez uma campanha terrível no Campeonato Alemão e terminou apenas na 10ª posição, isso depois de frequentar a zona de rebaixamento. E foi nessa época que Maier se mostrou corajoso e único ao enfrentar a imprensa em uma coletiva. Na hora da entrevista, ele lançou a pérola:
“Enviamos um ofício para a Federação Alemã pedindo que nossos adversários joguem com um a menos. Quem sabe assim pare de sobrar um atacante livre na minha frente!”
As risadas dominaram a sala e o goleiro mostrou que nem uma crise podia abalar seu humor, sempre em alta e contagiante.

Vacas magras e a derrota no “dia de Panenka”
Depois do tricampeonato europeu com o Bayern em 1976, Maier viu a boa fase do clube bávaro terminar. A equipe não conseguiu mais títulos naquele final de anos 70 e teria que esperar os anos 80 por uma nova safra de bons jogadores. Ainda em 1976, Maier teve a chance de ser bicampeão europeu pela Alemanha, mas perdeu a decisão para a Tchecoslováquia em um jogo emblemático. A partida terminou empatada em 2 a 2 com o gol de empate alemão marcado por Hölzenbein no penúltimo minuto do segundo tempo. Após 30 minutos de prorrogação, a partida foi para os pênaltis. Na marca da cal, todos os cobradores foram acertando seus pênaltis até Hoeness desperdiçar seu chute pelo lado alemão. Na última cobrança tcheca, Antonín Panenka foi para a bola, não se intimidou com a cara de mau de Sepp Maier e bateu de cavadinha, marcando um golaço antológico. O resultado de 5 a 3 deu a taça para a Tchecoslováquia e Maier ficou marcado por muitos anos pelo fato de ter levado o gol de Panenka, que virou até sinônimo de golaço de pênalti, além de inspirar muitos outros batedores como Gianluca Vialli, Djalminha, Sebastián “Loco” Abreu e Andrea Pirlo.

Recordes, última Copa e fim precoce
Depois da derrota na Euro, Sepp Maier seguiu absoluto na seleção alemã e viajou até a Argentina para a disputa de sua quarta Copa do Mundo, a terceira como goleiro titular. A Alemanha estava bem mais fraca e não almejava grandes coisas no mundial, mas o goleiro conseguiu escrever seu nome na história ao ficar 475 minutos sem levar gols em Copas, façanha que começou na final de 1974 e durou até a quinta partida alemã na Copa de 1978. Maier permaneceu invicto no empate em 0 a 0 com a Polônia, na vitória por 6 a 0 sobre o México e nos dois empates sem gols contra Tunísia e Itália. A Holanda foi a responsável por encerrar a invencibilidade de Maier em mundiais no empate em 2 a 2 entre as seleções finalistas de 1974, resultado que acabou com as pretensões germânicas de classificação. Aquela foi a última Copa da carreira do goleiro alemão.
Em 1979, Maier chegou aos 95 jogos pela seleção, o que fez dele o goleiro com mais jogos disputados na história da Alemanha. Além disso, o craque chegou aos 442 jogos seguidos (473 no total) na Bundesliga, de 1966 até 1979, um recorde inigualável no país. Mas foi no ano dos recordes que Maier sofreu um grave acidente de carro que antecipou sua aposentadoria, aos 35 anos. O craque teve lesões no diafragma, costelas, clavícula, braço, pulmão e ainda uma comoção cerebral. A gravidade do acidente não deixou Maier cumprir sua promessa de jogar pelo Bayern “até fazer Beckenbauer e Gerd Müller terem que lhe empurrar ao gramado de cadeira de rodas”. A aposentadoria forçada não abalou o craque, que investiu na carreira de escritor e seguiu no mundo do esporte com uma escolinha de tênis e como preparador de goleiros da seleção alemã (1987-2004) e do Bayern (1994-2008). Foi nesse período que Maier ajudou na formação e lapidação de Oliver Kahn, outro gigante do futebol alemão que também marcou época debaixo das traves com igual ou superior talento de seu mestre.

Maier (à esq.) e seu pupilo Oliver Kahn: ambos são os maiores goleiros da história do futebol alemão.

Patrimônio alemão

Como preparador de goleiros, Maier foi campeão do mundo em 1990.

A carreira de Sepp Maier foi um exemplo de talento, força de vontade, disciplina e espírito vencedor e esportivo. O goleiro foi um dos maiores de todos os tempos, foi fiel a um só clube por toda carreira e ainda transformou a camisa número 1 da seleção alemã em sinônimo de goleiro seguro, soberano e absoluto. Além de tudo isso, Maier foi ídolo de um país inteiro, de amigos, jogadores e responsável direto pela glória germânica na Copa do Mundo de 1974. Com bom humor, praticamente todos os títulos possíveis para um jogador e uma coleção de defesas espetaculares, Sepp Maier foi e será para sempre um craque maiúsculo. E imortal.

Extras:

Números de destaque:
Disputou 95 jogos pela seleção alemã com 56 vitórias, 26 empates e 13 derrotas. Aproveitamento de 72,63%.
Sepp Maier não levou gols em 38 dos 95 jogos disputados pela seleção alemã.
Disputou 473 jogos de Bundesliga pelo Bayern München.

Curiosidades:
Em 15 maio de 1976, durante um jogo do Bayern contra o Bochum, Maier avistou um pato no campo e, mesmo com seu time tendo um pênalti a favor, encontrou tempo para tentar agarrar o bicho com seus habituais pulos. O pato foi mais arisco que o goleiro e conseguiu escapar das “garras do gato”…
Maier foi um dos primeiros goleiros de seu tempo a utilizar luvas de borracha.
Mesmo brincalhão, Maier causava espanto nos colegas quando ficava bravo. “era a transformação do anjo em demônio”, como lembrou certa vez o zagueiro Schwarzenbeck.

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