quarta-feira, 30 de novembro de 2016

O que sabemos (e o que é importante descobrir) sobre a tragédia da Chapecoense


autor ; MARCELO MOURA- Revista época

As caixas-pretas, encontradas em perfeito estado, poderão responder se o avião, que levava o time da Chapecoense, caiu por falta de combustível


Equipes trabalham em Amatrice para resgatar corpos do avião que levava o time da Chapecoense (Foto:  RAUL ARBOLEDA/AFP)
ACIDENTE
O avião do voo 2933 da companhia de fretamento aéreo LaMia
decolou de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, às 20h18 (no horário de Brasília) do dia 28, com 77 pessoas. Caiu a cerca de 17 quilômetros do ponto de chegada – o aeroporto de Medellín, na Colômbia –, quatro horas depois.
VÍTIMAS
Seis pessoas sobreviveram: o jornalista Rafael Henzel, os jogadores Alan Luciano Ruschel, Jackson Ragnar Follmann e Hélio Hermito Zampier Neto, mais os tripulantes Ximena Suárez e Erwin Tumiri. O goleiro Marcos Danilo Padilha morreu no hospital. Leia aqui a descrição dos mortos e sobreviventes. Leia aqui um relato mais detalhado da tragédia. 


RESGATE
Os corpos foram encontrados em um raio de 100 metros – a maioria junto à fuselagem. Não havia cheiro de combustível nem sinais de incêndio. As duas caixas-pretas foram encontradas em perfeitas condições.


POSSÍVEL CAUSA DO ACIDENTE
Miguel Quiroga, piloto do avião, disse à torre de controle que enfrentava “problema de combustível” e falhas de eletricidade, instantes antes da tragédia. (Leia mais detalhes aqui). Pediu prioridade para pousar, mas não pode ser prontamente atendido porque outra aeronave, um Airbus A320 da companhia VivaColombia, já estava em emergência.

Sobreviventes disseram que as luzes internas do avião se apagarampouco antes do acidente. A queda de luz é coerente com a falta de combustível, pois a eletricidade é gerada pelos motores do avião. A equipe de resgate disse que entre os destroços não havia cheiro de combustível nem peças com marcas de incêndio. 

Segundo o site FlightRadar24, especializado em monitorar o deslocamento de aviões, antes de sumir do radar, a aeronave voou 2.975 quilômetros. É mais do que a autonomia oficial desse modelo de avião, um Avro RJ85: 2.964 quilômetros. 
Gustavo Vargas, diretor da Lamia, disse que o plano de voo previa a possibilidade de reabastecer em duas cidades. No entanto, o comandante optou por fazer um voo sem escalas.

POR QUE A FALTA DE COMBUSTÍVEL É SÓ UMA HIPÓTESE
Faltam informações específicas do avião acidentado. A transcrição das duas caixas pretas e a divulgação dos livros de manutenção trarão maior conhecimento da aeronava. Alguns modelos do Avro RJ85 são equipados com tanques de combustível adicionais, que elevam a autonomia para 3.500 quilômetros — suficientes para a viagem pretendida pelo time da Chapecoense.

Mesmo o avião padrão pode voar mais do que a autonomia declarada de 2.964 quilômetros. Trata-se de um valor de referência, sujeito a variações — para mais ou para menos — conforme as condições climáticas, manutenção dos motores, a carga embarcada e o estilo de pilotagem. A apuração oficial das causas do acidente pode levar meses. 
 
Dados do voo 2933 da Lamie, no site especializado FilghtRadar24. Quando sumiu, o avião parecia lento demais (Foto: Reprodução/FightRadar24)


 

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