sábado, 21 de dezembro de 2019

Liverpool x Flamengo: a tão esperada final do Mundial de Clubes 2019

Ingleses e brasileiros medem forças pela segunda vez na história em busca do título máximo do futebol internacional; se do lado sul-americano a força máxima no esquema tático de Jorge Jesus está presente, no lado de Jürgen Klopp há desfalques consideráveis


Chegou o grande momento! Liverpool e Flamengo fazem a final do Mundial de Clubes a partir das 14h30 (20h30 no horário local) deste sábado (21). O palco da decisão é o Khalifa International Stadium, em Doha, no Catar. Os ingleses chegaram até aqui após eliminar os mexicanos do Monterrey na semi. Já os brasileiros conquistaram a vaga por despacharem os sauditas do Al-Hilal na outra semi. E como toda finalíssima, muita coisa está em jogo.
Os Reds chegaram ao Mundial por vencerem a UEFA Champions League 2018-19, e o Rubro-Negro por ser campeão da Libertadores. Assim, o embate entre um europeu e um sul-americano acontece pela quinta vez nesse formato atual da Fifa, que ocorre desde 2005. No entanto, contando o extinto Interclubes, criado em 1960, esta será a quarta final de Mundial do Liverpool, e o clube inglês ainda não tem esse título em sua galeria. Perdeu para o próprio Flamengo em 1981 — na única edição disputada pelo time carioca —, para o Independiente (ARG) em 1984 e para o São Paulo em 2005.

Em dezembro de 81...

[Trecho de Taynã Melo à VAVEL; matéria completa aqui]
Como efusivamente canta a torcida do Flamengo, "em dezembro de 1981, pôs os ingleses na roda". Porém, vale ressaltar que, em 1977, o Liverpool desistiu de disputar o Interclubes. Vice-campeão europeu, o Borussia Mönchengladbach, da Alemanha, encarou o Boca Juniors, que venceu por 5 a 2 no placar agregado – na época, as finais eram realizadas em dois jogos. No ano seguinte, os Reds venceram a Uefa Champions League novamente e o Boca faturou a Libertadores da América, mas a falta de datas disponíveis impediu que o jogo acontecesse.
Aí veio a decisão do torneio europeu em 1981, quando o Liverpool venceu o Real Madrid por 1 a 0 no Santiago Bernabéu, em Madrid, na Espanha. Desta vez, houve data disponível e o adversário foi o Flamengo.
Foto: Reprodução / Fifa
Zico na final de 1981 (Foto: Reprodução / Fifa)
Regidos por Zico, os rubro-negros mantiveram o embalo da conquista da Libertadores da América e do Campeonato Carioca naquele ano para manter a mesma pegada. Com um time inesquecível para o torcedor e um primeiro tempo avassalador, o Mengão foi campeão do mundo no outro lado do planeta. No Estádio Olímpico de Tóquio, na capital do Japão, a vitória foi com classe: 3 a 0 no primeiro tempo, com gols de Nunes (duas vezes) e Adílio, além da participação do Galinho de Quintino nos três tentos. Ao fim do jogo, o camisa 10 foi premiado como o craque do jogo.
Será que existe um gostinho de revanche devido ao confronto com o mesmo Flamengo em 1981? Não! O objetivo máximo da equipe de Jürgen Klopp é vencer a Premier League. O Mundial é apenas um "torneio" que precisa ser disputado, mesmo que seja no meio da temporada europeia. Mas para os cariocas, este é o jogo da vida!

Uma final à vera?

Na coletiva pós-vitória sobre o Al-Hilal, o treinador e ídolo flamenguista Jorge Jesus não escondeu a importância de decisão de logo mais. Para o português, será a final mais importante de sua carreira.
"Estamos em um patamar superior, como o Bruno Henrique diz. Claro que é o jogo mais importante da minha carreira, assim como do outro treinador que for à final. É a cereja em cima do bolo na temporada que o Flamengo fez. É a final mais importante da minha carreira", disse o técnico português.
De fato, um campeão europeu não encara o Mundial de Clubes com a mesma importância que um sul-americano. Numa equipe que já conquistou o velho continente na temporada 2018-19 e busca o título inédito do Campeonato Inglês sob a nomenclatura de Premier League, é óbvio que um campeonato criado em 2000 pela Fifa não terá o mesmo orgulho para o torcedor vermelho. Mas Jürgen Klopp não concorda muito com isso.
"Estamos aqui e nós queremos ganhar a competição, mesmo sabendo que vai ser muito difícil porque o nosso oponente é muito bom. Eu quero mudar o ponto de vista de que vencer na Europa é melhor. O torcedor do Liverpool quer que a gente vença. Você viu como o Monterrey lutou na partida, quanto insistiu e amanhã vai ser maior. Para nós é especialíssimo", falou o treinador alemão na coletiva desta sexta (20).

Como chegam os finalistas?

Liverpool Football Club

Imagem: Reprodução / Fifa
Arte: Reprodução / Fifa
A equipe inglesa poupou sete titulares no time inicial contra o Monterrey, mas deve aparecer com a atual força máxima na decisão, já que tem Matip (zagueiro), Lovren (zagueiro) e Fabinho (volante) na lista de desfalques e sequer viajaram a Doha. Não utilizado na semifinal, o melhor zagueiro do mundo, o holandês Virgil van Dijk, ainda é dúvida, mesmo status do meio-campista conterrâneo Wijnaldum.
Assim, o esquema tático de jogo dos Reds é o já padronizado por Jürgen Klopp: linhas altas no campo de defesa do adversário e grande participação dos laterais Robertson e Alexander-Arnold nas inversões de jogadas buscando verticalizar os ataques para Salah e Mané, ou até entre os próprios laterais. Sem a posse de bola, a marcação é sedenta por retomada da mesma, o que cria espaços para lançamentos ligeiros e contra-ataques do oponente nas costas da linha de defesa.

Provável escalação do Liverpool (4-1-2-3): Alisson; Robertson, Joe Gomez, Van Dijk e Alexander-Arnold; Henderson, Milner e Naby Keita; Mané, Salah e Firmino.

Clube de Regatas do Flamengo

Imagem: Reprodução / Fifa
Arte: Reprodução / Fifa
Se do lado europeu há grandes e consideráveis desfalques no sistema defensivo titular, no lado brasileiro, existem mil maravilhas. Único fator que merece uma certa atença é com o veterano lateral-esquerdo Filipe Luís, que não está 100% fisicamente devido á sequência de jogos. Mais para frente da formação tática, Gerson é o único do grupo que está passando por um momento de queda.
O meio-campista — apelidado de "Coringa" — não fez boa atuação contra  o River Plate na final da Libertadores e nem na semi deste Mundial frente ao Al-Hilal. Mas há males que vêm para o bem. Não ter Gerson no ápice significa espaço para Diego Ribas ressurgir. É ele quem deu conta do recado tanto na decisão continental quanto na partida com os sauditas. Porém, atenção:
Com gols sofridos antes dos 20 minutos do primeiro tempo contra River Plate e Al-Hilal, o Flamengo tem o que corrigir na defesa. Justamente do lado de Filipe Luís é onde os adversários têm mais sucessos. Muito disso se dá pela participação do lateral no ataque, construindo jogadas atuando na digonal para o meio do campo, assim abrindo espaço para tomar bola nas costas.

Provável escalação do Flamengo (4-1-3-2): Diego Alves; Rafinha, Pablo Marí, Rodrigo Caio e Filipe Luís; Willian Arão, Gerson, Everton Ribeiro e Arrascaeta; Bruno Henrique e Gabigol.

Arrascaeta, Gabigol e Bruno Henrique vs. Mané, Salah e Firmino

[Trecho de Lucas Sousa à VAVEL; matéria completa aqui]
Em destaque entre os dois times encontram-se os trios principais de ataque. De um lado: Arrascaeta, Gabigol e Bruno Henrique, o trio flamenguista tem um ataque espetacular e é responsável por mais da metade dos gols cariocas no ano — 96 gols dos 150 marcados pelo Fla saíram dos pés do trio. Oposto a isso, encontram-se: Mané, Salah e Firmino — os "três amigos", como foram apelidados — têm um total de 66 gols em 2019 — Mané (30), Salah (24), Firmino (12). Confira os números de cada trio:

Trio brasileiro:

JogadorJogosGolsMédia
Arrascaeta51180,35
Bruno Henrique61350,57
Gabigol58430,74

Os três principais jogadores do Mais Querido chegaram na Gávea este ano e logo se destacaram. Ao todo foram 96 gols — do total de 150 marcados pelo time — em 61 partidas. Uma média de mais de um gol por jogo (1,57).

Trio inglês:

JogadorJogosGolsMédia
Firmino47120,25
Salah48240,5
Mané49300,61

No Liverpool, o trio SFM joga junto há um bom tempo, mas faz um ano aquém do esperado, principalmente Firmino. O atacante tem uma média de um gol a cada quatro jogos. No geral, a média dos três é de 1,34 gols por partida, sendo 66 gols marcados em 49 duelos.
Agora, resta saber qual plantel se dará no Oriente Médio. Seja ele qual for, tanto os comandados de Jesus quanto os ordenados por Klopp, já têm seus méritos pela conquista de seus respectivos continentes. 

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